Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Confusão em meio a demissões e gratificações

O diretor-geral da BBC, Mark Thompson, informou aos funcionários da empresa que decidiu recusar sua bonificação de US$ 239 mil e recomendou aos outros diretores que façam o mesmo em virtude do momento de drásticos cortes de pessoal. A BBC despediu 20% de sua equipe, o correspondente a quase quatro mil empregados, ao longo dos últimos três anos, em uma medida tomada pelo próprio diretor da rede.

Seu exemplo, no entanto, não foi seguido por outros altos executivos da emissora. O sindicato britânico que representa os funcionários de radiodifusão denunciou na terça-feira (12/7) as elevadas bonificações recebidas pelos executivos e pediu que elas sejam investigadas. De acordo com relatório anual da empresa, as recompensas pagas no ano passado a seus executivos foram equivalentes a 25% dos seus salários. No futuro, a empresa planeja reduzir estes bônus para 10% dos salários – mas, para compensá-los, planeja conceder um aumento de 10% em seus salários.

O secretário-geral adjunto do sindicato, Gerry Morrisey, disse que será pedido à ministra da cultura, Tessa Jowell, que verifique qual é a justificativa para o pagamento dessas gratificações quando se pede à BBC para economizar. O relatório anual mostrou que o diretor-geral adjunto, Mark Byford, recebeu US$ 165 mil acima de seu salário anual de US$ 630 mil. A essa quantia é preciso somar um pacote de benefícios de outros US$ 26 mil. A diretora da televisão, Jana Bennett, que tem um salário anual de US$ 460 mil, recebeu um bônus de quase US$ 113 mil. O diretor de recursos humanos, Sthepen Dando, recebeu um bônus de US$ 117 mil em cima do seu salário anual de US$ 441 mil. No ano passado, o pagamento somado das gratificações atingiu o valor de US$ 1,4 milhão.

Os cortes orçamentários permitiriam economizar US$ 640 milhões ao longo de três anos. A empresa possui 28 mil empregados e o sindicato alega que as demissões afetaram a qualidade da programação da emissora. Em maio deste ano, houve uma greve de um dia por causa do plano do diretor-geral de reduzir os postos de trabalho com o objetivo de investir mais fundo na programação. Informações de James Robinson [The Observer, 10/7/05], Charro Marcos [El Mundo, 12/7/05] e Sue Leeman [AP, 12/7/05].