Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Imprensa cautelosa com promessa de liberdade

A imprensa do Sudão recebe com uma mistura de alegria e apreensão a nova constituição do país, que já não contém leis de censura. O presidente Omar el-Bashir, que assumiu o poder com um golpe de estado em 1989, acaba de assinar a nova Carta Magna, decretando o fim do estado de emergência que justificava o controle sobre os meios de comunicação. O serviço nacional de segurança publicou comunicado comprometendo-se a seguir as determinações do líder.

Como informa a AP [11/7/05], o jornal Juba Post, fechado pela censura por três semanas, voltou a ser publicado, com uma capa triunfante: ‘Liberdades de circulação, associação e imprensa garantidas daqui em diante’, dizia sua primeira manchete. ‘É uma nova era, mas tudo pode acontecer. Acho que eles vão entrar num período de hibernação e depois vão voltar’, comenta o colunista local Zuheir Mohamed Ali Abdel-Meguid.

Poucos dias antes do anunciado fim da censura, agentes foram à redação do Al Sahafa, um jornal em árabe amplamente lido, e proibiram a publicação de alguns textos. O editor-administrativo do Khartoum Monitor, William Ezekiel, também não se anima muito com a nova fase de suposta liberdade. ‘O novo Sudão é o velho Sudão. Eles suspenderam o estado de emergência, mas como estamos agora?’. O Monitor, diário editado em inglês, foi fechado diversas vezes pelo regime. Em junho deste ano, teve a licença cassada para que a justiça reavaliasse um caso de 2003, em que a publicação foi considerada culpada de atentar contra o estado após denunciar trabalho escravo no sul do país.