As redes ABC, CBS e NBC planejam dedicar o mesmo tempo de cobertura jornalística às convenções políticas da campanha presidencial dos EUA: um hora por três noites para cada evento. A convenção nacional dos Democratas será de 26 a 29 de julho, em Boston, e a dos Republicanos, de 30 de agosto a dois de setembro, em Nova York. As divisões de jornalismo das emissoras querem compensar a reduzida cobertura televisiva com a ajuda da internet, rádio, e transmissão por TV digital e a cabo.
A diminuição do tempo de programação na TV aberta é justificada com uma crítica aos partidos políticos. Segundo Ted Koppel, apresentador do programa Nightline, da ABC, há alguns anos as convenções viraram ‘mecanismos publicitários ensaiados’. Por esta razão as emissoras voltaram-se para as novas tecnologias como complemento de cobertura para o público que deseja mais informações.
O plano para as próximas convenções é transmitir ao vivo os discursos de aceitação dos indicados a candidatos a presidente e vice-presidente direto de Boston e Nova York. ‘Eu acho que é nossa responsabilidade dar aos partidos a oportunidade de mostrar seus representantes ao público americano’, diz Peter Jennings, responsável pela cobertura da ABC.
A emissora está oferecendo a suas afiliadas cobertura completa através de sua TV digital desde a primeira convenção até a eleição. Já a CBS pretende disponibilizar gratuitamente em seu sítio na internet informações sobre tudo o que acontecer durante as sessões. E a NBC, por sua vez, transmitirá as oito horas por noite das convenções por seu canal a cabo MSNBC.
Na onda dos blogs
A novidade da cobertura desta campanha presidencial é o fenômeno dos blogs. Alguns ‘blogueiros’ – pessoas que escrevem diretamente em suas páginas na internet – foram credenciados e se juntarão aos repórteres de jornais, revistas, rádio e TV durante as convenções dos partidos. Muitos dos blogueiros, entretanto, nunca tiveram treinamento jornalístico e não fazem a mínima questão de serem objetivos.
Por esta razão, há quem ache que eles não deveriam ser colocados na mesma categoria dos jornalistas, como o professor de jornalismo da Universidade do Missouri Tom McPhail. ‘Eles certamente não estão comprometidos com a objetividade dos fatos. Por isso, deveriam ser colocados em uma categoria diferente’, reclama ele.
Já Jay Rosen, professor de jornalismo da Universidade de Nova York – que também escreve para o sítio pressthink.org – vê a novidade como uma espécie de experimento. Segundo ele, pelo menos duas gerações de mídia – impressa e eletrônica – falharam em chamar a atenção dos leitores e espectadores sobre as convenções políticas. Os blogueiros ‘estão chegando frescos. Talvez descubram uma nova maneira de fazer isso’, divaga. Com informações de Elisabeth Wolfe [AP, 13/7/04] e Peter Johnson [USA Today, 14/7/04].