Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Sindicato processará Dines por
desrespeito à dignidade humana

Ao contrário do que diz Alberto Dines, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal não vai acioná-lo na Justiça por ‘crime de opinião’, mas, sim, pelo fato de ter cometido os delitos de injúria, calúnia e difamação em seus ataques contra nós (Diretoria do Sindicato) e contra uma importante parcela da categoria que representamos – os assessores de imprensa.


Opinião política é uma coisa; xingamentos e ataques contra a honra e a dignidade da pessoa humana são coisas completamente diferentes.


Jornalistas não são cidadãos mais iguais que os outros. Jornalistas não têm imunidade especial, não podem descumprir suas obrigações sociais nem invocar a liberdade de expressão para ficar acima da lei.


Desde o dia 15 de agosto, quando iniciou suas críticas à iniciativa de nosso sindicato de organizar uma manifestação de solidariedade aos povos libanês e palestino, não tem havido ‘debate público’ a respeito da invasão do Líbano por parte de Israel, o assunto que deveria ser o centro de nossa discussão. Desde então, Alberto Dines tem preferido desfechar comentários injuriosos, caluniosos e difamatórios sobre o sindicato e sobre os assessores de imprensa. É por essa razão, e não por outra, que ele será democraticamente convidado a prestar contas perante a Justiça.


No dia 22 de agosto, o editor do Observatório da Imprensa arrastou as notas trocadas entre Dines e o sindicato da seção Circo da Notícia, onde haviam sido colocadas originalmente, para a seção Jornal de Debates. Essa operação não muda a essência do que afirmamos no parágrafo anterior.


Desde que elegeu o jornalista Carlos Castello Branco como presidente, em 1977, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal tem defendido de maneira intransigente a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão. Lutamos contra a censura e a ditadura militar. Temos compromissos com o pluralismo político, expresso na composição heterogênea de nossa diretoria. Sabemos distinguir um debate público de uma enxurrada de impropérios gratuitos, mal-educados, que obviamente atentam contra o Código de Ética dos jornalistas brasileiros.


Buscar a Justiça para reparar prejuízos morais e restituir a dignidade de uma parcela da categoria que representamos não tolhe o debate nem, muito menos, sufoca o contraditório. No máximo, talvez fira os interesses corporativos de alguns jornalistas que almejam um posto acima do bem e do mal.


Incomodado com a nossa posição sobre a guerra injusta e desproporcional desferida pelas forças armadas de Israel contra o povo do Líbano, o observador crítico Alberto Dines não usou seu talento de 54 anos de jornalismo para esclarecer os fatos que estão ocorrendo no Oriente Médio. Dines optou por vilipendiar o SJPDF e os assessores de imprensa que a entidade representa.


Eis uma amostra das afirmações de Alberto Dines contra nós, retiradas das notas disponíveis na página eletrônica do Observatório da Imprensa:


1) O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal ‘comporta-se como entidade dos assessores de imprensa, portanto livre dos compromissos jornalísticos elementares’.


2) ‘Os pelegos que emitiram a nota em nome do SJPDF desconhecem (os) princípios elementares de uma profissão que não lhes é familiar, treinados apenas para funcionar como sanguessugas dos sanguessugas do Congresso. Ou mensaleiros dos mensaleiros da Capital Federal’.


3) ‘…não conseguiram argumentos para explicar a súbita transformação de uma agremiação sindical de jornalistas num grupo de militância política, a serviço de interesses estrangeiros voltados para a disseminação do ódio e dos preconceitos entre brasileiros’.


4) ‘Os pelegos brasilienses cuspiram para o alto e sujaram as respectivas carecas e perucas. Estão acostumados, não se importam’.


5) ‘O negócio dos assessores-lobistas é bajular os donos do status quo e denegrir aqueles que desmascaram os bastidores do poder’.


6) ‘Agora – mesmo desagradando seus patrocinadores iranianos – já reconhecem a existência de Israel. É um avanço’.


7) ‘O stalinismo da diretoria da entidade não conseguiu manter-se enrustido. Desafiado por um jornalista que escreve o que pensa, sacou a pistola e soltou os cachorros do preconceito e da perfídia’.


8) (O SJPDF) ‘Ressuscita a velha tradição totalitária dos sindicatos fascistas italianos no momento em que alguém ousa questionar o seu ‘centralismo democrático’ e revela suas escusas jogadas políticas’.


9) ‘Polêmica não é com a diretoria do SJPDF, simplesmente porque esta transformou a agremiação de jornalistas da capital federal (teoricamente a vanguarda da elite pensante do país) num lobby político, mesquinho grupo de pressão para favorecer interesses e jogadas – do sistema chinês de TV digital aos interesses sírio-iranianos para disseminar o ódio aos judeus em todos os quadrantes do mundo’.


10) ‘Em todas as peças desta polêmica assimétrica, o poderoso SJPDF não conseguiu esconder a peçonha antijudaica que o move ao tentar silenciar a consciência e a voz de um jornalista isolado’.


Essa amostra das ‘opiniões’ de Alberto Dines mostram que é muito difícil debater com ele. É difícil, mas não impossível, certamente. Fizemos um primeiro convite para o debate, rechaçado por Dines sob o argumento de que não temos ‘autoridade moral, intelectual’ nem ‘as qualificações humanas para iniciar uma empreitada destinada a desarmar os espíritos e promover a paz’.


Mesmo espantados com julgamento tão peremptório, que tenta nos reduzir à animalidade, reiteramos o convite: estamos dispostos a debater a situação do Oriente Médio com Dines no fórum e na hora que ele escolher.


Para que haja clima mais ameno para o debate, talvez fosse conveniente que o nosso observador parasse de nos acusar de disseminar ‘o ódio aos judeus’ quando condenamos os crimes de guerra do governo israelense, como, acaba de fazer a Anistia Internacional em circunstanciado relatório veiculado nessa terça-feira, dia 22 de agosto.


Repudiamos essa acusação monstruosa de anti-semitismo, um tipo especial de chantagem ideológica, sempre acionado por quem defende de maneira cega os interesses bélicos do governo israelense. Não estamos dizendo que esse seja, necessariamente, o caso de Dines, que se proclama um jornalista imparcial.


Longe de nós a pretensão de silenciar Alberto Dines, que tantos serviços já prestou ao jornalismo e ao Brasil. Vivemos numa democracia republicana, muito imperfeita, mas nela temos o direito de expressar livremente as nossas opiniões. Há limites, porém, e o principal deles é o respeito à dignidade da pessoa humana, o terceiro fundamento constitucional de nosso País. O jornalista que ultrapassa tal limite não deve e não pode fugir de suas responsabilidades. É a nossa opinião.


 

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* Presidente do SJPDF.Também assinam os integrantes da Diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal: Antonio Carlos Queiroz, Paulo Miranda, Ivan Godoy, Eduardo Ramos, Leonor Soares Costa, Edgard Tavares, Francisco de Assis, Dida Sampaio, Givaldo Barbosa, Renato Araújo, Ari Filgueira Silva, Walmor Parente, Myrian Luiz Alves, Lincoln Macário, Demerval Fernandes Dantas, Marcelo Ramos, Luiz Augusto Soares Gomes, Edson Gês, Espedito Mangueira de Lima, Welton Trindade, Dorgil Marinho, Maria Inês Ulhôa, Beto Seabra, Abnor Gondim, Rubem Azevedo Lima, Paulo José Cunha, Fernando Paulino, Roosevelt Pinheiro, Paulo Roberto Cardoso de Miranda, Fernando Lopes, Venício Artur de Lima, Dioclécio Luz, José d´Arrochela, Mara Régia, Beto Almeida, Nilo Bairros, Jozafá Dantas, Marcos André Cerino de Lima.