Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Pesquisadores têm baixa representação na Câmara Executiva

A Casa Civil publicou em 9 de agosto passado a Portaria 571 (8/8/06), criando a Câmara Executiva para implementação do Sistema Brasileiro de TV Digital. Curiosamente, pesquisadores na área de televisão digital e computação gráfica de alto desempenho, a exemplo de Marcelo Zuffo, do LSI (USP), ficaram na suplência de somente duas vagas para o setor acadêmico.

O setor industrial (transmissão, recepção e software) tem 5 cadeiras. O setor de radiodifusores (claro!) tem 4 cadeiras (Rede TV!, Globo, Record e SBT). A sociedade civil participa? De jeito nenhum! Curioso, não? Os representantes titulares da comunidade científica são Sérgio Bampi (UFRGS/Ceitec) e Luiz Fernando Gomes Soares (PUC-RJ).

Um outro capítulo importante desta novela: o Ministério Público de Minas Gerais entrou com ação civil pública para anular o decreto presidencial 5.820/2006 que estabeleceu o Sistema Brasileiro de TV Digital. ‘Um dos argumentos principais da ação civil pública é o fato de não haver exposição de motivos que embase as decisões tomadas no Decreto 5.820/2006. O Ministério Público coloca, com base nos estudos do CPqD, que a decisão se deu por uma tecnologia sabidamente mais cara para o consumidor, e argumenta que isso requereria uma explicação, o que não acompanha o decreto’, diz reportagem do Pay-TV News, publicada no clipping do FNDC.

Espaço do cidadão

Em reportagem publicada em O Estado de S. Paulo (22/8/06), o texto destaca: ‘Os procuradores apontam o descumprimento de regras de outro decreto (4.910/2003), anterior ao decreto 5.820, que, segundo eles, estabeleceu procedimentos para a escolha do modelo da TV digital.’ Confira a nota/notícia enviada pela Assessoria de Comunicação do Ministério Público Federal, que ressalta: ‘O MPF sustenta que o ato está repleto de ilegalidades e aponta pelo menos cinco violações a diferentes leis e à própria Constituição’.

‘Se a sociedade brasileira não der mais atenção ao tema, vamos ter um atraso de quarenta anos’, afirmou Sérgio Murillo de Andrade, presidente da Fenaj, em 22/8/06, em debate com os alunos de Jornalismo e Publicidade do Curso de Comunicação do Ielusc, em Joinville, Santa Catarina.

Pela representatividade que tem o campo da pesquisa científica (2 pesquisadores) e a sociedade civil (nenhuma organização!), corremos o risco de ver a TV digital brasileira simplesmente se caracterizar como a migração dos nossos atuais 6 grandes grupos para uma banda dos mesmos 6 megahertz, só que potencializada pelo digital ao quádruplo. E o pior: trata-se de concessão pública. Esse espaço em que eles vão se regatear é dos cidadãos brasileiros!

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Jornalista e professor do Curso de Jornalismo do Ielusc, Joinville, SC, integrante do Conselho Editorial da Revista Novolhar