Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cabresto e subserviência

Na minha humilde opinião a Folha (no seu papel de empregadora) está usando a Folha (meio de comunicação/jornal/formadora de opinião) para desqualificar a possível criação do Conselho Federal de Jornalismo. É evidente que um conselho deste porte dará peso e força a uma categoria profissional que precisa ter liberdade e autonomia no seu trabalho, e não viver sob o cabresto e a subserviência ideológica dos patrões, e tenho certeza de que isso incomoda uma empresa de comunicação. Ler o editorial e as matérias que saíram na Folha recentemente sobre o CFJ me deixou bastante decepcionado, na qualidade de leitor/assinante. Acredito que se tenha percebido, além do posicionamento (que é até saudável no editorial, vamos ser tolerantes), o engajamento da Folha contra o CFJ, inclusive e principalmente nas páginas não-opinativas.

Dênis da Silva Medeiros, jornalista, São Paulo

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Para coibir abusos

Sou leitor assíduo deste site e me impressionei com a colocação de Alberto Dines em ‘Por que não uma OAB de jornalistas?’. Há erros na criação do conselho, mas que podem e devem ser corrigidos. Sou a favor de um órgão que possa coibir abusos, principalmente porque a verdade não é subjetiva, como alguns colegas colocam, simplesmente ela é passível de interpretações errôneas. Não sei se é ou não a CUT a culpada e também se quer ou não apropriar-se do quarto poder. Até porque ‘poder’ subentende-se domínio sobre alguém ou alguma coisa, então o quarto poder nada mais é do que o domínio de determinado ‘ente’ sobre determinada coisa, não é mesmo? Quem domina hoje este poder?

É até hipocrisia dizer que não há tendências nas redações, nem há jornalistas com ‘preferências’, sejam elas quais forem. O que se precisa realmente é resgatar a importância da profissão jornalista. Há aberração antidemocrática? A entidade não atenderá às necessidades dos profissionais? Uma Ordem dos Jornalistas do Brasil? Ótimo. Em vez de lutar contra, vamos nos unir em defesa da ética e do exercício do jornalismo. Só que quando um jornalista como o Alberto Dines, cujas opiniões sempre me pareceram coerentes, acintosamente acusa os assessores de imprensa de quererem dominar e impor suas concepções jornalísticas e éticas, como se estas não fossem as mesmas dos jornalistas das redações, entendo como o fim da classe. E ainda ressalta que nada tem contra assessorias e assessores. Em minha concepção, assessor de imprensa é e deve ser tratado como jornalista, sim, afinal em sua maioria tem formação acadêmica e ética para o exercício da profissão.

Dizer que assessores são divulgadores não é um comentário imparcial, é opinativo. Não discuto minha forma de trabalhar baseado em diretrizes de burocratas teóricos. Sei que enquanto humanos refletimos nossa cultura e conhecimentos no texto. Não quero entrar em meandros teóricos de ‘fulano’ que escreveu isso ou aquilo, e que tenho que acreditar que é verdade, sobre o que é ou não informação, ou o que é jornalismo; peço apenas para o colega rever sua posição quanto a ‘de quem é a culpa’ e ‘quem é jornalista ou não’. No mais, não culpe os assessores, porque eles são seus colegas, são e estão jornalistas, sim, em sua maioria, profissional e moralmente.

João Carlos Miranda Leite, jornalista, Praia Grande, SP



Tocamos na ferida

Acho super-importante à criação do Conselho de Jornalismo. Nós, jornalistas de ‘formação’ e profissão, tocamos na ferida aberta e infeccionada dos provisionados e donos de empresas de comunicação, que acham que o conselho vai cercear a liberdade de imprensa. ‘Eles’ temem o fortalecimento de nossa classe e a perda do poder que detêm, utilizando o jornalismo como um invólucro que os protege e lhes dá poderes, para fazerem inclusive este jogo sujo, nos colocando contra os cidadãos brasileiros.

Enfermagem, medicina, administradores de empresa, farmacêuticos, entre tantas outras profissões têm conselho. Por que os jornalistas não podem ter? Porque incomoda os interesses dos donos do ‘poder’ da comunicação no Brasil. Donos inclusive da liberdade de expressão, pois na verdade são ‘eles’ que ditam as regras e fazem o cerceamento de tudo o que se produz na mídia. A Rede Globo, no jornal nacional de 13/8/04, noticiou por três vezes a criação do conselho, e em todas as vezes de forma pejorativa. A qualificação do jornalismo se faz, sim, com bons cursos de Jornalismo e com um conselho que possa dar legitimidade ao exercício de nossa profissão.

Jorge Luiz Santos, jornalista, Itajaí, SC



Limpidez e isenção

A visão reiterada pela segunda vez por Alberto Dines não tem o olhar da isenção, mas de oposição ao governo. O projeto do Conselho Federal de Jornalismo foi elaborado, e reelaborado, em assembléias de jornalistas profissionais por todo o país. Discutido e rediscutido por todos os jornalistas que estão atentos a sua profissão. Por fim, aprovado em Congresso Nacional de Jornalistas. O artigo do Ricardo Kotscho desta terça-feira (10/8) na Folha de S.Paulo coloca limpidez e isenção nesta questão. Agora, acusar a Fenarj de ser instrumento da CUT, e dominada por assessores de imprensa, é não viver a realidade crítica do jornalismo brasileiro e do sindicalismo nacional.

Raul Varassin, jornalista, São Paulo



Série de preconceitos

Definitivamente, Alberto Dines está totalmente direcionado a achicalhar o processo de discussão. Certamente, ao analisar o texto, vemos claramente uma série de preconceitos, que pouco engrandecem o grande profissional e pensador da comunicação brasileira. Alberto, você perdeu um admirador.

Antonio Pereira, jornalista, Maceió