Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Guálter George

‘Chamou atenção, na semana passada, um aumento inesperado no fluxo normal de reclamações de leitores descontentes com textos do jornal. Por acompanhar diariamente a qualidade do noticiário e nada haver observado de extraordinário no período, estranhei que de repente se tenha registrado tal desvio no número de problemas apontados ao ombudsman pelo público, com apelos ao corpo de redatores por um melhor português ou uma informação mais exata. Imagino tranqüilizador, de um lado, e preocupante, de outro, meu testemunho de que, nestes últimos dias, não erramos mais, nem menos, do que vínhamos fazendo há cinco, seis ou sete meses, tempo que já conto na função que obriga uma leitura mais cuidadosa das edições, formando a base de comentário diário encaminhado à Redação. Mesmo assim, avalio oportuno discutir a questão a partir de e-mail enviado por José Valdesley Alves e carta que me chegou às mãos, encaminhada por leitor anônimo, manifestações, ambas, acompanhadas de exemplos que levaram à sensação de incômodo com a má qualidade de textos e informações dos últimos dias. Dois casos selecionados entre outros mais que chegaram à mesa de trabalho recentemente, sempre com observações e queixas contra erros nossos de cada dia.

Informação, educação e ofício

O material apócrifo incluía recortes com vários exemplos de mau uso do português ou de utilização indevida de termos estrangeiros em espaços como a coluna Sonia Pinheiro, do caderno Vida & Arte, problema, aliás, já abordado em coluna externa anterior. Em pequeno texto que acompanha os recortes, o leitor lembra que ‘informar e educar são dois patamares pelos quais a imprensa devia pugnar, envidando os melhores esforços para alcançá-los’. Os exemplos apontados foram extraídos de três edições: 19, 26 e 28 de julho passado. Valdesley Alves apresenta-se mais duro com os jornalistas do O POVO, chegando à conclusão, no final do seu texto, também marcado por referências a erros cometidos recentemente, de que ‘os jornalistas cabeças-chatas não se encontram devidamente preparados para o ofício que abraçaram’. São duas manifestações fortes e que, lamentavelmente, encontram nas nossas páginas muitas justificativas para acontecerem.

A reflexão que o espaço exige

A coluna do domingo passado parece ter sido a gota d’agua para a leitora Celina Côrte Pinheiro, que demonstra vir desgostosa comigo desde o início do ano. Na segunda-feira, já, contactou o ombudsman para deixar clara sua irritação com a maneira equivocada, para ela, como o espaço, um dos seus preferidos aos domingos, vem sendo ocupado. Os problemas, na visão da leitora, vão desde a opção por tratar de apenas um assunto, na maior parte das vezes, até, como deu-se no caso do dia 8 último, na escolha de tema que não parece ser de interesse do conjunto de leitores, apresentando, ao juízo dela, cunho mais interno. Como agravantes, ainda, um texto pouco compreensível, prolixo, e a citação de nomes desconhecidos da maioria dos que se dispuseram a lê-lo.

Resposta ao que dá pra responder

Correndo o risco de novas críticas, e imaginando que a queixa dela seja também a de outros, reproduzo a seguir, em resumo, o que à leitora expus como resposta. Primeiro, volto a dizer, considero que a coluna do ombudsman, diferentemente da esmagadora maioria das outras no jornal, tem perfil eminentemente reflexivo, o que exige, quase sempre, a abordagem do mínimo de assuntos com o máximo de informações e argumentos. Depois, o tema me pareceu de interesse do conjunto de leitores porque em nome deles, no resguardo do que entendi ser o direito que lhes cabe, é que toda a discussão se desenvolveu na semana. Finalmente, quanto à falta de objetividade, nada posso fazer senão me resignar e redobrar o esforço para passar a ser mais claro na defesa de minhas idéias. Espero que hoje tenha conseguido.’