Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Arafat proíbe cobertura de conflitos populares

O presidente palestino Yasser Arafat resolveu censurar a imprensa como uma das medidas para recuperar o controle sobre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, que recentemente passaram por dias de instabilidade e conflitos de rua entre grupos rivais – no dia 18/7, por exemplo, 12 pessoas morreram num tiroteio em Rafah. A desordem foi desencadeada pela indicação de um primo de Arafat, Musa Arafat, como chefe de segurança dos territórios palestinos. Por meio do Sindicato de Jornalistas da Palestina, organização controlada por seus correligionários, o presidente ditou uma ordem proibindo a cobertura dos conflitos pela imprensa.

O comunicado dizia que infratores seriam punidos, mas não especificava qual seria a punição. Embora a proibição valha apenas para profissionais locais, na prática ela limita a cobertura de veículos internacionais também, porque seus funcionários são palestinos. A última vez em que a Autoridade Palestina tomou uma medida deste tipo foi em 2001, quando proibiu a divulgação de imagens das comemorações populares em Nablus e Belém após os ataques terroristas contra o World Trade Center e o Pentágono. Um funcionário palestino não-identificado ouvido pelo jornal canadense The Globe and Mail [21/7/04], disse que a cobertura dos distúrbios atuais poderia estimular mais violência.

O Comitê de Proteção a Jornalistas [22/7/04] noticia que repórteres das redes árabes Al Jazira e Al Arabiya dizem ter recebido, na semana passada, ligações ameaçadoras de uma pessoa que se identificou como agente de segurança da Autoridade Palestina e de outra que disse ser integrante de uma facção dissidente do Fatah, o partido de Arafat. Eles reclamavam da cobertura dos conflitos populares feita pelas emissoras.

Segundo reporta o jornal israelense Jerusalem Post, vários jornalistas palestinos receberam ligações com ameaças de morte para que não cobrissem uma grande passeata contra Arafat na cidade de Gaza. Alguns deles disseram que não cobrem mais os protestos. Outros deixaram de assinar suas matérias, com medo de represálias. O diário afirma que as ameaças contra os profissionais foram feitas por apoiadores de Arafat e também por oposicionistas.