Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Não é o caso

Fiquei muito surpreso ao ler o título dessa matéria. Se Einstein fosse mesmo uma fraude seria uma mancha na história da ciência. Mas não acho que seja esse o caso. Essa teoria tem sido testada e confirmada ao longo dos anos em diversos experimentos. Se o experimento de 1919 teve os seus resultado manipulados é culpa exclusiva de Arthur Eddington e seus assistentes. A questão da fórmula E=mc2 me parece ser secundária. A Teoria da Relatividade é muito mais do que isso. Ela também faz previsões quanto a velocidade e tempo. Por exemplo, prevê que a velocidade máxima de um objeto no espaço é limitada pela velocidade da luz.

A famosa equação E=mc2 diz somente que matéria pode ser convertida em energia e vice-versa. Caso ela tenha sido deduzida anteriormente, fica a dúvida: era do conhecimento de Einstein? Ele faz alguma referência ao trabalho de Poincaré? Pelo que sei o trabalho do Einstein foi publicado em artigos. Se a equação já tinha sido deduzida, por que os revisores dos respectivos artigos não apontaram para esse fato? Isso também é responsabilidade deles.

A matéria ainda sugere que Einstein tenha sido incapaz de conceber a Teoria da Relatividade. É importante lembrar que ele nunca ganhou o Prêmio Nobel por essa teoria, muito polêmica na época. Mas ganhou, sim, um Nobel pela teoria do efeito fotoelétrico em 1922. Einstein sugeriu ao governo americano que construísse a bomba atômica pois temia que a Alemanha nazista pudesse fazê-lo antes. Além disso, ele era um físico teórico preocupado mais com assuntos ligados à cosmologia e à astrofísica. Depois da publicação da Teoria da Relatividade, a construção da bomba atômica se tornou um problema de engenharia e física nuclear, que contava com cientistas tão brilhantes quanto Einstein, como Richard Feyman, Enrico Fermi e Neils Bohr.

Cristiano Brudna, engenheiro eletrônico, Ulm, Alemanha



Questão histórica

O autor está tratando de um típico problema de História da Ciência, e, por isso, está consultando as pessoas erradas. Em lugar de perguntar a Lattes, Gleiser e até Nassif (?), deve se dirigir aos especialistas, que lidam com os documentos e estudam questões de prioridade profissionalmente. Sugiro aqui alguns nomes: Geral Holton (holton@physics.harvard.edu), Roberto de Andrade Marins (martins@ifi.unicamp.br), Ildeu de Castro Moreira (ildeu@if.ufrj.br), John Stachel (stachel@physics.bu.edu).

Esta questão é terreno muito, muito batido. Todas as suas perplexidades já foram, de há muito, levantadas e respondidas. Contudo, não lhe darei a resposta, já que sou um físico, e não um historiador da ciência. Abraço,

Gentil Correa, físico, Santo Amaro da Imperatriz, SC