Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Editor seqüestrado e assassinado

Em meio à onda de violência que aumenta no Haiti desde a saída de Jean Bertrand Aristide da presidência e a instalação de um governo interino, o jornalista haitiano Jacques Roche, foi encontrado morto com sinais de tortura na cinco dias após ter sido seqüestrado, no domingo (10/7), em Porto Príncipe. Ele era editor-chefe do jornal Le Matin e apresentador de programas de rádio e televisão. O crime é atribuído a seguidores do ex-presidente, deposto em fevereiro de 2004.

De acordo com a polícia do país, os seqüestradores teriam exigido um resgate de US$ 250 mil – US$ 10 mil foram pagos. A organização Repórteres Sem Fronteiras pediu a libertação do jornalista, sem resultados. Roche tinha 40 anos e fazia parte do Grupo 184, organização independente que teve atuação fundamental no movimento que culminou na queda de Aristide.

Série de seqüestros

Centenas de pessoas foram assassinadas nos últimos meses ou morreram em confrontos entre as diferentes facções em conflito. Desde março deste ano, mais de 450 pessoas foram seqüestradas. Horas antes de encontrarem o corpo de Roche, homens armados seqüestraram Elysée Berlince, técnico da estação de televisão privada Tele Haiti, no nordeste da capital, quando ele se preparava para entrar em um carro da empresa. Berlince conseguiu ser liberado graças à ação dos policiais, com a morte de dois seqüestradores. Há cerca de um mês, a jornalista Nancy Roc, apresentadora do programa Métropolis na emissora privada Rádio Metropole, teve que deixar o país após escapar de uma tentativa de seqüestro. Em 11/6, Richard Widmaier, diretor-geral da Rádio Metropole, escapou de uma tentativa de seqüestro muito perto de onde levaram Roche.

Os quase 7.000 militares das Nações Unidas mobilizados não conseguiram conter a onda de violência. O espanhol Damian Onsés Cardona, porta-voz da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), expressou sua tristeza e considerou a morte de Roche ‘uma enorme perda’ para o país.

A violência cresce à medida que as eleições gerais, previstas para o final deste ano, se aproximam. Há bairros de Porto Príncipe que estão sob o poder de grupos armados de simpatizantes de Aristides. As forças da Minustah não tiveram sucesso em desmantelar estes grupos. Além disso, contra os mais radicais partidários do ex-presidente, agem, por conta própria, os ex-membros do dissolvido Exército haitiano. Os dois movimentos, cada um de seu lado, atuam contra a polícia. Informações dos Repórteres Sem Fronteiras [13/7/05], EFE [15/7/05], e BBC [15/7/05].