Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Elio Gaspari

‘Desde a posse de Lula, o comissariado petista viveu na ilusão de que teria a imprensa à sua porta, de pires na mão. Mais precisamente, de teclado na mão à porta do velho e bom BNDES.

Os comissários e o doutor Carlos Lessa, presidente do banco, foram para a porta do BNDES, apregoaram seus empréstimos, mas não conseguiram clientes. Na semana passada, as empresas jornalísticas mandaram o BNDES passear.

O doutor Lessa divertia-se lembrando aos empresários que seu banco era freqüentemente chamado de ‘hospital’, o que o honrava, pois teve parentes médicos.

À diferença dos parentes, ficou sem pacientes.’



Carlos Franco

‘Empresas de mídia desistem de ajuda BNDES’, copyright Agência Estado, 14/07/04

‘Os grupos de comunicação representados pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), Associação Nacional de Editoras de Revistas (Aner) e Associação Brasileiras de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) enviaram carta ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, manifestando o desinteresse ‘no prosseguimento do exame do programa de fortalecimento das empresas do setor’. Por meio da Assessoria de Imprensa, Lessa acusou o recebimento da carta.

A decisão dos associados das entidades que representam o segmento de mídia, explicou o presidente da ANJ, Francisco Mesquita Neto, é decorrente do ofício enviado por Lessa ao senador Osmar Dias (PP-PR), presidente da Comissão de Educação do Senado. Nesse ofício, Lessa apresenta o projeto do BNDES para o fortalecimento das empresas de comunicação por meio de crédito de R$ 2 bilhões para capital de giro e de R$ 2 bilhões para modernização. Hoje (14), essa comissão criou um grupo para avaliar a proposta do BNDES. Francisco Mesquita Neto diz, porém que as condições para obtenção desses créditos, incluindo o prazo de 5 anos, são inferiores às oferecidas para outros setores da economia. ‘O que não significa que, individualmente, alguma empresa de comunicação do País não possa pleitear o financiamento, uma vez que a restrição de crédito do BNDES às empresas de comunicação foi removida.’

O presidente da ANJ avalia que, após as negociações com o BNDES, que puseram fim a essa restrição, os resultados se mostraram insuficientes. Primeiro, diz Francisco Mesquita Neto, porque ‘o banco levou muito tempo para apresentar uma proposta; segundo, porque o teor dessa proposta ainda mantém as empresas do setor em condições desfavoráveis quanto a prazo e limitação de recursos para a carteira’.

Para Francisco Mesquita Neto, ‘houve um desgaste muito grande para o setor, para a imagem dos meios de comunicação, num processo em que se pleiteava apenas um tratamento isonômico por parte do banco para essas empresas e não vantagens em relação a outros segmentos da economia’.

Já o tempo gasto na avaliação desse programa, diz Francisco Mesquita Neto, fez com que as maiores empresas do setor de mídia encontrassem soluções próprias para equacionar dívidas, como ocorreu com os grupos Abril, Globo, Estado e Folha.

A carta enviada a Lessa agradece aos técnicos que se dedicaram a avaliar o projeto apresentado em nome da mídia pela economista Maria Silvia Bastos Marques, ex-diretora do BNDES e ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, que foi contratada no início do ano passado para elaborar o programa que permitiria aos meios de comunicação o acesso às linhas de crédito do banco tanto para modernização do parque industrial como para capital de giro.’



Maria Fernanda Delmas

‘Empresas de comunicação desistem de programa de crédito do BNDES’, copyright O Globo, 15/07/04

‘As associações que representam as empresas de comunicação do país enviaram na segunda-feira ao presidente do BNDES, Carlos Lessa, uma carta informando que não estão mais interessadas no programa que o banco está desenvolvendo para fortalecer o setor. Segundo a carta, os termos e as condições do programa ‘ficam aquém daqueles habitualmente disponibilizados a outros setores da economia e se afiguram particularmente inócuos para as empresas de comunicação’.

O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Francisco Mesquita Neto, afirmou que, em relação ao que o BNDES oferece a outros setores, os prazos do financiamento às empresas de mídia são mais curtos e as taxas de juros, maiores. Ainda haveria a exigência de que bancos intermediassem o financiamento. Mesquita também acredita que o modelo final do programa vai demorar a sair. O BNDES informou que Lessa já recebeu a carta, mas não comentaria o assunto.

Segundo Mesquita, as companhias conheceram a proposta do banco quando Lessa enviou um ofício, há cerca de um mês e meio, ao presidente da Comissão de Educação do Senado, Osmar Dias (PDT-PR). Lessa informou a Dias que o banco estudaria um crédito de R$ 4 bilhões ao setor de comunicação. Seriam emprestados R$ 2 bilhões para reestruturação de dívidas, que as empresas pagariam com Taxa de Juros de Longo Prazo, mais a remuneração do BNDES de até 5% ao ano e juros do agente financeiro a serem negociados. Para financiar a compra de papel imprensa, haveria R$ 500 milhões, com os mesmos juros. Os outros recursos iriam para investimentos.

Empresas podem recorrer às linhas regulares do BNDES

As conversas do setor de mídia com o governo começaram no início de 2003. No segundo semestre do ano passado, as associações contrataram como assessora Maria Silvia Bastos Marques, ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Ela negociou com técnicos do BNDES, mas as empresas ficaram sem resposta por alguns meses, explicou Mesquita. Apenas quando Lessa pediu o respaldo do Congresso o teor da proposta foi conhecido.

— Nesse tempo todo, muitas empresas resolveram seus problemas — disse Mesquita.

De acordo com o presidente da ANJ, as empresas que acharem necessário podem recorrer às linhas normais do banco. Não há mais a norma do BNDES que impedia o crédito ao setor de mídia. O banco também estuda criar uma linha para financiar capital de giro, que poderia ser outra opção para o setor de comunicação.

A carta foi assinada por Mesquita e pelos presidentes da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Paulo Machado de Carvalho Neto, e da Associação Nacional de Editoras de Revistas (Aner), Carlos Alzugaray. Uma cópia foi enviada ao senador Aloizio Mercadante (PT-SP).’



Guilherme Barros

‘Entidades de mídia manifestam desinteresse por ajuda do BNDES’, copyright Folha de S. Paulo, 15/07/04

‘Depois de mais de um ano de discussão, a ANJ (Associação Nacional de Jornais), a Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) e a Aner (Associação Nacional das Editoras de Revistas) encaminharam uma carta no início desta semana ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) manifestando o desinteresse na proposta apresentada pelo banco de socorro às empresas de comunicação, o Pró-Mídia.

A carta é assinada pelos presidentes das três entidades: Francisco Mesquita (ANJ), Paulo de Machado de Carvalho Neto (Abert) e Carlos Alzugaray (Aner). O BNDES confirmou, por meio de sua assessoria, o recebimento do documento, mas disse que não iria se manifestar.

De acordo com Fernando Martins, diretor-executivo da ANJ, o teor da proposta do BNDES não atende às expectativas do setor. As empresas de mídia começaram a negociar um programa de socorro em janeiro do ano passado. Em outubro, mostraram ao BNDES um estudo sobre o endividamento do setor.

No início de junho, o presidente do BNDES, Carlos Lessa, enviou ofício à Comissão de Educação do Senado com uma proposta de ajuda às empresas de comunicação de R$ 2,5 bilhões, sendo R$ 2 bilhões para refinanciamento de dívidas e R$ 500 milhões para a compra de papel de imprensa produzido no país. O setor queria R$ 5 bilhões. A proposta do BNDES ainda teria de ser analisada pelo Senado. Antes disso, a ANJ, a Abert e a Aner preferiram desistir do Pró-Mídia.’



Mirelle de França

‘BNDES continua aberto a propostas das empresas de comunicação’, copyright O Globo, 16/07/04

‘Um dia depois de o BNDES receber uma carta das empresas de comunicação informando que elas desistiram do programa que estava sendo desenvolvido para fortalecer o setor, o vice-presidente da instituição, Darc Costa, afirmou que o banco continua disposto a receber propostas das companhias.

O executivo considerou um avanço o fato de que as empresas de mídia passaram a ter acesso, este ano, aos financiamentos do BNDES, como os outros setores da economia.

— Fizemos o que era mais relevante para as empresas de mídia, que era inseri-las em nossas políticas operacionais. As companhias abriram mão do programa específico para o setor de mídia e passarão a trabalhar como qualquer outro setor trabalha no BNDES. Acho que esse foi um grande avanço — disse Costa. — Elas (as empresas) não fizeram contraproposta, mas estamos sempre abertos a discutir as questões que nos forem apresentadas.

O vice-presidente do BNDES afirmou, ainda, que as empresas de comunicação conseguiram resolver a maior parte dos seus problemas com recursos próprios, durante o período em que o programa do banco esteve submetido à análise do Senado. Lessa apresentou a proposta da instituição à Comissão de Educação do Senado há um mês e meio.

Na carta, as empresas disseram que as condições do programa do BNDES estavam aquém das oferecidas a outros setores e que o projeto seria inócuo. Segundo Costa, continua aberta a linha de financiamento para compra de máquinas e equipamentos, com recursos de R$ 800 milhões.’