O depoimento de Rupert Murdoch no Inquérito Leveson, na semana passada, foi acompanhado atentamente por investidores da News Corporation. Quando questionado por Robert Jay, conselheiro do Inquérito, se já tinha pedido a editores de seus jornais que publicassem matérias que promovessem interesses de seus outros negócios, Murdoch foi rápido em responder que não tinha “outros interesses de negócios”.
A afirmação pode ter surpreendido os investidores da News Corp, grupo midiático avaliado em US$ 48 bilhões (em torno de R$ 90 bilhões) no qual os jornais, hoje, desempenham papel financeiro marginal. Os veículos impressos de Murdoch passaram de 90% da receita operacional, nos anos 80, para 11% em 2010.
O Inquérito Leveson foi aberto a pedido do primeiro-ministro britânico, David Cameron, para investigar os padrões éticos da imprensa no Reino Unido, depois do escândalo dos grampos telefônicos ilegais no tabloide News of the World, do grupo de Murdoch. Em seu depoimento, o empresário manteve o discurso de defesa da News Corp e alegou que ele e os altos executivos do grupo nunca souberam dos grampos no tabloide – que acabou sendo fechado no ano passado. Ele admitiu ter falhado em lidar com o escândalo e disse que o escândalo que trouxe tanto problema para o grupo foi uma mancha em sua reputação – acrescentando que reputação é um bem comercial vital.
BSkyB investigada
Curiosamente, na semana passada o risco de dano à News Corp foi reforçado por informações de que o Ofcom, órgão que regula o setor de telecomunicações no Reino Unido, havia avançado na investigação para descobrir se a empresa de TV por satélite BSkyB – assim como seus funcionários e proprietários, incluindo o filho de Murdoch, James, e a News Corp – continua a apta a ter uma licença de transmissão no país. No pior cenário, o órgão regulador poderia forçar a News Corp a vender tudo ou parte dos 39,1% de ações que possui da empresa, que agora valem mais de US$ 7 bilhões (em torno de R$ 13 bilhões).
Quando questionado se manter padrões éticos nos jornais custa dinheiro, Murdoch disse que não custa praticamenten nada comparado ao que está sendo gasto com os escândalos que atingiram seu grupo de mídia. Informações de Andrew Edgecliffe-Johnson [Financial Times, 27/4/12].
Leia também