Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cláudio Lembo entrega comenda a Ruy Mesquita


Leia abaixo os textos de sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 8 de setembro de 2006


ELEIÇÕES 2006
Mario Cesar Flores


Propaganda eleitoral e desesperança


‘Mais uma vez a propaganda eleitoral pela televisão vem mostrando a precariedade do cenário político brasileiro. A associação da imagem fugaz, se não exótica ou histriônica, com slogans vazios, proposições triviais ou irrealistas e generalidades de consenso fácil (todos queremos educação, saúde, emprego, desenvolvimento, honestidade, segurança…) é praticada por todo o espectro político-ideológico. Seu nível medíocre ou de mau gosto escamoteia a pronta análise crítica do conteúdo e parece indicar menoscabo pelo povo, entendido como suficientemente estulto para ser cooptado pelo marketing banal.


Há de tudo no festival da propaganda, da boa intenção, nem sempre bem alicerçada, à defesa de interesses corporativos (capital, trabalho, serviço público) ou paroquiais subalternos, à mera demonstração de despreparo, à necessidade de aparecer a qualquer custo – raras são as idéias substantivas. Há os que prometem o inverossímil ou medidas da alçada de outros Poderes ou níveis da Federação, no pressuposto de que os eleitores não são capazes de discernir isso (é provável que alguns promitentes não sejam). Há os que satanizam temas complexos como o endividamento, a globalização, o capitalismo e os juros, mas provavelmente não conseguiriam explicá-los, nem justificar seus vitupérios, com lógica convincente.


Predomina a promessa fantasiosa nem sempre claramente conectada aos programas partidários – quando existem -, apoiada na improbabilidade da cobrança, que não é parte da nossa cultura política; os devaneios são tanto mais audaciosos e irrazoáveis quanto menor a esperança de ser eleito, porque a não-eleição elimina a necessidade de procurar honrá-los. Embora a boa política implique prioridades competentes e responsáveis, as colocações, sempre superficiais, descartam a avaliação realista de suas possibilidades e limitações e dos efeitos sobre outras demandas. As difusas soluções miraculosas sugerem mais ilusão do que racionalidade, sugerem até mesmo a inabilitação para entender as implicações do prometido (custos, tempo e capacidade necessários, aceitabilidade nacional e internacional). Prevalece a exploração viciosa, psico-política e socioeconômica, da nossa tradição cultural estatista (o Estado brasileiro pode e deve tudo) e da fragilidade do eleitorado aberto à fantasia surrealista e ao milagre salvacionista e assistencialista.


A historiadora Bárbara W. Tuchman apresenta em seu livro A Marcha da Insensatez um curioso questionamento, referenciado à democracia inglesa ainda imatura à época em que se situa o questionamento, mas válido para a complicada democracia brasileira do início do 21: ‘Que nível de percepção, que ficções ou fantasias tomam parte na estratégia política? Que fantásticos vôos se elevam por sobre estimativas razoáveis da realidade? Quais os graus de convicção ou, ao contrário, de exageros conscientes que se tornam atuantes? Os argumentos inspiram realmente crédito ou não passam de falsa retórica aplicada para reforço de um desejado curso de ação?’ A associação desse questionamento com nossa propaganda eleitoral (em que o ‘desejado curso de ação’ é a re/eleição…) induz a cadeia de raciocínio em que a primeira etapa é de pena pelo despreparo ou de contrariedade pela falta de autocrítica. A segunda é o enfado: como isso é ‘chato’, quanta vulgaridade! Mas logo surge a preocupação sobre o que acontecerá no Brasil se ‘aqueles’ atores forem eleitos. Muitos o serão, como têm demonstrado as sucessivas eleições e a propaganda atual não autoriza a esperança de mudança sensível.


Esse quadro preocupa e induz a uma pergunta, no mínimo, instigante: o que leva a candidatar-se tanta gente inconvincente no tocante à qualificação objetiva, a despeito dos custos envolvidos no processo eleitoral? Seria a convicção de missão cidadã, justa ou equivocada, mas sincera e honesta, que provavelmente move muitos? Seria a cultura que cultiva o fascínio pelo ‘emprego’ político, com seus salários generosos (se referenciados ao universo salarial brasileiro) e vantagens patrimonial-clientelistas lícitas, ainda que algumas, no mínimo, discutíveis? Ou, para os vulneráveis à tentação, até mesmo ilícitas, facilitadas pelas características da estrutura e atuação do Estado brasileiro? Seria tão grande o ‘entusiasmo cívico’ pelos cargos eletivos se eles não propiciassem um posicionamento relativo bastante atraente, na pirâmide socioeconômica nacional?


O bom funcionamento da democracia é difícil quando fragilizado – em vez de reforçado – pelo seu mecanismo processual básico, a eleição. A exorcização da ameaça dedutível da nossa propaganda eleitoral, mais espetáculo medíocre que esclarecimento objetivo, depende da redução da vulnerabilidade do povo eleitor à retórica fantasiosa ou demagógica, que, por sua vez, depende da sua inclusão cultural e socioeconômica, em complemento à política. Esta, um direito outorgado pela lei; aquela fruto de evolução complexa e demorada.


Se tudo continuar como está, vai continuar crescendo o já sensível descrédito do sistema político-representativo. E vai crescer a aceitabilidade de vir a ser o Brasil um Estado democrático de Direito gerido por regime em que a maioria da representação, depreciada por seus vícios, inclusive de formação, é induzida (sabe Deus como) a apoiar (participando…) alguma versão de democracia de sabor messiânico-carismático plebiscitado. Esse apoio vicioso, comprometedor da legitimidade democrática, não chega a ser novidade na América do Sul, com uma ressalva no nosso caso: não temos receita de petróleo que alimente a ilusão assistencialista típica do modelo e permita ‘ignorar’ as reformas estruturais necessárias à viabilização racional do País, dependentes de cenário político saudável.


Mario Cesar Flores é almirante-de-esquadra (reformado)’


MESQUITA CONDECORADO
O Estado de S. Paulo


Ruy Mesquita recebe de Lembo a maior comenda de São Paulo


‘Em visita ao jornal O Estado de S.Paulo, o governador Cláudio Lembo concedeu, ontem, a Grã-Cruz da Ordem do Ipiranga a Ruy Mesquita, diretor do jornal. Essa é a maior condecoração concedida pelo Estado.


Cláudio Lembo chegou ao jornal acompanhado do chefe da Casa Civil, Rubens Lara. O governador afirmou durante o encontro que se sentia honrado em conceder a homenagem a Ruy Mesquita. ‘São Paulo se sente muito orgulhoso em conceder a Grã-Cruz da Ordem do Ipiranga a um grande liberal de nossa época’, disse. ‘Ruy Mesquita caracteriza a imprensa paulista por sua dignidade e consciência cívica.’


Ruy Mesquita agradeceu e lembrou a importância de seus antecessores na formação e na condução do jornal O Estado de S. Paulo. ‘Nessa ocasião, a homenageada é a empresa que dirijo’, disse. ‘Tudo o que fiz foi aprender as lições de meus antepassados, todos os Mesquitas que mantiveram a mesma linha de existência deste jornal.’


Nesta semana, no Palácio dos Bandeirantes, o governador Cláudio Lembo concedeu a mesma comenda a outras pessoas que contribuíram para o desenvolvimento do Estado de São Paulo. Entre elas, Angelita Habr Gama, cirurgiã gastroenterologista e professora emérita da Faculdade de Medicina da USP. Ela é a presidente da Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino (Abrapreci).


Os demais homenageados foram Octávio Frias, publisher da Folha de S.Paulo, Olavo Setúbal, presidente do Conselho de Administração do Banco Itaú, o senador Marco Maciel, o professor e pesquisador Hélio Santos, o oftalmologista Tadeu Cvintal, o urologista Miguel Srougi, a geneticista Mayana Zatz, a atriz Irene Ravache e a artista plástica Maria Bonomi.’


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


SporTV cresce 111%


‘Desprezado por alguns candidatos políticos, 1 ponto de audiência representa, sim, uma fatia bastante significativa de público para o pessoal da TV paga. Não é para menos: o horário eleitoral pode não ter somado tantas intenções de voto como pretendiam alguns dos atuais aspirantes a cargos públicos, mas 1 ponto de audiência nas contas do Ibope, só em São Paulo, significa 54,4 mil domicílios sintonizados.


Para um canal pago, onde 1 ponto é artigo de luxo – uma emissora por assinatura raramente atinge 2 pontos – a temporada é de boa safra. A média da audiência na TV paga dobrou desde a chegada do horário eleitoral e o maior beneficiado com essa migração de telespectadores é o SporTV.


De 15 a 27 de agosto, os dois canais SporTV apresentaram crescimento de 111% em audiência na faixa das 20h30 às 21h20, segundo dados do Ibope Telereport (abrangendo São Paulo e Rio).


Um detalhe valoriza ainda mais esse dado: o porcentual é fruto de comparação com os três meses anteriores, o que inclui, portanto, o período da Copa do Mundo, quando os canais de esporte já bombavam no ibope.


Entre-linhas


Apesar do silêncio sobre o assunto, já está tudo certo para a gravação de uma segunda fornada de Mandrake, produção da HBO com a Conspiração Filmes. Marcos Palmeira, protagonista de Mandrake, teve até de recusar o papel de um falso gay em Paraíso Tropical, próxima novela das 9 da Globo, para encarar as filmagens da série.


Por falar na novela que substituirá Páginas da Vida, Otávio Müller, que pediu a Gilberto Braga que matasse seu personagem, Queiroz, no meio da novela Celebridade, para então entrar no Sob Nova Direção, agora retribui a gentileza: vai deixar o humorístico para entrar em Paraíso Tropical, também de Gilberto Braga.


A campanha Ser diferente é normal, da Giovanni,FCB, com participação de Lázaro Ramos e Paula Werneck , será exibida nos Estados Unidos e no Japão via Globo Internacional. Paula, que tem síndrome de Down, é a protagonista do comercial Adolescente e Lázaro empresta a voz ao outro filme, Diferenças. Os comerciais vão ao ar nesses países devido às abordagens da novela Páginas da Vida com relação a preconceito e a Síndrome de Down.


Nada se fala no SBT sobre o debate entre presidenciáveis agendado para 25 de setembro.Ou é mais um suspense ao modo Silvio Santos, ou, o que é mais provável, não acontecerá.


Episódio digno da série ‘acredite se quiser’: Sérgio Mallandro foi paraninfo homenageado por uma faculdade de jornalismo do Rio pela sua contribuição à área.


Amor ao hino


Campanha da W/Brasil para o portal globoesporte.com põe Supla para defender o hino do Santos. Evandro Mesquita canta pelo Fluminense, Ed Motta pelo Botafogo, Branco Melo pelo Palmeiras e Roger, do Ultraje a Rigor, pelo São Paulo. São 12 filmes para 12 músicos.’


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 8 de setembro de 2006


ELEIÇÕES 2006
Barbara Gancia


Uma reputação jogada ao vento


‘EU GOSTO do Paulo Betti. Gosto mesmo. Do que conheço dele e em todos os contatos que tivemos, só tenho coisas boas a dizer a seu respeito. Não há a menor dúvida de que se trata de um homem de bem, um sujeito leal e decente que não suja e não quer ver sujar as mãos. Mas não é de hoje que discordo de sua visão de mundo.


Lembro, da última vez que o encontrei, no meio da crise do mensalão, que Paulo estava decepcionado com o PT. O que imagino que tenha acontecido desde esse nosso último encontro até a declaração que tanto furor causou, de que não se pode fazer política sem ‘sujar as mãos’, é o que ocorreu com vários outros petistas de boa fé, que tentaram lidar com seu desapontamento de uma maneira ou de outra.


É difícil para um homem da índole de Paulo Betti aceitar que o partido pelo qual batalhou apaixonadamente por tantos anos tenha se transformado em uma quadrilha de gente ávida pelo poder, que trafica dólares na cueca e recebe Land Rovers de presente de empreiteiros.


Uma maneira de lidar com a dor é tapar o sol com a peneira e acreditar na versão oficial confeccionada por Lula, de que todos os crimes cometidos por seus assessores mais próximos estão relacionados a caixa dois de campanhas. Não estão e, ao defender publicamente gente que mentiu, que desviou dinheiro até de fundos de pensão do trabalhador, que assinou contratos falsos para obter empréstimos e que tentou amordaçar a imprensa livre, tudo com o objetivo de se perpetuar no poder, Paulo Betti acabou maculando sua reputação à toa.


É escabroso que agora ele seja encarado como alguém que não se incomoda com a falta de princípios na política, justo ele que batalhou ao lado de Betinho pela ética. Mais triste ainda é constatar que Betti continua naquilo que os norte-americanos chamam de ‘denial’ (estado de negação), ou seja, que se recuse a aceitar os fatos.


Na carta aberta em que defende sua afirmação sobre ‘sujar as mãos’, Paulo Betti diz que ‘as transgressões na política são inevitáveis’. Pode ser.


Uma das conseqüências mais nefastas da Constituição do dr. Ulysses foram as alianças espúrias. Mas que Paulo Betti não se engane: o governo Lula elevou a promiscuidade que resulta dessas alianças a níveis nunca antes atingidos.


Helô coração de manteiga


De tanta curiosidade, estou quase mandando uma carta para a coluna Barbara Responde: por que a candidata Heloísa Helena chorou tão copiosamente no discurso de despedida do senador Luiz Estevão, em sessão a portas fechadas no Senado? Será que as lágrimas da senadora explicam porque ACM teria queimado a língua e o mandato ao revelar que ela votara contra a cassação de Estevão? E por que ela agora diz que Estevão é ‘rico e ordinário’ e que ‘vomita em cima’ de gente como ele? Tem coisas que só o coração explica, não é mesmo?


Já vi esse filme


O australiano Steve Irwin era um grande conservacionista. Mas, vem cá: sacudir o filho recém-nascido na frente de um crocodilo não é coisa de Michael Jackson?’


Editorial


Favorito em fuga


‘‘ESTÃO TÃO nervosos que chegam até a babar de raiva.’ Este é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ação, no mais recente flagrante de um comportamento que nele tem sido contumaz ao longo de três anos e meio de mandato. Funciona como um relógio: basta os ventos mudarem a seu favor, e emerge a incontinência retórica, repleta de auto-elogios e ataques a adversários.


Não é por conta disso, porém, que o balanço da loquacidade de Lula desde que assumiu a Presidência é negativo. Cada governante tem o seu estilo, as suas virtudes e as suas limitações no momento de expressar o que pensa às mais variadas platéias. O que é pernicioso é o líder petista falar apenas quando não é contestado; é não ter-se permitido, como regra, uma interlocução pública, madura e democrática, que permita o contraditório.


Contam-se nos dedos de uma mão os momentos em que o presidente da República dispôs-se a um diálogo franco com a imprensa. Já faz um mês que a última ocasião desse gênero -uma entrevista ao ‘Jornal Nacional’- ocorreu. Dado o desempenho sofrível do candidato do PT diante de perguntas diretas sobre assuntos sempre evitados pelo séquito presidencial, os dez minutos na TV Globo devem continuar a ser o último evento do tipo pelo menos até o fim do processo eleitoral.


À diferença de seus principais concorrentes na disputa pelo Planalto, Lula declinou do convite para participar de uma sabatina com jornalistas desta Folha. Não quis explicar seus motivos, mas todos sabem quais são.


O que restou do ‘núcleo duro’ do Planalto e os marqueteiros de sempre temem pela reação do presidente. Temem pelo resultado de duas horas de exposição a promessas não-cumpridas, a desmandos gravíssimos no círculo da Presidência, a contradições do governo com o passado oposicionista do PT, a indagações sobre a que setores Lula vai desagradar se assumir, como as pesquisas hoje indicam, o segundo mandato em 1º de janeiro.


Debite-se à camarilha presidencial -que atua o quanto pode para proteger Lula do contato com quem o possa contradizer- parte do despreparo do presidente no trato com a imprensa. A outra parte deve ser lançada na conta do próprio líder petista, que não esconde o seu incômodo sempre que exposto ao debate aberto, com interlocutores que não estão ali para enaltecê-lo.


Não faz bem para as instituições democráticas essa tentativa de culto à personalidade. Lula e seu círculo de assessores enveredaram pela mitificação do líder político, transformando-o num ícone quase religioso, a quem não se pode questionar. Tal comportamento está na contramão da moderna política republicana, que não pode dispensar a prestação de contas do governante máximo.


Lula não prestará um favor à imprensa se mudar de atitude e abrir-se ao contraditório num hipotético segundo mandato. Apenas passará a cumprir uma obrigação do presidente da República para com a sociedade.’


Editorial


Censura condenada


‘CUMPRINDO seu papel de guardião da Lei Maior, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou anteontem, de forma unânime, a inconstitucionalidade do dispositivo da lei nº 11.300 que proibia a divulgação de pesquisas eleitorais nos 15 dias anteriores ao pleito. O Supremo julgava ações diretas de inconstitucionalidade contra o diploma, também conhecido como ‘minirreforma eleitoral’.


O veto às sondagens violava os incisos IV, IX e XIV do artigo 5º e o artigo 220, em especial os parágrafos 1º e 2º, que asseguram a plena liberdade de informação jornalística e banem a censura no Brasil.


Não é de hoje que alguns políticos tentam impedir a população de ter acesso a pesquisas. Costumam afirmar que a publicação de sondagens interfere indevidamente no pleito. A interferência existe, mas, ao contrário do que alegam os defensores da restrição, as pesquisas ampliam o universo de informações ao qual o eleitor tem acesso e, assim, melhoram as condições nas quais ele toma a sua decisão de voto.


Como bem observou o relator do caso, ministro Ricardo Lewandowski, ‘vedar a divulgação de pesquisas (…) afigura-se tão impróprio como proibir-se a divulgação de previsões meteorológicas, prognósticos econômicos ou boletins de trânsito’.


O veto seria também grave por seus efeitos. A lei proibia a divulgação de sondagens, não sua realização. Elas continuariam a ser feitas e circulariam nos meios freqüentados por políticos, mas não poderiam ser levadas ao conhecimento da maioria dos eleitores. Nas palavras de Lewandowski, a proibição ‘apenas contribuiria para ensejar a circulação de boatos e dados apócrifos’.


O Supremo agiu corretamente ao proteger a democracia desse ataque. Espera-se que, agora, políticos renunciem de vez a tentar proibir o eleitor de informar-se.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


As tetas de Tio Sam


‘A ‘Economist’, sob o título ‘As tetas de Tio Sam’, fala da esperança de subsídio menor aos fazendeiros americanos em 2007. Diz que até a Associação dos Produtores de Milho de Iowa, Estado eleitoral chave, quer apoio ‘compatível ao comércio’. Para a revista, ‘o medo de litígio na OMC’, após ‘a vitória do Brasil contra o algodão’, e a ‘inveja’ da maioria que não tem subsídio podem estimular um corte ‘modesto’.


Este seria efeito também da ‘ênfase crescente em energias alternativas’. É o que explica, por outro lado, a afirmação pelo Departamento de Agricultura, no Senado dos EUA, de que o fim da tarifa sobre etanol importado do Brasil não afetaria os produtores locais; na comissão, segundo o site do ‘Wall Street Journal’, senadores e representantes dos produtores de milho diziam o oposto. A tarifa cai em 2007 _e o secretário de Agricultura insinua que ela não será renovada.


MAIS ETANOL


AP e outras agências já despacham sobre o encontro dos países em desenvolvimento no Rio, contra o protecionismo dos EUA. E avisam que ‘dias depois’ os governantes de Brasil, Índia e África do Sul se reúnem em Brasília.


O tema, noticiam os indianos ‘Times’ e ‘Financial Express’ e agências diversas: etanol. A Petrobras indiana, a BPCL, quer investir em projetos daqui para assegurar suprimento ao país. E o Reino Unido quer se unir ao Brasil para estimular a produção de África do Sul e Moçambique, pela mesma razão.


PRÓ-SOJA


Enquanto isso, na Argentina, segundo o ‘Financial Times’ de ontem, a aposta de ‘avanço energético’ em biocombustível é a soja.


A visão de ‘uma promissora nova indústria’ tem por modelo o etanol de cana ‘que o Brasil transformou em uma grande indústria’.


Uma das pioneiras é a pouco conhecida Oil Fox, mas já estariam interessadas a espanhola Repsol-YPF e a americana Imperium Renewables. E há meses foi aprovada uma lei no país exigindo adicionar 5% de biocombustível à gasolina a partir de 2010.


No site, o duplo lançamento do filme brasileiro


EDIÇÃO DO ESPECTADOR


O filme pode não ser dos mais elogiados no Brasil, mas era o destaque de ontem no site da Creative Commons _organização que lidera o movimento por um copyright ‘equilibrado’ no mundo (nem ‘anarquia’ nem ‘todos os direitos reservados’). Com ‘alguns direitos reservados’, ‘Cafuné’ chegou às telas de cinema e de computador ao mesmo tempo, uma semana atrás. E, além do download, ‘permite ao espectador fazer sua própria edição do filme’.


BUMBA-MEU-BOI


Na cobertura das Globos para a festa, tome 14 Bis, ‘diversidade cultural’, bumba-meu-boi, Lula e os caças.


Já na liderança dos ‘+ lidos’ da Folha Online, ‘Aplausos a Lula superam vaias em desfile do Sete de Setembro’.


ÚNICO E COERENTE


O ‘Le Monde’ resenhou ontem dois livros sobre ‘a primeira experiência de governo da esquerda brasileira’, publicados na França.


‘Le Nouveau Brésil de Lula’ traz ‘reflexões estimulantes sobre programas sociais’ e ‘as mutações do PT’. ‘Le Brésil au XXIe Siècle: Naissance d’un Nouveau Grand’, por outro lado, vê os governos FHC e Lula, entre 1995 e 2006, como ‘um período único e coerente’.


COMPOSTURA


O ‘Clarín’ ironizava ontem a escalada retórico-eleitoral de Geraldo Alckmin, dizendo que ‘perdeu a compostura de homem muito católico e educado’ e passou a falar, no espanhol original, em ‘dólares em el calzoncillo’ etc.: _ Uma desesperada luta por votos que não chegam…


ARGENTINA E O PCC


O mesmo ‘Clarín’ publicou ontem um editorial defendendo a necessidade de Brasil e Argentina atuarem em conjunto contra o crime organizado no Mercosul.


Isso, depois dos ‘ataques em São Paulo’, em ‘ações do chamado Primeiro Comando da Capital, que opera na megalópole’. Depois, também, da operação da Polícia Federal com o Paraguai.’


TELEVISÃO
Laura Mattos


Scolari desmente TV Cultura sobre Campeonato Português


‘O técnico pentacampeão Felipe Scolari desmentiu informação divulgada oficialmente pela TV Cultura de que ele seria garoto-propaganda do Campeonato Português, que a emissora transmitirá a partir de amanhã.


Marcos Mendonça, presidente da Fundação Padre Anchieta (que administra a Cultura), afirmara à Folha que Scolari apareceria em chamadas nos intervalos da Cultura. Técnico da seleção portuguesa, ele virou herói no país desde a Copa, quando levou o time à semifinal.


Ao saber da notícia, publicada na Folha de anteontem, Scolari consultou a Federação Portuguesa de Futebol, com a qual renovou contrato recentemente (após recusar convite para voltar à seleção brasileira). Confirmou que o acordo não prevê chamadas para o Campeonato Português e se irritou com a Cultura. Seu recado à TV: qualquer propaganda que utilize sua imagem será considerada ‘pirata’. Ontem, o departamento de esportes procurou a assessoria de Scolari para propor que ele gravasse entrevista para o início das transmissões, como fizera com o canal pago Bandnews, que já exibe a competição. Ouviu ‘não’.


A Cultura afirmou que houve um ‘mal-entendido com um produtor contratado para atuar em Portugal’.’


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