Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Luciana Rodrigues

‘Em nova iniciativa para fomentar o debate sobre o desenvolvimento do Estado do Rio, o jornal O GLOBO vai promover um concurso para premiar dissertações de mestrado e teses de doutorado, nas áreas de economia e ciências sociais, sobre este tema. Em sua primeira edição, o Prêmio O GLOBO de Revitalização do Rio 2005 receberá inscrições a partir de 2 de maio. O objetivo é incentivar a produção acadêmica que contribua para a formulação de políticas públicas para o desenvolvimento do Rio.

O vencedor do projeto de doutorado levará R$ 6 mil e o de mestrado, R$ 4 mil. Os trabalhos serão analisados por uma banca formada por cinco especialistas de diferentes formações e linhas de pensamento.

A idéia do prêmio surgiu na redação do GLOBO devido à constatação de que o Rio, apesar de abrigar importantes universidades e centros de pesquisa, tem pouca tradição de discutir a questão regional. Diante do processo de degradação econômica e social pelo qual o Rio vem passando há décadas, o jornal decidiu criar um incentivo a trabalhos que, de alguma maneira, ajudem a entender a sociedade carioca e fluminense.

Para Firjan, prêmio é ‘mais do que bem-vindo’

O lançamento do prêmio foi comemorado por entidades empresariais e institutos de pesquisa do estado.

– Todos nós temos carência de informações econômicas sobre o Rio e o prêmio é mais do que bem-vindo – disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira.

O diretor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur), da UFRJ, Carlos Vainer, destacou que é preciso divulgar pesquisas que levem em conta o desenvolvimento em seu espaço mais imediato: a cidade e o estado.

– O Rio tem uma tradição de discutir temas nacionais e internacionais, o que é positivo. Mas é importante debater também o regional.

Iuperj aposta em ponte entre academia e empresários

O prêmio está sendo organizado pelo economista Mauro Osório, autor de uma tese de doutorado sobre a crise do Rio, defendida no Ippur. Para Osório, o reduzido número de trabalhos sobre desenvolvimento regional é reflexo do nosso passado de capital federal. Como o Rio é a referência do Brasil no mundo, acaba tendo como referência um plano nacional:

– O Rio não tem o hábito de pensar sobre si. O prêmio cai como uma luva e ajudará a preencher essa lacuna. Em São Paulo e em Minas, há toda uma massa crítica de pesquisas sobre desenvolvimento local. No Rio, ainda não.

O presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), Simon Schwartzman, lembra que a crise fluminense tem especificidades que a diferenciam da realidade nacional.

– É preciso discutir o interior do estado, que está muito esvaziado, e os problemas de coordenação na Região Metropolitana.

O diretor-executivo do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Fabiano Santos, acredita que o prêmio pode ajudar a construir uma ponte entre a academia e o empresariado fluminense. Um dos sintomas da crise no estado, diz Santos, é a falta de integração entre suas elites intelectuais e econômicas.

– O prêmio pode ajudar a criar um debate mais balizado.

Para a historiadora Marieta de Moraes Ferreira, que será a presidente da banca que vai escolher os trabalhos premiados, o prêmio terá ainda a importante função de divulgar pesquisas que, de outro modo, ficariam cerradas na academia:

– Por outro lado, há um desconhecimento muito grande na sociedade sobre a história e a trajetória econômica do Rio.’



VALOR PREMIA
O Globo

‘‘Valor’ premia empresários de 22 setores da economia brasileira’, copyright O Globo, 18/04/05

‘O jornal ‘Valor Econômico’ homenageia hoje os executivos que mais inovaram no ano passado, em 22 setores da economia brasileira. Na quinta edição do prêmio ‘Executivo de Valor’, que será entregue no Hotel Unique, em São Paulo, há empresários que já se destacaram em vários anos. É o caso do presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, e de José Carlos Grubisich, presidente da Braskem, que recebem o prêmio pelo quarto ano seguido.

Já Rogério Fasano, dono do restaurante de mesmo nome e de outros empreendimentos, será premiado pela primeira vez. Os empresários foram selecionados por um júri composto por dez empresas de headhunting .

Ao lado de executivos consagrados, três jovens empresários – com idades que variam de 28 a 41 anos – marcam presença na premiação: Adriano Schincariol, diretor de Marketing da Schincariol; Constantino de Oliveira Junior, presidente da Gol, e Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas.

Presidente das Casas Bahiatem segundo prêmio seguido

Do setor financeiro, os ganhadores são Fábio Barbosa, presidente do ABN Amro – pelo segundo ano consecutivo – e Eduardo Bom Ângelo, diretor-presidente da Brasilprev. No varejo, o homenageado é Samuel Klein, presidente das Casas Bahia – que já recebeu o prêmio em 2004.

Entre os nomes da indústria estão ainda Pedro Luiz Passos, presidente da Natura; Jorge Gerdau Johannpeter, presidente da Gerdau; e Rubens Silveira Mello, presidente da Cosan. Serão premiados também o diretor-presidente da Matec, Luiz Augusto Milano, o presidente da Eli Lilly, Philippe Prufer, o presidente da VCP, José Luciano Penido, e o diretor-presidente da WEG, Décio da Silva.

Outro diretor-presidente de uma empresa do ramo de aviação será homenageado: Maurício Botelho, da Embraer. No ramo de telecomunicações e tecnologia, os escolhidos são Manoel Amorim, Rogério Oliveira e Emílio Umeoka, presidentes da Telefônica, da IBM e da Microsoft, respectivamente.

Em eletroeletrônica e energia elétrica, Adilson Primo, diretor-presidente da Siemens, e Eduardo Bernini, presidente da AES/Eletropaulo, são os premiados.’



JORNALISMO CIENTÍFICO
Carlos Tautz

‘Lobby travestido de ‘ação cidadã’’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 14/04/05

‘O que é uma ‘ação cidadã’? Se fosse desenvolvida por um cidadão, pessoa física, poderíamos defini-la como aquela ação de um membro do coletivo em prol do equilíbrio desse grupo. Bela manifestação de vida em conjunto, não? É. Mas quando a expressão ‘ação cidadã’ passa a ser utilizada como estratégia de relações públicas de uma empresa privada ou estatal, nacional ou multi -, há que se ligar aquele instrumento cuja calibragem deveria ser eternamente alta entre os jornalistas: o desconfiômetro.

Pois, as ‘ações cidadãs’ de um sem número de empresas que atuam nos mais perversos ramos desde a fabricação de armas a venenos agrícolas, passando por aquelas da cadeia de produção do tabaco, vêm se multiplicando e adquirindo um modo de operar pra lá de produtivo (para os seus objetivos): contratam consultorias para elaborar atraentes materiais didáticos e os veiculam através de publicações com alto grau de credibilidade, geralmente em escolas, onde praticariam as tais ‘ações cidadãs’, também conhecidas como de ‘responsabilidade social’.

A ação, na verdade, é ainda mais perversa porque ataca cidadãos em idades baixas, em plena formação da sua visão de mundo. Acabam convencidos por uma estratégia cujo efeito vai durar por dezenas de anos e que, de quebra, os transforma em consumidores contentes de produtos cuja existência já deveria ter sido há muito banida. Vários desses projetos ainda por cima gozam de renúncias fiscais e incentivos ‘culturais’ de toda sorte, afetando o seu, o meu, o nosso sagrado dinheiro arrancado de nossos bolsos sob a alcunha apropriada de ‘imposto’.

Dessa maneira, essas empresas objetivam legitimar-se através do convencimento de públicos que estão entre os mais capazes de amplificar determinada informação: crianças, professores e demais leitores. Em média, todos são do tipo informados, que não duvidam em emitir sua opinião e, justamente por fazê-lo de forma assertiva por confiante, têm um poder de convencimento assustador.

Claro que profissionais de educação, estudantes e consumidores de informação possuem senso crítico. Reagem de várias maneiras desde a simples desconsideração daquela informação até o confronto aberto com o repassador dos dados. Mas um número grande termina por assimilar determinadas informações-chave ou até a própria lógica de produção da informação. A estratégia sai vitoriosa. E o assimilador se torna um bom e eterno cliente útil.

Na área de meio ambiente, a estratégia já está consagrada entre publicações de vários portes. Ela ajuda a conformar uma noção social de acesso a recursos naturais como sendo direito de poucas empresas, que teriam desenvolvido tecnologia patenteada para utilizar esses recursos em produtos supostamente inovadores, o que lhes garantiria o direito de, agora, vendê-los como coisa nova e protegida por leis de propriedade industrial e intelectual.

Até a água que juntamente com o ar é o bem mais essencial à reprodução da vida vem se tornando progressivamente escassa na natureza e apenas disponível canalizada, engarrafada, rotulada, em um processo que lembra muito a história de escassez induzida do petróleo.

Causadoras de impactos sociais e ambientais, muitas empresas adotam essas estratégias de convencimento tão sutis quanto eficazes e agressivas e sempre são bem sucedidas nas abordagens às direções das publicações, principalmente de algumas especializadas, porque, afinal, o mar dos contratos publicitários não está para peixe. Nem mesmo para os maiores peixes do oceano midiático, que mundo afora não cansam de trombetear a péssima fase por que passariam – apesar de vários deles o fazerem apenas como cortina de fumaça sobre os crescentes lucros obtidos.

A receptividade a essas abordagens é grande inclusive em publicações tradicionais e reconhecidas pela sua trajetória jornalística. Deixam-se gostosamente levar pelo canto da sereia do reembolso publicitário rápido e da ampliação das tiragens para veicular, embutido em seu corpo, material pretensamente didático, mas que no fundo não passa mesmo de peça estratégica de lobby.

E, por favor, não exijam aqui nomes, porque a indústria de ações judiciais contra jornalistas que ainda ousam tocar nas feridas abertas da nossa imprensa é feroz e aumenta no Brasil

Apenas sejam jornalistas. Exercitem a curiosidade crítica e percebam o golpe contra a consciência de crianças, professores e leitores que está sendo cometido no horizonte, através do trabalho de jornalistas, que deveriam estar no lado contrário: o de provedores de informação minimamente equilibrada, indispensável para o exercício pleno e verdadeiro da cidadania.’



JORNALISMO CULTURAL
Ana Maria Bahiana

‘A salsicha e a lei’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 13/04/05

‘Participei esta semana de um evento que deveria ter tido mais cobertura – o Primeiro Seminário de Direito do Entretenimento promovido pela Comissão de Direito Autoral e do Entretenimento da Ordem dos Advogados do Brasil. O tema não é obscuro – ele permeia toda a questão da produção e consumo de bens culturais, especialmente no momento em que, pelo relato de vários observadores e analistas, tudo converge para um grande e mesmo conceito, ‘conteúdo’. E o encontro, por si só, coloca o Brasil em paridade com os grandes centros produtores de bens culturais, onde as inúmeras ramificações dessa convergência são continuamente discutidas. (Ainda há tempo, pauteiros: visitem o site http://www.oab-rj.org.br)

O quadro composto pelas diversas exposições não podia ser mais interessante-_ como quase tudo no Brasil recente, ele mostra um país que se movimenta num curioso ritmo onde extrema rapidez e total imobilidade se sucedem e muitas vezes convivem lado a lado, e onde grandes saltos de uma coisa-_ a tecnologia, o mercado – são dados sem a companhia de seu par natural -a legislação, a produção. E vice-versa.

Descobre-se, por exemplo, uma indústria de produtos musicais que já foi extraordinariamente organizada, produtiva e benéfica para todos, produtores e consumidores, que já soube colher as benesses de uma bem pensada e bem aplicada legislação de renúncia fiscal e que, hoje, parece tragada por um redemoinho que se recusa a compreender e imobilizada pelo engessamento corporativo.

A ladainha de diatribes contra a pirataria e de auto-flagelações por conta da lentidão em adotar novas mídias foi sabiamente interrompida por Fafá de Belém que, como artista e dona de gravadora independente, queria saber por que os lentos gigantes da música gravada ainda dependiam tanto de um rádio caro e corrupto, e por que tinham se descuidado tanto daquilo que afinal lhes dava a certeza da longevidade – o repertório de qualidade.

Nota-se uma comunidade de produção audiovisual ainda alguns passos atrás dessa crise, com uma certa dificuldade em se definir como ‘industria’ mas talvez um pouco mais flexível e capaz de queimar etapas, saltar adiante de problemas que estão paralisando seus pares em outras partes do mundo. É sempre muito mais fácil corrigir o que ainda não foi feito.

E ouve-se Luiz Carlos Barreto, citando um amigo, dar uma definição e tanto: ‘lei é que nem salsicha – se a gente soubesse como foi feita e o que tem dentro, não engolia.’ Isso porque algumas de nossas melhores e mais eficientes leis no setor de direitos autorais e entretenimento nasceram sob o tacão da ditadura, enquanto períodos mais leves deram crias que seriam engraçadas se não fossem trágicas – o felizmente congelado projeto da Ancinav, por exemplo.

Tudo isso rende matéria, e matéria boa, porque revela em grande angular de onde vem e para onde vai nossa produção e nosso consumo de entretenimento. E põe em pauta, enfim, aquilo que transcende o trivial.’



CRÔNICA ESPORTIVA
Marcelo Russio

‘Aplaudindo surra em bêbado’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 11/04/05

‘Olá, amigos. A semana que passou foi de uma surpresa, pelo menos para mim, muito grande. No mesmo dia tivemos Corinthians x Cianorte e Santos x LDU. O primeiro válido pela Copa do Brasil, e o segundo pela Libertadores da América.

No primeiro jogo, o Corinthians, que havia levado bisonhamente uma sova de 3 a 0 no jogo de ida, precisava vencer por três gols de diferença para ir para os pênaltis. Venceu por 5 a 1 jogando uma bela partida, apoiado maciçamente por sua torcida e classificando- se com autoridade. No segundo, o Santos, que precisava vencer de qualquer maneira, venceu por 3 a 1 com um show de Robinho, o melhor jogador brasileiro da atualidade. Teoricamente, o espaço aos dois jogos deveria ser o mesmo nos programas esportivos da hora do almoço e nos jornais. Mas o que se viu foi, na minha opinião, uma total inversão de valores.

A vitória de 5 a 1 do Corinthians sobre o Cianorte, time pequeno do norte do Paraná, sem expressão e sem qualquer pretensão a longo prazo, era uma obrigação. O Cianorte tem folha de pagamento de R$ 75 mil, provavelmente dois ou três dias de salário de Tévez. Golear esse time era mais que obrigação, era dever. Vergonha foi ter perdido como perdeu por 3 a 0 na partida de ida.

Notícia de verdade foi o espetáculo que a torcida deu no estádio. Cantou, vibrou, empurrou o time e foi tudo que uma torcida de clube de massa deve ser. Comemorou como um título a classificação para a próxima fase da Copa do Brasil. Perfeito, estava em seu papel, mas dar ares de dia histórico, com todo o respeito, foi oportunismo da imprensa que faz valer mais venda de jornal do que bom jornalismo.

Se o Corinthians tivesse perdido de 3 a 0 a partida de ida para o Grêmio, o Flamengo, o Palmeiras, o Cruzeiro, o Vitória ou qualquer outro grande clube, e tivesse virado o panorama para 5 a 1 em casa, classificando-se exatamente como fez, teria escrito uma página de ouro em sua história. Ainda mais com a mobilização que teve a sua torcida, que não raro é lembrada pelas ameaças a jogadores e pelos espetáculos de invasão de treinos de forma truculenta. Mas foi contra o Cianorte, time cujo presidente e jogadores declararam diversas vezes torcer para o próprio Corinthians. Encher páginas e páginas de jornais e preencher preciosos minutos de programas de TV com a cobertura da ‘histórica’ vitória de 5 a 1 sobre o Cianorte por uma fase inicial da Copa do Brasil, sinceramente, é demais.

Com isso tudo, o show de Robinho contra a LDU, esse time também um autêntico saco de pancadas da Libertadores, acabou ficando esquecido ou em segundo plano. Nossos jornais e programas de TV acabaram aplaudindo uma surra em bêbado e esquecendo outra. Foram, portanto, dois pesos e duas medidas, numa clara demonstração que o que vale é agradar a quem compra mais jornal e dá mais Ibope, e não fazer o jornalismo mais imparcial e equilibrado.

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Trecho da transmissão da Copa do Mundo de ginástica olímpica do Esporte Espetacular, da Globo:

Galvão Bueno: ‘(…) a ginasta chinesa está sendo ovacionada pelo público!!’ Mauro Tagliaferri: ‘Não, Galvão. A ovação é para Daiane dos Santos, que apareceu na área de competição e se apresenta logo a seguir.’ Galvão Bueno: ‘Eu bem que desconfiei…’

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Belíssimo o documentário transmitido pela ESPN Brasil sobre Maradona no último domingo. Intitulado ‘Maradona: A queda de um Deus’, o programa trouxe imagens inéditas e depoimentos muito interessantes, como o do próprio Maradona, ainda garoto, dizendo ter o sonho de disputar e ganhar uma Copa do Mundo. Mais um golaço da emissora.

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Posso ter me enganado, mas não vi nenhum destaque maior ao fato de Hortência ter sido eleita para o Hall da Fama do basquete mundial. Foi a primeira sul-americana a conseguir tal feito. Uma pena isso não ter sido registrado com mais ênfase. O feito é histórico, e deveria ter sido dada maior importância a ele.’