A competição entre emissoras de televisão é sempre acirrada. Ou melhor, quase sempre. Quando o assunto é a cobertura da guerra do Iraque e a segurança de seus correspondentes, produtores, âncoras e cinegrafistas no país, a competição ganha uma trégua.
Nos últimos meses, desde que terroristas aumentaram seus ataques a bomba e seqüestros com alvo em americanos, redes como ABC, NBC, CBS, Fox News, CNN e MSNBC passaram a compartilhar informações de segurança.
Toda quinta-feira, executivos de mídia, chefes de sucursais e oficiais de segurança trocam informações sobre os últimos acontecimentos e novidades.
‘Essa é uma daquelas áreas onde todos nós decidimos que a competição está fora da janela’, afirma Marcy McGinnis, chefe de notícias da CBS. ‘Estamos todos juntos, e todos querem se ajudar’.
Com a proximidade da transição de governo, em 30/6, as emissoras planejam aumentar suas equipes e mandar mais âncoras para cobrir a ocasião. Em uma situação como esta, diz Peter Johnson [USA Today, 21/6/04], a troca de informações entre as equipes pode salvar vidas.
‘Segurança é a nossa grande preocupação’, enfatiza o executivo Paul Slavin, da ABC News, que planeja enviar para o Iraque, nos próximos dias, o âncora Peter Jennings, do programa World News Tonight. ‘Quanto maior o passo que você dá, mais perigoso é’, diz Slavin.
A CBS anunciou que vai mandar Dan Rather a Bagdá para a transição. Rather ‘esteve diversas vezes em grandes acontecimentos mundiais desde o começo de sua carreira. Ele realmente quer ir’, afirma Marcy.
Americanos se afastam
Segundo uma pesquisa realizada pelo Pew Research, a população americana está acompanhando com menor intensidade as notícias sobre o Iraque e ficando menos sensibilizada com os eventos noticiados. A pesquisa entrevistou 1.806 pessoas entre os dias três e 13 de junho. Destas, apenas 39% disseram acompanhar todos os acontecimentos – em abril, este número era 15 pontos maior; 35% dos entrevistados afirmaram que notam que seus conhecidos estão menos envolvidos emocionalmente com as notícias do Iraque – em maio, este índice chegava a 26 %.
Com a diminuição do interesse do público pelo país, as opiniões tornaram-se mais positivas para o lado dos EUA. Há um mês, no auge do escândalo das fotos de abusos de prisioneiros iraquianos em Abu Ghraib, 46% dos americanos entrevistados achavam que os militares estavam fazendo um bom trabalho. Agora, este número aumentou para 57%.
Slavin, da ABC News, não se diz surpreso com os resultados. ‘O público é muito receptivo a notícias boas e a notícias ruins. Mas quando as notícias não se adequam a nenhuma das duas categorias, ele simplesmente não presta atenção’, conclui.