Queda de venda nas bancas, desinteresse dos leitores mais jovens, concorrência mais acirrada com a internet. São diversos os fatores que estão levando os jornais a buscarem uma saída para sua decadência. Um caminho que vários deles têm escolhido para sanar o problema é tentar estabelecer um diálogo com os leitores e permitir que eles participem do processo de criação da redação.
Reportagem de Katharine Seelye para The New York Times [4/7/04] revela diferentes experiências de jornalismo participativo que apareceram recentemente nos EUA. Há casos mais radicais, como o do sítio Backfence.com, do estado de Virgínia, em que todo o conteúdo é produzido pelos leitores, sem edição posterior. No Colorado, The Rocky Mountains News criou o portal comunitário YourHub.com, que também é quase todo alimentado por notícias dos usuários.
Já há, no entanto, casos que demonstram que deixar muita liberdade para o público pode acabar mal. O Los Angeles Times teve que tirar da rede uma ferramenta que permitia aos internautas redigirem coletivamente um editorial que seria publicado na edição impressa do diário. Durante a primeira noite em que esteve no ar, foram publicadas imagens pornográficas na página.
Uma alternativa mais mediada e ainda assim amplamente participativa está agora sendo implementada pelo News & Record, de Greensboro, na Carolina do Norte. Todos os seus repórteres terão blogs em que os leitores poderão fazer comentários. Outro blog informará diariamente sobre o que se discutiu na reunião de pauta e os usuários poderão também enviar a sua versão de cada reportagem com a qual não estiverem de acordo. O editor Lex Alexander, supervisor da mudança, afirma que pretende fazer com que o sítio do diário se transforme numa espécie de ‘praça da cidade virtual’, em que as pessoas poderão debater temas de sua região.