Apresentador Boris Casoy – A Polícia Federal interceptou um jato executivo em Brasília com sete malas de dinheiro pertencente à Igreja Universal. Os cinco ocupantes e os dois tripulantes foram levados à superintendência regional para esclarecer a origem do dinheiro. Entre eles, o deputado federal João Batista (PFL/SP). A Igreja Universal explica que o dinheiro é fruto de doações e não há nenhuma ilegalidade.
Repórter Antônio Machado – O deputado João Batista Ramos da Silva (PFL/SP), bispo e presidente da Igreja Universal do Reino de Deus, foi detido por volta das 10 horas com mais seis pessoas em um dos hangares do aeroporto de Brasília. Eles se preparavam para embarcar com sete malas de dinheiro em um avião da igreja para São Paulo. Uma denúncia anônima levou a polícia ao local. O grupo foi levado para a superintendência regional da Polícia federal para prestar esclarecimentos sobre a origem do dinheiro. Foi necessário usar máquinas do Banco do Brasil de contagem de notas tal a quantidade de dinheiro. A pedido do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, um assessor jurídico da Casa esteve na Polícia Federal para se informar sobre o caso. No Congresso, o PFL se reúne amanhã para discutir a situação do deputado João Batista.
Senador Agripino Maia, líder do PFL – Não é confortável para ele nem para o partido ficar convivendo com a idéia de que ele estava participando de uma viagem, transportando muito dinheiro. Uma viagem que não tinha nada que ver com a missão partidária. O PFL apresenta sua indignação e quer investigação no limite máximo.
Repórter Antônio Machado – A Igreja Universal divulgou nota que foi lida pelo senador Marcelo Crivella na tribuna do Senado. Segundo a nota, o avião decolou de Manaus e o dinheiro é resultado de doação de fiéis recolhida no fim de semana, nas comemorações dos 28 anos da Universal. Seria transportado para São Paulo, onde a matriz centraliza o pagamento das despesas dos dez mil templos em todo o país.
Senador Marcelo Crivella (PL/RJ) – Não existe nada que proíba uma igreja de transportar suas ofertas para fazer o pagamento de suas despesas aonde ela tem a sede. Agências estaduais não aceitam que um volume tão grande em notas tão pequenas seja depositado, tenham de ser contados e depois transferidos para São Paulo.
Repórter Antônio Machado – No fim da tarde policiais federais prenderam seguranças do diretor regional da TV Record de Brasília, que estavam no estacionamento da superintendência. A Polícia Federal considerou insuficientes as explicações do deputado João Batista sobre a origem do dinheiro. Por isso vai remeter as peças de investigação ao Supremo Tribunal Federal para que decida ou não pela abertura de inquérito contra o parlamentar, que tem foro privilegiado. A polícia encontrou indícios de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de divisas. O deputado, que vai permanecer na superintendência até a contagem final do dinheiro, falou com a imprensa.
Deputado João Batista (PFL/SP) – Isso está sendo averiguado aqui, está apurando. Esse recurso vai ser levado para o Banco Central e posteriormente transferido para a conta da Igreja Universal do Reino de Deus, como é praxe, como é norma. Então não houve nenhum ilícito.
Igreja Universal explica por que dinheiro não é depositado no banco
Apresentador Boris Casoy – O pessoal da Igreja Universal respondeu uma indagação sobre o porquê o dinheiro não é depositado nos bancos no local onde é recebido dos fiéis. Com notas em sua maioria de R$ 1, R$ 5, R$ 10, há dificuldades para contagem desse dinheiro em agências que sem receber o depósito para elas, precisam mobilizar grande número de funcionários, empacando sua rotina para depois mandar tudo isso para São Paulo. Então existe aí alguma restrição que leva os bispos, pastores da Igreja Universal a trazerem esse numerário de avião para São Paulo. O deputado pefelista João Batista já foi presidente aqui da Rede Record. Ele é um economista, é um homem sério. Você viu que ele estava sereno, extremamente dedicado ao seu mandato e às suas atividades religiosas.