A crítica à festa do Lula é coisa de desocupado. O terrível é se o Lula permitir que alguém coloque uma coroa na sua cabeça como fez FHC na Inglaterra. Lembrou a piada do humorista Sérgio Porto sobre festa de aniversário para adulto (fica com cara de babaca).
Sílvio Miguel Gomes, escrivão, Olímpia, SP
Fala sério digo eu
Nem sei por onde começar a falar mal de Danuza Leão, esnobe que faz parte dessa elite que explora esse país há séculos e pensa que é inglesa. Pois saiba ela que não existe nada mais sofisticado do que valorizar a própria cultura e que nos ditos países civilizados isso chega às raias do chauvinismo explícito. Onde alguém já viu por exemplo americano dizer que qualquer coisa que não fosse deles presta? E quando presta foi inspirado neles ou cópia deles.
Além do mais, o que ela realmente pretendeu dizer com isso: ‘Mas que não é exatamente a imagem a ser exportada para os grandes estadistas do mundo…’? Fala sério, digo eu… que estadistas? G.W. Bush, que matou mais de 40 mil iraquianos? Que autorizou o uso de tortura? A prisão sem acusação formal? Putin, que arrasou a Chechênia a ponto de imagens de satélite mostrarem escombros onde antes havia uma cidade? Tony Blair? É essa gente que a colunista tanto admira pela elegância, postura, o fino trato? É a eles que quer dar satisfações e dos quais quer importar os ‘ bons modos’? Perto deles os bárbaros ficariam horrorizados. Foi o culto e sofisticado FHC, de quem sente tantas saudades, que deixou de lembrança um desemprego recorde, uma dívida monstruosa e um caos social sem precedentes na história do país e, provavelmente (pelo volume de mortos diários na guerra urbana que ele criou com a maestria de um filho da Sorbonne), sem paralelos na história recente do mundo, mesmo o ‘não-civilizado’.
Portanto, ao menos pense antes de escrever bobagens. Civilidade não se mede pelo corte fino das roupas ou pela qualidade da champagne servida. Há muito mais civilidade e sofisticação nas pessoas que prezam uma boa festa junina do que naquelas que querem fingir serem americanas indo a festas de do ‘Dia das Bruxas’ em plena São Paulo. Em tempo: foi o dito Jeca Itamar que impediu a venda/doação da Cemig que o culto FHC pretendia, o mesmo que levou o país ao apagão e as pessoas à privação de conforto. Algo que Itamar, o dito caipira, impediu que Minas sofresse na mesma proporção em que os ‘sofisticados’ paulistanos sofreram. Acho que isso diz tudo, não é mesmo?
Luiz Matos, Belo Horizonte
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PLANO BLABLABLÁ
Enviei a carta abaixo à revista Veja, que não a publicou.
Xikito Affonso Ferreira, Salvador
Senhor editor:
Um mínimo de sentido de cidadania teria freado no Senado Federal o robusto impulso de pirraça demonstrado na votação do salário mínimo. É luxo que destoa da gravidade momento nacional.
Esse festivo desopilar reagindo ao petismo discurseiro da era tucana está sendo a burca (tecido que cobre a cabeça da mulher afegã e que inclui uma tela na altura dos olhos) brasileira. Nossa burca impede-nos atentar para o fato de que ninguém é profeta na própria terra. É o que se pode ler na Bíblia ou extrair de uma comparação de Veja (23/6/04) com The Economist (edição 18/6/04). Numa mesma semana estrangeiros aplaudem brasileiros e nós nos sabotamos. Os ingleses saúdam a política externa de Lula, consideram-no liderança no G20, capaz de diálogo com os Estados Unidos e influência decisiva no processo político venezuelano.
Enquanto isso Veja se junta ao coro do mau humor nacional (regido por Danuza Leão). Lula fez muito bem de mencionar o Plano Marshall, tradicional símbolo da solidariedade internacional, cujos detalhes não vêm ao caso. Afinal Bush anda precisado de simpatia das nações e o Brasil de que o Primeiro Mundo se auto-aplique, como dizia Mario Covas, um choque de capitalismo capaz de erodir barreiras tarifárias.
CASO CELSO DANIEL
Observem como é curioso que apenas o site do Estadão (www.estadao.com.br) publicou a notícia da decretação da prisão preventiva de supostos envolvidos no caso Celso Daniel em Santo André, SP, em 24/6/2004.
Franklin Goulart, consultor de sistemas, Santo André, SP
COMUNICAÇÃO DE GOVERNO
Amigos, primeiro, não entendi o que é que um jornalista da Abril teria a ensinar de ‘Comunicação de Governo’ à Secretaria de etc. etc. da etc. etc., a ponto de ser convidado para ‘proferir palestra’ (já é ruim) em curso de atualização em etc. etc., em Brasília. Se eu fosse o ministro Gushiken, preferiria aprender com uma mãe-de-santo, ou com o tarô, a aprender comunicação com o micróbio. Segundo, não pude sequer ler todo o texto assinado pelo Sr. Sidnei Basile, porque, fiel a um juramento que me fiz, há algum tempo, não leio – absolutamente não leio, paro de ler – todo e qualquer material escrito no qual eu tropece em frases como: ‘Explicitar a dificuldade do escopo desta análise não implica recusa à sua compreensão.’
Decidi, definitivamente, que quem não saiba administrar todos os riscos que se escondem na palavra ‘sua’, na palavra ‘recusa’ e na palavra ‘compreensão’… não é jornalista e não escreve; portanto, eu não leio. Acho que ninguém precisa preocupar-se muito com ‘agendas’: a Veja e a Folha de S.Paulo escrevem e publicam o que querem e quando querem, faça o governo Lula o que fizer ou faça o contrário. E o Diogo Mainardi e o Fernando Rodrigues, depois, ‘explicam’ tudo – a quem leia aquele bobajol autista –, como lhes dê nas telhas deles.
Caia Fittipaldi, lingüista, São Paulo