Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Livro sobre rádio pioneira no interior

Os leitores de Ribeirão Preto podem ter acesso ao livro PRA-7 – A primeira rádio do interior do Brasil, de André Luís Rezende e Gil Santiago. Nele, a dupla traça a história da PRA-7, que foi fundada em dezembro de 1924.

A pesquisa dos autores, baseada em documentos e outros livros, identifica a PRA-7 como a sétima emissora do país, atrás apenas das rádios Clube de Pernambuco, Sociedade do Rio de Janeiro, Sociedade Educadora Paulista, Sociedade da Bahia, Club Paranaense e Clube do Brasil (RJ) – todas de capitais de estado. ‘O fato de a PRA-7 ser a primeira rádio do interior do Brasil não é novidade. Várias publicações sobre o rádio brasileiro trazem a informação, citando as mais diferentes fontes’, afirmou Gil.

A emissora de Ribeirão faz parte hoje do Sistema Clube de Comunicação (afiliada das TV e rádio Bandeirantes na região). O livro é resultado de uma pesquisa que começou há quase 15 anos, quando Santiago apresentou sua dissertação de um curso de especialização, ‘Fatores determinantes no processo de segmentação das emissoras de rádio FM da cidade de Ribeirão Preto’. Dez anos depois, ele defendeu sua dissertação de mestrado, ‘Rádio comunitária: simulação de uma identidade? (Estudo de Caso das Rádios Comunitárias de Ribeirão)’, na Unesp de Bauru, abordando o assunto.

No intervalo desse período, em 1997 Rezende se juntou ao projeto após defender, ao lado de outros dois colegas, sua monografia de conclusão de curso, no Departamento de Jornalismo da Unaerp, sobre a PRA-7. ‘A partir daí eu e o André começamos a conversar sobre a possibilidade de fazer um livro’, disse Santiago.

Como fonte de pesquisa, a dupla utilizou artigos de jornais da época (como os do diário A Cidade, que está completando 100 anos), documentos do Sistema Clube, atas da PRA-7 e alguns livros sobre o assunto. A principal fonte de pesquisa, no entanto, foi a história oral coletada com os personagens da rádio. ‘Foram dezenas de entrevistas, com diretores, locutores, sonoplastas, cantores, redatores etc., todos profissionais que passaram pela PRA-7’, afirmou.

O livro de Gil e André sai no mesmo momento que outras obras sobre a história do rádio no Brasil são lançadas. Dois exemplos são Rádio Nacional – O Brasil em Sintonia, de Luiz Carlos Saroldi e Sonia Virginia Moreira (Jorge Zahar Editor), e Caros Ouvintes – Os 60 Anos do Rádio em Florianópolis, de Antunes Severo e Ricardo Medeiros (Editora Insular).

A seguir, trechos da entrevista de Gil Santiago ao Observatório.

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Parece que o jornalismo da PRA-7 sempre esteve relacionado ao jornalismo de opinião, com mais comentários e quase nenhuma reportagem (pelo menos nas primeiras décadas). Desse contexto saem grandes nomes para a política local (o que já foi chamada, por Divo Marino, de ‘populismo radiofônico’), cujo símbolo é o atual prefeito Welson Gasparini. Gostaria que você comentasse esse enunciado. Qual era o conceito de jornalismo da PRA-7?

G.S. – A forma de fazer jornalismo era outra. Prevalecia o conteúdo sobre o formato. O texto para o rádio, naquela época, era trabalhado de uma forma superior. Por outro lado, os redatores tinham um envolvimento mais aprofundado com tudo o que acontecia na cidade e mais liberdade para expressar a opinião. Tinham convicção e conhecimento mais aprofundados da causa que estavam abraçando. Já a questão da projeção política é diferente. O rádio, como principal meio de comunicação da época, favorecia o radialista-candidato. Principalmente se ele, enquanto repórter ou apresentador de programa, mostrasse preocupação com os problemas da população, empenho em resolvê-los, participasse de ações assistencialistas, fizesse o tipo bom rapaz, educado, sempre prestativo, tivesse suas ações traduzidas em resultados, conquistando com simpatia e credibilidade, a confiança (e o voto) do ouvinte-eleitor. A urna apenas servia para referendar suas atitudes e conduzi-lo ao cargo público, uma vez que o rádio funcionava como canal de promoção.

Como pesquisadores do rádio de Ribeirão, como você avalia o veículo hoje na cidade? Praticamente não há equipes de jornalistas nas rádios locais. As rádios daqui estão perdendo espaço para as rádios nacionais.

G.S. – Não é apenas o rádio de Ribeirão Preto que prática um jornalismo superficial. É conseqüência de uma ausência de investimento, principalmente em pessoal, que no rádio, faz a diferença. Mesmo assim, o rádio ainda é o meio que faz a melhor cobertura dos acontecimentos da cidade e região. É o veículo onde o ribeirão-pretano encontra espaço para se manifestar. Até os programas de televisão, que conseguem bons índices de audiência, utilizam o formato, a linguagem e até recursos do rádio (o telefone no ar, por exemplo).

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Jornalista