Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Crítica interna

’18/08/06

A manchete da Folha é mais uma boa notícia na economia: ‘Acordos salariais batem inflação, diz Dieese’. No ‘Estado’, o destaque é o Oriente Médio: ‘Exército do Líbano volta ao sul; ONU recebe tropa’. E, no ‘Globo’, a campanha eleitoral: ‘TSE diz que candidatos fazem propaganda enganosa na TV’.

Eleições 2006

O ‘Globo’ tem uma longa entrevista com o presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello: ‘Muita gente se diz santo e não é’. Ele lamenta que não se possa usar o Código do Consumidor contra o que chama de propaganda enganosa.

Aliás, o ‘Globo’ está mais atento do que a Folha para as impropriedades e os deslizes despejados pelos candidatos no horário eleitoral gratuito. A Folha se limita a resumir os programas (‘Na TV, Alckmin pulveriza ataques a Lula’ e ‘No programa de petista, alvo é classe média’, pág. A10 da Edição SP).

Segundo o ‘Globo’, ‘Na TV, Lula utiliza números maquiados’ e ‘Alckmin ignora política de juros altos de FH’.

Falta a Folha começar a cobrir a disputa eleitoral pelo governo de São Paulo.

‘Dinheiro’

Acho estranho que uma notícia comum a todos os meios, e amplamente divulgada desde ontem, seja a abertura de uma coluna, como ocorre hoje com ‘Mercado Aberto’. O assunto – ‘´Spread´ gera atrito entre Febraban e Mantega’ – é a manchete do ‘Estado’. Imaginava que a coluna deveria ter como característica a publicação de informações exclusivas.

‘Cotidiano’

Desapareceu, na Edição SP, o resultado da pesquisa do IBGE divulgada ontem sobre os gastos dos governos estaduais em áreas como saúde, educação e segurança. Os números foram publicados parcialmente na Edição Nacional – ‘Estados ampliam gastos com segurança’, pág. C4. O jornal poderia ter aproveitado a oportunidade para aprofundar a discussão sobre política de segurança pública. Ajudaria os leitores a entenderem por que os turistas continuam sendo assaltados no Rio e organizações criminosas como o PCC continuam a agir em São Paulo.



17/8/06

Folha e ‘Globo’ deram destaque para a mais recente operação da Polícia Federal, a Dilúvio: ‘PF prende 97 acusados de fraude de R$ 500 milhões’ (Folha) e ‘PF desmantela máfia de fraude em importação’ (‘Globo’). O ‘Estado’ optou por anunciar a nova Medida Provisória do governo para forçar os bancos a reduzirem os juros: ‘Planalto finaliza MP para tentar baixar juro’. A nova MP é analisada no primeiro editorial da Folha, ‘Para crescer’.

As manchetes dos três grandes jornais mostram o governo federal em ação. As fotos na capa da Folha e em vários outros jornais mostram que a ação da PF teve cobertura da imprensa em tempo real.

A Folha mudou o desenho da Primeira Página da Edição SP para dar o devido destaque à vitória do Internacional: ‘Inter ganha pela primeira vez a Taça Libertadores’. Tem até pôster do campeão. Espero que a edição tenha chegado ao Rio Grande do Sul.

Eleições 2006

A cobertura eleitoral da Folha começa a tomar forma. A de hoje, baseada essencialmente nos programas eleitorais gratuitos e na posição dos dois principais candidatos a presidente em relação aos lucros dos bancos, me pareceu equilibrada.

O jornal ainda explora pouco seu papel de apontar e questionar, com conhecimento e independência, as bravatas, mentiras e meias-verdades dos candidatos. Assim, está mais bem feita a reportagem que questiona os programas dos dois candidatos a presidente – ‘Lula e Alckmin distorcem dados de governos em propagandas’, pág. A7 – do que a que trata dos candidatos ao governo estadual – ‘Serra liga ensino ruim a migrações e Mercadante o chama de preconceituoso’ , pág. A4.

Para saber se Serra falou besteira ou não e se foi preconceituoso, o jornal deveria ter priorizado os estudos sobre educação e migração (último parágrafo faz menção a um estudo) e ouvido especialistas. Seria uma contribuição de fato para a campanha e fugiria do caminho fácil, óbvio e sem conseqüência de valorizar tanto as aspas do adversário que, claro, sempre vai falar mal.

Avalio que a grande contribuição do jornal deveria ser em informações e conhecimentos, e não em bate-boca.

Acabamento

Os títulos dos novos colunões eleitorais da página A12 da Edição Nacional saíram com erros de hifenação e com estouro provavelmente provocados pela formatação errada dos títulos. Dois dos três títulos tinham problemas graves e não poderiam ter sido impressos como foram.



16/08/06

O ombudsman participa hoje de uma reunião sobre Mídia, Segurança Pública e Direitos Humanos no Centro de Estudos de Segurança e Cidadania. Por esta razão, hoje não haverá a Crítica Interna.



15/08/06

Hoje, excepcionalmente, não circulará a Crítica Interna do Ombudsman.



14/08/06

Os jornais ainda conseguiram imprimir, nas suas últimas rodagens, a notícia da libertação, de madrugada, do repórter Guilherme Portanova.

Folha – ‘Repórter da Globo é libertado após a exibição de vídeo’.

‘Estado’ – ‘Jornalista da TV Globo é solto pelo PCC’.

‘Globo’ – ‘Bandidos usam seqüestro para negociar privilégios – Repórter Guilherme Portanova é libertado no início da madrugada’.

As manchetes da Folha e do ‘Estado’ de hoje foram sobre o Oriente Médio: ‘Combates crescem antes de cessar-fogo no Líbano’ (Folha) e ‘Ataques crescem na véspera do cessar-fogo’ (‘Estado’).

Eleições 2006/Estados

A Folha trouxe no domingo uma extensa reportagem sobre a administração do governador Aécio Neves, candidato à reeleição – ‘Aécio maquiou os gastos com saúde no governo de MG’. O material me pareceu bem apurado, com amplo direito para as explicações do governo, e teve o merecido destaque na Primeira Página.

Na edição de hoje, o jornal traz um levantamento parcial do desempenho dos principais candidatos ao governo do Rio no Congresso – ‘Cabral faltou a 52% das votações no Senado’ (pág. A6). Como a reportagem de domingo, são informações relevantes para a formação da opinião do leitor em relação às candidaturas estaduais.

Até aí, ótimo. O que não consigo entender é por que o jornal não teve até agora as mesmas iniciativas em relação ao Estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país e, antes de tudo, sede da Folha e onde o jornal tem a maior parte de sua circulação. Embora se pretenda um jornal nacional, o principal foco da Folha deve ser São Paulo.

A lista de reportagens publicadas sábado, domingo e hoje mostra que a Folha ainda não começou a cobertura da eleição em São Paulo:

Sábado – ‘Serra e Alckmin desistem de agenda comum em SP’ (A14). Domingo – ‘Eleição em SP, RJ, MG e DF seria definida no 1º turno’ (sobre pesquisa do Ibope, pág. A17). Hoje – há uma pequena referência a Serra no meio do relato sobre a campanha de Alckmin (‘Seqüestro de jornalista é `político´, afirma Alckmin’, pág. A4), e há uma referência a Aloizio Mercadante no meio do texto ‘´Estrelas´ petistas fogem de holofotes’ (pág. A6).

Eleições 2006

O jornal começa a superar hoje, com a coluna de Mauro Paulino (‘Democracia e vontade de votar’, pág. A6), uma deficiência que marcou esta primeira fase da cobertura eleitoral, a falta de análise e reflexão.

Banco do Brasil

Em volume de dinheiro público perdido, a conta cobrada pelo TCU ao Banco do Brasil e a seus diretores pelos prejuízos que assumiram por conta de má gestão de fundos de investimento em 1999 – R$ 430 milhões em valores atualizados – é maior do que, por exemplo, o caso das fraudes no Amazonas estourado pela PF na sexta-feira (R$ 126 milhões). Deve ser bem maior ou quase do tamanho de outros escândalos recentes, como o de Rondônia, o das sanguessugas e do mensalão. No entanto, o caso caiu na rotina e na edição de sábado da Folha é uma reportagem sem destaque (‘TCU quer que dirigentes do BB devolvam R$ 430 milhões’) e sob um chapéu impróprio – ‘Investimento’ .

PCC

São procedentes as indagações feitas por Clóvis Rossi na coluna de domingo, ‘O satélite mágico’ (pág. A2). É obrigação do jornal questionar as promessas que estão sendo feitas de todos os lados da administração pública em relação ao combate ao PCC em São Paulo.

‘Ilustrada’

Não deve estar certa a informação de que Peter A. Huchthausen, autor indicado na coluna ‘Vitrine’ de sábado, tenha sido adido naval da Iugoslávia, Romênia e União Soviética. É mais provável que tenha sido adido naqueles países. A conferir.

Resposta

A propósito da nota ‘Ilustrada’ publicada na Crítica Interna de sexta-feira, recebi a seguinte resposta da repórter Sylvia Colombo, via Secretaria de Redação.

‘A retranca ‘Lillian Ross tem aula de história em almoço com dom João na Flip´ foi assinada por três repórteres porque estes estão trabalhando em equipe e não porque são incapazes de fazer, cada um, um texto com mais de três parágrafos, como sugeriu o ombudsman. Além disso, o texto sobre a jornalista norte-americana não foi a única produção do dia dessa mesma equipe. Caso a Ilustrada lhe tenha passado batido, fechamos uma página com entrevistas e apurações quentes nesta mesma edição do jornal. Quanto ao fato de não termos repercutido o ocorrido em Londres com Christopher Hitchens e Tariq Ali, consideramos que as opiniões deles seriam redundantes com o que rotineiramente dizem à imprensa nessas ocasiões. Ainda assim, tampouco fomos procurados pela editoria de Mundo para fazer essa pauta. Algo que, evidentemente, não teríamos nos negado a fazer’.

Não sugeri nada, apenas estranhei o fato de serem necessários tantos repórteres para cobrir um almoço. Agora entendi, é trabalho de equipe.

Quanto às opiniões de Hitchens e Tariq, a cobertura da Flip teve de se render, no dias seguintes, à evidência de que aquele era o assunto que iria predominar em Parati por conta do que aconteceu em Londres e por conta da continuação da guerra no Líbano.

A cobertura do ‘Globo’, não sei se pautada pela sua editoria de exterior ou se por iniciativa da equipe de Parati, se antecipou e entrevistou os dois, o que continuo achando ter sido uma boa idéia.’