‘A Abril é o primeiro grupo de mídia do Brasil a atrair investimento estrangeiro
O Grupo Abril, que publica VEJA, tornou-se, na semana passada, o primeiro conglomerado de mídia brasileiro a atrair investimento estrangeiro com base na emenda constitucional aprovada há dois anos pelo Congresso Nacional e que viabilizou esse tipo de transação. A Capital International, Inc., do Capital Group, o terceiro maior administrador de fundos americano, associou-se à Abril em um negócio que injetou no grupo brasileiro 150 milhões de reais e equivale a 13,8% de seu capital. Como estabelece a norma legal, o sócio estrangeiro terá assento no Conselho de Administração, mas o controle da empresa e de seu conteúdo editorial permanece sob o comando de seu presidente, Roberto Civita, e de sua família. Com sete das dez revistas mais lidas no Brasil, a Editora Abril lidera amplamente o mercado, produzindo mais de 200 publicações que falam com 26 milhões de leitores. A Abril é também líder no setor de livros didáticos. As editoras ática e Scipione, pertencentes ao grupo, publicam 40 milhões de livros por ano. Adicionalmente, a Abril controla a TVA, a primeira televisão por assinatura lançada no Brasil, e tem participação de 70% na MTV. O Capital Group administra cerca de 800 bilhões de dólares, e seu braço destinado a investimentos em empresas privadas fora dos Estados Unidos tem aplicações totais de 870 milhões de dólares.
Aportes de capital passaram a ser vitais para os grupos de mídia brasileiros, que, para poder investir nas novas tecnologias, como televisão a cabo, telefonia celular e internet nos anos 90, se endividaram pesadamente em moeda estrangeira. Com a desvalorização do real em 1999, a frustração dos empreendimentos de internet e a diminuição no ritmo de crescimento da economia brasileira, as dívidas tornaram-se uma enorme dor de cabeça. A associação entre a Abril e o Capital tem diversos significados positivos. Em primeiro lugar, a transação sinaliza a retomada do interesse dos investidores estrangeiros por empresas brasileiras. Isso reflete ao mesmo tempo a estabilização da economia, graças ao saneamento crescente das finanças públicas do Brasil, e a racionalização de métodos e gestão nas próprias empresas. Para a Abril, o investimento do Capital Group significa a recomposição do capital de giro e o abatimento de parte da dívida, o que aumenta sua capacidade de continuar crescendo.
‘Essa operação também abre caminho para uma futura abertura de capital da Abril, idéia que vimos acalentando há algumas décadas’, disse Roberto Civita. Concluída depois de um ano de intensas negociações, a injeção de capital estrangeiro na Abril premia os esforços da empresa para arrumar a casa e se gerir por princípios administrativos reconhecidos como eficientes pelos rigorosos investidores estrangeiros. ‘Graças ao modelo de governança corporativa que adotamos e aos ganhos de produtividade obtidos, o Grupo Abril ficou ainda mais atrativo aos investidores’, disse Maurizio Mauro, presidente executivo da Abril.’
Elvira Lobato
‘Americanos compram 13,8% da Abril’, copyright Folha de S. Paulo, 8/7/04
‘O grupo Abril fechou ontem, em São Paulo, a venda de 13,8% de suas ações para fundos de investimento norte-americanos administrados pela Capital International Inc., que terá dois representantes no conselho de administração do grupo editorial.
Segundo o diretor de relações institucionais da Abril, Sidnei Basile, as ações foram vendidas por R$ 150 milhões.
O dinheiro será usado para reduzir o endividamento da Abril, da ordem de R$ 900 milhões, e para prepará-la para eventuais novos investimentos.
O grupo, a exemplo de outras grandes empresas de comunicação brasileiras, endividou-se nos anos 90 ao estender suas atividades para os mercados de TV por assinatura.
Com a desvalorização cambial, em 1999, a Abril passou a enfrentar dificuldades financeiras e fez grande esforço para reduzir seus custos nos últimos três anos. Entre outras iniciativas, vendeu sua participação na empresa de TV paga via satélite DirecTV.
A associação com a Capital International vinha sendo discutida havia um ano entre a família Civita e o grupo norte-americano. A Abril fez uma emissão privada de ações, que foi subscrita integralmente pelo novo sócio.
Trata-se da primeira operação de investimento estrangeiro em uma empresa brasileira de comunicação desde a aprovação, pelo Congresso Nacional, em 2002, da emenda constitucional que permitiu a participação de pessoas jurídicas e de capital externo no setor de mídia: emissoras de rádio, televisão, jornais e revistas. A participação estrangeira pode ser de até 30%.
Na semana passada, as Organizações Globo, da família Marinho, anunciaram a associação com o grupo mexicano Telmex na empresa de TV a cabo Net Serviços, mas a Net não é empresa de comunicação, e sim de telecomunicação, regida pela lei da TV a cabo, que permite participação estrangeira de até 49,9%.
Nota
Em nota divulgada ontem à noite, a Abril afirmou que os recursos aportados pelo sócio estrangeiro vão possibilitar o fortalecimento econômico e financeiro do grupo e que este foi o primeiro passo para a abertura do seu capital.
Roberto Civita, presidente da Abril, qualificou de ‘histórico’ o acordo com os investidores norte-americanos e disse que a entrada dos recursos se soma ao esforço feito pela empresa para equacionar sua dívida.
Sobre o fato de a Abril ser a primeira empresa de comunicação a se associar a um grupo estrangeiro, Civita disse que o objetivo da legislação é manter a independência dos meios de comunicação e, ao mesmo tempo, permitir a construção de uma indústria editorial forte.
De acordo com Sidnei Basile, a família Civita permanece responsável pelo conteúdo de suas publicações.
O grupo Abril publica mais de 200 títulos, entre os quais sete das dez revistas de maior circulação no Brasil, como ‘Veja’, ‘Playboy’ e ‘National Geographic’.
Grupos
Fundado em 1950, o grupo emprega cerca de 6.000 pessoas e, além da publicação de revistas, atua nas áreas de edição de livros didáticos, conteúdo e serviços on-line, internet, TV segmentada e por assinatura.
A holding do Grupo Abril é formada pelas seguintes empresas: Editora Abril S.A. (e suas subsidiárias Dinap e Datalistas), editoras Ática e Scipione, Abril Marcas, Abril Comunicações e subsidiárias (TVA), MTV Brasil e Usina do Som Brasil.
A Capital International Inc. é um dos maiores gestores de fundos de investimentos dos Estados Unidos e administra cerca de US$ 294 bilhões em ativos. Pertence ao Capital Group, que possui aproximadamente US$ 500 bilhões em ativos no total.
As aplicações do grupo se estendem por mercados emergentes e países desenvolvidos.’
Comunique-se
‘Abril anuncia novo sócio’, copyright Comunique-se, 8/7/04
‘O Grupo Abril anunciou, na noite desta quarta-feira (07/07), que acaba de ganhar um novo sócio: os fundos de investimento em empresas de capital privada da Capital International, Inc. A sociedade corresponde a 13,8% do capital da Abril. As negociações levaram um ano e permitiram um aumento de capital de R$ 150 milhões. A Abril é pioneira no Brasil a realizar um acordo com um grande grupo de comunicação após a mudança constitucional que permitiu a entrada de investidores estrangeiros com até 30% do capital nas empresas de mídia.
‘O acordo é histórico. A entrada desse recurso se soma a todo o esforço que temos feito para equacionar a nossa dívida nos últimos anos. Também nos dá mais condições de continuar crescendo e produzindo os melhores conteúdos de informação, cultura, educação, entretenimento e contribuir cada vez mais com o futuro de nosso país’, diz Roberto Civita, presidente e editor do Grupo Abril.
Os fundos da Capital International terão assento no Conselho de Administração da Abril, do qual fazem parte Roberto Civita, Giancarlo Civita, Maurizio Mauro (também presidente-executivo do Grupo), Thomaz Souzto Corrêa, José Augusto Moreira e mais três membros independentes admitidos em janeiro deste ano: o presidente da ABN Amro, Fábio Barbosa, o co-presidente da Ambev, Marcel Telles, e o economista Cláudio Haddad, presidente do IBMEC Ecucacional.
O Grupo Abril lembra que deu início a uma reestruturação em 2002, o que contribuiu para acumular resultados positivos e aumentar seu capital com um novo sócio. De acordo com informações fornecidas pela própria Abril, o EBITDA (LAJIDA – lucros antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações) foi de R$ 343,3 milhões, um aumento de 43,7% em relação aos R$ 238,9 milhões de 2002. Estes resultados correspondem à holding Abril S.A., constituída em 2001 e que controla as participações societárias do Grupo Abril. Constituem a holding a Editora Abril S.A. e subsidiárias (Dinap S.A. e Datalistas S.A.), as editoras Ática e Scipione, a Abril Marcas Ltda., a Abril Comunicações e subsidiárias (TVA), a MTV Brasil Ltda. E a Usina do Som Brasil Ltda.
A Capital International, fundada em 1931, é um dos administradores de fundos do The Capital Group Companies. Os fundos de private equity da Capital já fizeram mais de 50 investimentos desde 1992 em áreas distintas, em 15 países, num total de US$ 760 milhões.’
Meio & Mensagem
‘Grupo Abril aumenta capital em R$ 150 milhões’, copyright Meio & Mensagem online, 8/7/04
‘O Grupo Abril anuncia a entrada de um novo sócio na empresa: os fundos de investimento em empresas de capital privado (private equity) da Capital
International, Inc. A negociação permitiu um aumento de capital de R$ 150 milhões. De acordo com comunicado divulgado pela empresa, os novos recursos possibilitam o fortalecimento econômico e financeiro do grupo e serão utilizados para recompor o capital de giro e no abatimento da dívida, além de deixar a empresa preparada para eventuais novos investimentos. O negócio corresponde a 13,8% do capital da Abril.
A família Civita permanece no comando do grupo, com total controle do seu conteúdo editorial. O acordo é o primeiro realizado por um grande grupo de comunicação do país após a mudança constitucional que permitiu a entrada de investidores estrangeiros com até 30% do capital nas empresas do setor. A transação representa o primeiro passo da Abril para uma futura abertura de capital.
‘O acordo é histórico. A entrada desse recurso se soma a todo o esforço que temos feito para equacionar a nossa dívida nos últimos anos. Também nos dá mais condições de continuar crescendo e produzindo os melhores conteúdos de informação, cultura, educação, entretenimento e contribuir cada vez mais com o futuro de nosso país,’ afirma Roberto Civita, presidente e editor do Grupo Abril. ‘Somos os primeiros a utilizar uma lei que tem como objetivo não apenas a manutenção da independência dos
meios de comunicação do Brasil, mas também a construção de uma indústria editorial forte, com empresas sólidas, verdadeiramente comprometidas com a consolidação da democracia e da livre iniciativa no país’, completa.
Para Maurizio Mauro, presidente executivo, o modelo de governança corporativa implantado há dois anos tornou a Abril uma empresa ainda mais atrativa para os investidores. ‘Graças a isto e aos extraordinários ganhos de produtividade neste período, agora estamos colhendo os resultados. O crescimento registrado nos últimos anos posicionou o grupo em níveis internacionais de rentabilidade’, afirma.
Em 2003, o EBITDA (LAJIDA – lucros antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações) foi de R$ 343,3 milhões, um aumento de 43,7% em relação aos R$ 238,9 milhões de 2002. Os resultados dizem respeito à holding Abril S.A., constituída em 2001, que controla as participações societárias do Grupo Abril. Fazem parte da holding a Editora Abril S.A (que inclui a sua gráfica) e subsidiárias (Dinap S.A. e Datalistas S.A.), as editoras Ática e Scipione, a Abril Marcas Ltda., a Abril Comunicações e subsidiárias (TVA), a MTV Brasil Ltda. e a Usina do Som Brasil Ltda..
Os fundos da Capital terão assento no Conselho de Administração da Abril, do qual já fazem parte Roberto Civita, Maurizio Mauro, Thomaz Souto Corrêa, José Augusto Moreira e Giancarlo Civita, além de três membros independentes admitidos em janeiro de 2004: o presidente do ABN Amro, Fábio Barbosa, o co-presidente da Ambev, Marcel Telles, e o economista Cláudio Haddad, presidente do IBMEC Educacional.
A Capital International é um dos maiores administradores de fundos (investment management company) do The Capital Group Companies. O grupo foi fundado na Califórnia em 1931 pelo americano Jonathan Bell Lovelace (1895-1979). Juntamente com suas coligadas especializadas em administração de recursos institucionais, a Capital International, Inc. administrava ativos de US$ 294 bilhões em 31 de março de 2004.’