Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Marcelo Salinas


‘Governador de Minas Gerais e neto de Tancredo Neves, Aécio Neves (PSDB), criticou ontem declarações de médicos que contestaram a versão oficial sobre a doença que provocou a morte de seu avô, primeiro civil eleito presidente depois da ditadura militar (1964-1985). As afirmações que motivaram as reações de Aécio foram exibidas no ‘Fantástico’, da TV Globo, anteontem.


Tancredo morreu em 21 de abril de 1985, pouco mais de três meses após ter sido eleito pelo Colégio Eleitoral. Na reportagem de anteontem, o patologista Élcio Mizziara, de Brasília, diz ter emitido um laudo com informações falsas a respeito da saúde do presidente eleito, a fim, segundo disse, de não alarmar a população sobre ‘o medo de que não tenhamos a posse do presidente’.


Segundo Mizziara, se divulgasse o tumor benigno de Tancredo antes da posse, a população acharia que ele morreria de câncer. Mizziara afirmou ter justificado assim sua atitude: ‘Eu não posso fazer uma coisa que contraria o código de ética médica, mas, considerando a situação atual, o medo de que não tenhamos a posse do presidente (…) eu faço um outro laudo. Em vez de dizer que ele tem leiomioma infectado [tumor benigno], vou colocar diverticulite aguda temporária.’


Sobre o caso, Aécio afirmou que ‘a matéria publicada ontem [anteontem] me encheu de indignação e perplexidade, com aleivosias absolutamente fora do contexto e que, de alguma forma, deturparam o que aconteceu’.


O governador mineiro esteve ontem à noite no programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura, e disse ‘que não é médico’ e que não iria entrar em detalhes sobre a morte do avô, mas que repudia a versão de que Tancredo vinha se automedicando há um ano, conforme afirmou o médico George Washington Cunha, no ‘Fantástico’.


Cunha afirmou que Tancredo estava doente já havia um ano e que tomava, por conta própria, seis medicamentos durante as crises, receitados por um farmacêutico em São João Del Rey, em Minas Gerais.


Outros membros da família de Tancredo também se manifestaram ontem. Em nota divulgada pelo ‘Jornal Nacional’, filhos de Tancredo disseram que a acusação de Cunha ‘beira o ridículo’.


A família disse lamentar também as informações do infectologista David Uip, segundo quem o presidente eleito chegou ao hospital de Base, em Brasília, com poucas chances de recuperação.


‘Ele tinha uma possibilidade de sobrevida muito limitada, mesmo antes da cirurgia. Ele era um paciente de alto risco já ao chegar ao Hospital de Base de Brasília’.


A reportagem do ‘Fantástico’ revela que o presidente teria morrido por causa de um quadro desconhecido na época, a síndrome da resposta inflamatória sistêmica, e não por ‘infecção generalizada’, como dizia o laudo oficial. Colaborou PAULO PEIXOTO da Agência Folha, em Belo Horizonte’



O Globo


‘Família de Tancredo critica nova versão sobre morte’, copyright O Globo, 19/04/05


‘A família do presidente eleito Tancredo Neves – que morreu em 1985 sem tomar posse no cargo – divulgou ontem nota criticando a nova versão para a causa da morte do presidente divulgada em reportagem do ‘Fantástico’ anteontem. Após reunir os 11 médicos que cuidaram de Tancredo no Incor, em São Paulo, o ‘Fantástico’ afirmou que Tancredo morreu em conseqüência de uma grave inflamação nos pulmões, a Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica, iniciada depois da cirurgia a que foi submetido para a retirada de um tumor no intestino. O programa ouviu do patologista Elcio Mizziara a confissão de que, à época, forjou um laudo sobre a doença de Tancredo informando que ele tinha diverticulite em vez de um tumor benigno no intestino (leiomioma).


Na nota, a família disse desconhecer os médicos entrevistados e contestou as informações de que Tancredo sofreria de bacteremia, uma doença caracterizada por febre e tremores.


A família do presidente eleito também classificou de mentirosa a afirmação do farmacêutico George Washington Cunha de que Tancredo estava doente havia um ano e que tomava diariamente seis remédios contra as crises receitados por um balconista de São João del Rey.


No texto, assinado pelos filhos de Tancredo – Inês Maria, Maria do Carmo e Tancredo Augusto Tolentino Neves – a família diz ainda que as informações ‘beiram o ridículo’. Também afirma lamentar as informações do infectologista David Uip, do Incor. Na reportagem do ‘Fantástico’, Uip afirmara que o presidente eleito chegou ao Hospital de Base, em Brasília, onde recebeu o primeiro atendimento, com poucas chances de recuperação. ‘Essas declarações são o oposto das afirmações otimistas que ouvimos da equipe médica dia a dia durante todo aquele calvário’, diz o texto.


Na nota, a família destaca ainda considerar importante que todos sabiam ‘que dois dos médicos ouvidos pela reportagem foram processados pelo Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, pelos procedimentos adotados no caso’. Os médicos são o infectologista Pinheiro da Rocha e Elcio Mizziara. Segundo o conselho, eles foram repreendidos internamente pelo conteúdo dos boletins divulgados na época.


A nota termina dizendo que ‘20 anos depois, os médicos ainda continuam faltando com um elemento básico de sua profissão: o respeito ao paciente’.


Ouvidos pelo ‘Jornal Nacional’, os médicos do Incor reafirmaram ontem ter documentos e fotos que comprovam que eles cuidaram de Tancredo. Uip explicou que o avanço das pesquisa científicas permite hoje supor que o presidente eleito sofria de bacteremia. E Washington atribuiu a pessoas próximas a Tancredo a informação que ele se automedicava.’



TVs EDUCATIVAS


Keila Jimenez


‘Projeto regula TVs educativas’, copyright O Estado de S. Paulo, 19/04/05


‘Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que promete regular a inserção publicitária em TVs educativas. A proposta, de autoria do deputado Paulo Lima (PFL/SP), tem como objetivo autorizar essas emissoras a veicularem propaganda institucional e a receberem patrocínio, mas seguindo cota estabelecida. Pela proposta, as inserções de propaganda nesses canais não poderão ocupar mais do que 10% do tempo total de transmissão diária de programação.


O projeto ainda pode restringir o tipo de produto que anunciará nessas redes. Há uma emenda nele para proibir patrocínio ou comerciais de empresas que vendem produtos nocivos à saúde ou ao meio ambiente. No alvo estão os comerciais de bebidas alcoólicas e cigarro. A emenda também amplia o conceito de televisão educativa. Pela proposta, as TVs educativas não são apenas aquelas que se dedicam exclusivamente à transmissão de aulas. Emissoras como a TV Cultura, a TVE e o próprio canal Futura, que veiculam programas com finalidades educativas, artísticas e culturais, são classificadas como emissoras educativas.


A TV Cultura vem se tornando mais flexível no que diz respeito a ações publicitárias, com base no estatuto da Fundação Padre Anchieta, mantenedora do canal. No passado, as atrações da casa só permitiam anunciantes sob a condição de ‘Apoio cultural’. A venda de breaks comerciais, normalmente institucionais, é fato mais recente.


O projeto do deputado Paulo Lima está sendo analisado pelas comissões de Ciência e Tecnologia e a de Comunicação e Informática e deve ser votado nos próximos dias.’



AMÉRICA


Ancelmo Góis


‘Glória na CNN’, copyright O Globo, 19/04/05


‘‘América’ parou na CNN. O canal americano fez uma reportagem sobre imigração ilegal.


Disse que, depois dos mexicanos, os brasileiros são os que mais tentam entrar lá pelo deserto do Arizona. E citaram a novela de Glória Perez.’



MALHAÇÃO


Daniel Castro


‘‘Malhação’ também é programa de ‘idoso’’, copyright Folha de S. Paulo, 19/04/05


‘Planejada para adolescentes, a novelinha ‘Malhação’, que completa dez anos no ar no próximo dia 24, também é muito vista por pessoas com mais de 50 anos.


Segundo estudo de perfil de audiência feito pela Globo, de cada cem telespectadores de ‘Malhação’, 19 têm mais de 50 anos. Na população em geral, de cada cem pessoas, 20 têm mais de 50 anos. Isso quer dizer que a participação de ‘idosos’ na audiência do programa é equivalente à da incidência dessa faixa etária no país.


As pessoas com mais de 50 anos são proporcionalmente a terceira maior faixa de público no perfil da audiência de ‘Malhação’. Só perdem para os adolescentes (12 a 17 anos) e ‘jovens adultos’ (18 a 24).


Os adolescentes representam 17% do público de ‘Malhação’ e 11% da população. Os ‘jovens adultos’ são 19% da audiência e 15% da população. Ou seja, a participação de adolescentes e jovens na audiência de ‘Malhação’ é maior do que na demografia. Logo, há maior afinidade.


Mas, em números absolutos, as pessoas com mais de 50 anos são, ao lado dos ‘jovens adultos’ e dos ‘adultos’ (35 a 49 anos), a maior fatia da audiência da novela, que aborda temas como gravidez e Aids na adolescência.


Apesar de ter caído nas últimas semanas, o ibope de ‘Malhação’ permanece estável. O programa deu 31 pontos em São Paulo no primeiro trimestre de 2005, contra 32 no mesmo período de 2004.


OUTRO CANAL


Enquadrado 1 Clodovil Hernandes foi condenado na semana passada a pagar multa de R$ 20,8 mil à vereadora Claudete Alves da Silva (PT-SP), por tê-la chamado, em entrevista à Folha em março do ano passado, de ‘macaca de tailleur’. Cabe recurso. Clodovil não havia sido localizado até a conclusão desta edição.


Enquadrado 2 O ex-apresentador da Rede TV! foi condenado por danos morais. A vereadora tentou mover outra ação contra Clodovil, por crime de racismo, mas a acusação foi rejeitada pela Justiça. O juiz avaliou que não há racismo na palavra ‘macaca’, que, entendeu ele, significa ‘pessoa inquieta’, ‘que gosta de aparecer’.


Fronteira Acredite se quiser: o ‘Teste de Fidelidade’, de João Kléber, a maior audiência da Rede TV! ao lado do ‘Pânico’, está fazendo carreira internacional. Há duas semanas, a portuguesa TVI estreou com sucesso uma versão local, com o apresentador brasileiro. Agora, João Kléber negocia o ‘Teste’ com um canal italiano, o Mediaset, de Silvio Berlusconi, e com uma TV russa.


Perspectiva Considerado mal aproveitado na Record, onde apresenta apenas um quadro no ‘Domingo Espetacular’, o ator e apresentador Márcio Garcia poderá vir a comandar um programa infantil ou um ‘game’, na linha do antigo ‘Cidade contra Cidade’, de Silvio Santos, no segundo semestre.’