Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Etienne Jacintho

‘Morena, sexy, nascida em Petrópolis, com duplo título de miss, comanda um programa de TV com cinco horas de duração, já estrelou um filme e gravou dois CDs. O nome da celebridade é Jana Ina – quer dizer, o artístico, claro! Não conhece? Você pode não saber quem é, mas os alemães a conhecem muito bem e estão boquiabertos (e babando) com a beleza e desenvoltura da brasileira que é sucesso na NBC Europe.

Janaína Berenhauser, de 27 anos, ex-Miss Rio de Janeiro, não conseguiu um lugar na TV brasileira, mas ganhou a simpatia dos alemães depois de participar do concurso Miss Intercontinental, em 1998, realizado naquele país e cuja vaga nasceu de uma 6.ª colocação no concurso de Miss Brasil de 1997. ‘Sempre quis ser apresentadora de noticiários’, conta Jana Ina. ‘Até estudei jornalismo para isso.’

Porém a chance na TV brasileira não apareceu. ‘Foi uma decepção’, lamenta Jana Ina, que começou a receber convites para trabalhar em comerciais na Alemanha, após a vitória no concurso. Para saltar da publicidade para um programa de TV não demorou muito – apenas o tempo de aprender o idioma local, pois, apesar do sobrenome, a morena não sabia nada de alemão. ‘Falava inglês e espanhol fluente’, diz. ‘Mas sempre tive facilidade para aprender línguas.’

Um ano foi o suficiente para Jana Ina arriscar um trabalho na TV. Foi assistente de programas de auditório de redes públicas alemãs como o Guinness Show, em que pessoas tentavam, de qualquer maneira, entrar para o Livro dos Recordes. Em março deste ano ganhou Giga, programa de variedades diário, que começa às 15 e termina às 20 horas. Haja fôlego!

A brasileira conta com a ajuda de repórteres alemães de diferentes áreas (cultura, informática, etc.) e ainda recebe convidados para entrevistas. Há participação do público por meio de telefone e internet.

Claro que o alemão da moça não é perfeito. ‘Mas o público adora o sotaque e as frases erradas. Eles acham bonitinho’, alega Jana Ina. ‘Tem muita gente que trabalha na TV alemã que não é alemão.’ Essa, aliás, é uma tendência das TVs européias.

Janaína Berenhauser se tornou Jana Ina para abandonar o sobrenome alemão e apagar qualquer traço que ofuscasse seu exotismo. ‘Além disso, as pessoas não conseguiam falar Janaína. Era complicado e comprido demais’, diz. Ela foi, então, induzida pela agente a mudar seu nome. A morena admite que o segredo de seu sucesso é o fato de ter um biótipo diferente para os padrões alemães.

Polivalente – Como Jana Ina fez parte do coral das Meninas Cantoras de Petrópolis, sempre quis se aventurar por essas bandas. Foi também na Alemanha que a artista realizou seu sonho. Já gravou dois álbuns com canções que classifica como ‘latin pop’, escritas por seu produtor especialmente para ela. ‘São músicas de verão’, explica.

Além de TV e música, a brasileira também provou o gostinho de fazer cinema.

Samba in Mettmann (nome de uma cidade alemã) foi o primeiro longa-metragem protagonizado por Jana Ina e não deverá ser o único. A apresentadora/atriz/cantora já recebeu outras propostas.

Feijão com arroz – Tudo vai bem, porém, Jana Ina deixa claro que ‘ralou muito’ para chegar aonde está. ‘O maior desafio foi aprender alemão’, afirma. ‘Fazia aula duas vezes por semana, assistia à TV alemã… O povo aqui (na Alemanha) valoriza isso e sinto muito orgulho.’ Por todos esses aspectos, a morena não pensa em voltar para o Brasil tão cedo.

Ela quer aproveitar – ‘enquanto ainda sou jovem e agüento ficar sozinha -, mas não disfarça a saudade do País, onde estão seus amigos e parentes.

A adaptação na Alemanha não foi fácil. ‘Sinto até hoje falta do calor humano, daquela coisa de dar dois beijinhos quando conhece alguém, sentar em uma mesa e já ficar amigo’, diz Jana Ina. ‘Também faz falta o céu azul e o sol do verão brasileiro.’ Mas, acima de tudo, a saudade maior é do feijão com arroz. ‘Quando minha mãe vem para cá traz um monte para eu guardar na despensa’, diz a brasileira, que já está há 5 anos morando na Alemanha. Até seu português já está ganhando um certo sotaque, uma vez que seus amigos, hoje, são todos alemães.

Jana Ina mora em Colônia, cidade onde, segundo ela, moram vários brasileiros. ‘Mas só trabalho com alemães e só tenho contato com eles’, fala. Nas horas de lazer, a morena costuma sair para jantar e é avessa às baladas noturnas. ‘Não fumo, não bebo e minhas amigas me acham até careta!’, brinca.

A brasileira tem uma página na internet. Para conhecer mais sobre ela, acesse o site www.jana-ina.com, com fotos, biografia e, o mais importante, link para a língua inglesa.’



MULTISHOW
Keila Jimenez

‘Multishow já planeja retrospectiva’, copyright O Estado de S. Paulo, 30/07/04

‘O Multishow está escolhendo cinco personalidades, de segmentos diferentes, para encabeçar uma megaretrospectiva dos fatos mais importantes do ano que o canal pretende fazer em dezembro.

O projeto está entre os planos que foram aprovados por executivos do canal pago em uma reunião realizada no Rio de Janeiro na terça-feira passada. O encontro serviu para a direção analisar as idéias mais cotadas para a programação deste segundo semestre.

O Multishow está recebendo até amanhã projetos de produção e pilotos candidatos a integrar a grade de programação do canal neste ano ou no início de 2005. A emissora abriu as portas para idéias de produtoras independentes que tenham a ver com a imagem que Multishow pretende consolidar, que é a de canal jovem, com programação voltada especificamente para o público de 18 a 34 anos. O Multishow é hoje o canal pago de maior audiência na faixa etária que vai dos 12 aos 25 anos.

Essa estratégia começou a ganhar corpo em abril deste ano com a estréia de atrações voltadas para essa audiência, como o Tribos – que era apresentado por Paulinho Vilhena – e a faixa Mandou Bem, comanda por Danielle Suzuki. No horário, a moça apresenta de novas bandas a séries enlatadas cults. O Tribos continuará em cena, mas continua sem um novo apresentador definido.

O canal aposta ainda em uma faixa horária dedicada ao ‘besteirol’ – que o público jovem adora – que traz programas como Banzai e Mad TV, que estréia amanhã na emissora.

Enquanto a direção analisa os outros projetos, o Multishow já está produzindo a tal retrospectiva sob o olhar de personalidades.

O canal pretende convidar um esportista, um cantor e celebridades de segmentos variados para comentarem os acontecimentos de 2004, em especial, na área do show biz, claro. A cada dia da semana um dos eleitos dirá o que mais causou impacto neste ano. O canal começa a selecionar os convidados para tanto.’



ENTREVISTA / ARLETE SIARETTA
Leila Reis

‘Casablanca quer fazer outra novela’, copyright O Estado de S. Paulo, 29/07/04

‘Arlete Siaretta, 51 anos, é uma mulher polêmica. Inventou a novela/reality show ao colocar no ar, ao vivo, cirurgias plásticas – Metamorphoses, cujos primeiros 25 capítulos foram assinados por Charlotte K., personagem que criou para si. Desistiu da função por ter apanhado demais da mídia, diz. Dona da bem-sucedida produtora Casablanca, Arlete diz que mudou a cara da TV ao bancar a produção de A Turma do Gueto – uma das melhores audiências da Record mesmo na reprise – e está negociando com a emissora a realização de um reality show que dará prêmio e emprego ao vencedor.

Estado – Como será o seu reality show para a Record?

Arlete Siaretta – Está em fase de estruturação, estou para assinar contrato com a Record. A idéia é colocar o programa no ar depois das eleições.

Estado – É verdade que o publicitário Roberto Justus será o apresentador?

Arlete – A Record fez uma pesquisa sobre os homens que mais representam o sucesso e ele foi apontado com o ideal. O convite ainda não foi feito, mas é claro que ele vai topar.

Estado – Quanto vai custar?

Arlete – Serão 15 programas a um custo entre US$ 50 e 80 mil cada. Isso não inclui o cachê do apresentador e nem o prêmio do ganhador, que deverá ser de R$ 250 mil, mais o emprego.

Estado – A Casablanca acabou de filmar uma minissérie para a emissora japonesa NHK. Como foi?

Arlete – Fomos escolhidos entre dez produtores (entre eles, a Globo e a Conspiração Filmes) para produzir, fazer a direção de arte e escolher elenco de Cartas Perdidas. Eles vieram com o roteiro e uma equipe para a captação das imagens. Além disso, fizemos a transmissão do material gravado para Tóquio, onde será gravada a parte japonesa da história. Foi importante porque o Brasil entrou na rota de produção da emissora que é a número 1 do Japão. Depois de 54 dias trabalhando, eles nos disseram que sentiram que a imagem que tinham do Brasil era errada. Que nós somos profissionais e organizados.

Estado – ‘A Turma do Gueto’ continua?

Arlete – Essa é uma experiência feliz para a Record e para a Casablanca.

Produzimos 80 capítulos e mesmo em reprise (há dois meses) continua sendo um dos melhores ibopes da Record. No ano que vem voltamos a produzir porque tem olimpíadas, eleições e a Record está rearranjando a sua programação. A Turma do Gueto mudou a cara da TV, o Brasil começou a aceitar a sua miscigenação.

TV funciona assim: as pessoas gostam de assistir para se reconhecer ou para fugir do que elas são. Isso foi claro com o seriado. Além disso, deu oportunidade para atores que logo foram chamados por outras emissoras.

Estado – Por que a novela ‘Metamorphoses’ deu errado?

Arlete – Pelo contrário, deu muito certo. Não deu muito ibope, mas trouxe uma audiência qualificada e mais dinheiro para a Record. Metamorphoses trouxe um outro tipo de anunciante para a emissora.

Estado – Por que as críticas foram tão duras?

Arlete – Quando fiz A Turma do Gueto ninguém ligou porque não acreditou no projeto. Com a novela foi diferente, assustou todo mundo. Na estréia, a Globo nem fez intervalo comercial e o Gugu mostrou uma reportagem sobre cirurgia plástica. Afinal, a Casablanca é uma produtora de renome internacional, que usa equipamentos muito sofisticados.

Estado – Por que mudou tanto a equipe?

Arlete – Não mudou tanto. A Tizuka cumpriu o contrato inteiro, mas ao mesmo tempo em que dirigia a novela estava captando recursos para o Gaijin 2.

Paulo Betti saiu porque o personagem dele foi exonerado da polícia, mas pode voltar a qualquer hora. Luciano Szafir, Vanessa Lóes, Zezé Motta, Luciene Adami, todos continuam nessa nova fase.

Estado – Até quando vai a novela?

Arlete – Se não houver renovação, vai até 30 de agosto. Mas a idéia é renovar o contrato para fazer outra novela no ano que vem.

Estado – Qual é o projeto dos seus sonhos?

Arlete – É fazer um longa-metragem com um roteiro meu, uma história de amor.

Estado – O que dá mais dinheiro para a Casablanca: cinema ou TV?

Arlete – Nós fizemos 25 filmes no ano passado e estamos co-produzindo Eliana e os Golfinhos. Mas o que dá mais dinheiro são comerciais de TV.’