Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Democracia paradoxal

Voltaire já dizia: ‘Não concordo com uma única palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-la’. A epígrafe do filósofo francês aplica-se com perfeição aos escritos de Olavo de Carvalho. E, no caso dele, outra máxima ajuda a entender seu pensamento: ‘A democracia é o mais paradoxal dos regimes, pois, permite a existência de grupos e pessoas que preconizam o fim da própria democracia’. Como jornalista, tocou-me as ilações sobre o, segundo ele, pacto de silêncio e omissão dos jornalistas brasileiros, inclusive, das próprias empresas de comunicação, em torno das atividades do chamado ‘Foro de São Paulo’, fórum de discussões que reúne partidos, movimentos e organizações de esquerda da América Latina.

Olavo de Carvalho arrisca até mesmo uma explicação para o fato de os jornalistas não entenderem ‘a gravidade da situação’. De acordo com ele, é que os jornalistas, ‘ao longo de quatro décadas, foram preparados para isso, dessensibilizados moralmente, padronizados intelectualmente e adestrados na técnica do auto-engano em faculdades de Jornalismo que não admitiam outra ciência senão a dos Bourdieus, dos Foucaults, dos Gramscis e da Escola de Frankfurt’.

Ora, o período histórico a que se refere é, ‘coincidentemente’, o mesmo do regime que, certamente, o autor ainda gostaria de ver vigente no Brasil. Ou não?

Marcos Aparecido Rodrigues Alves, jornalista, Campinas, SP



Na UTI com Tancredo

Não é a primeira vez que fatos gravíssimos dessa natureza acontecem neste país. Basta regressarmos no tempo e tirarmos dos arquivos de nossas mentes quando Tancredo Neves estava hospitalizado: enxurradas de inconseqüentes, que fazem todo tipo de mal e nenhum bem, para estar sob os holofotes da imprensa e posar de salvador da pátria e prestador de serviços ao bem comum, lotavam a UTI onde o paciente estava internado e, lembro-me bem, um deles foi o Sr. Ulisses Guimarães.

Não obstante esse aspecto, há um outro mais nocivo e impregnado de bactérias altamente letais (…): falha também e drasticamente o corpo clínico do hospital, que ali está para zelar pelo bem-estar dos pacientes, e não servir de catapulta a políticos insensíveis. Pergunta-se: onde está o CRM? Haverá um dia, e não está tão distante, que toda a sociedade saberá distinguir pessoas nocivas travestidas de entes do bem, e dar-lhes os cartões vermelhos do ostracismo e do esquecimento, os troféus que eles concretamente merecem.

Lúcio Reis, aposentado, Belém