Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Agência Câmara

‘O Projeto de Lei 4026/04, apresentado pelo deputado Cláudio Magrão (PPS-SP), limita a concentração econômica nos meios de comunicação social por meio do controle da audiência. A proposta proíbe emissoras de rádio e televisão de montar redes nacionais de transmissão, independentemente da tecnologia utilizada para a prestação do serviço.

Ao alertar para o grande poder de mercado de algumas empresas de comunicação no Brasil, o autor do projeto lembra que o artigo 220 da Constituição proíbe o monopólio ou oligopólio no setor. ‘Os limites de audiência podem ser critérios para restringir essa concentração econômica’, explica Magrão.

De acordo com a proposta, a concessão, permissão ou autorização para executar serviços de radiodifusão passaria a observar os seguintes limites:

1 – Estações de radiodifusão de sons e imagens: 10, sendo no máximo duas por estado;

2 – estações de radiodifusão destinadas a outros serviços ou modalidades: 10, sendo no máximo duas por estado; e

3 – estações de radiodifusão sonora:

a – ondas médias: 10, sendo no máximo duas por Estado;

b – ondas tropicais: 3, sendo no máximo duas por Estado;

c – ondas curtas: 3; e

d – freqüência modulada: 6.

O projeto determina ainda que a operação de emissoras em rede não poderá alcançar audiência nacional superior a 50% das residências, em qualquer horário. Além disso, a programação de cada emissora só poderá ser veiculada por uma estação em cada localidade, limitação que não se aplica às rádios comunitárias e às repetidoras e retransmissoras de TV pertencentes às estações geradoras.

As empresas que desrespeitarem as regras deverão corrigir as infrações em prazo não superior a quatro meses, sob pena de suspensão da operação do veículo e, em caso de reincidência, de cassação de sua outorga.

A suspensão das atividades seria mantida até que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que trata da prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica, decida sobre a prática de domínio de mercado.

O projeto será encaminhado ao exame das comissões de Ciência e Tecnologia; de Comunicação e Informática; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.’



AMÉRICA
Daniel Castro

‘‘Olga’ será ruim como Picapau em novela’, copyright Folha de S. Paulo, 22/08/08

‘Protagonista de ‘Olga’, o filme nacional do momento, a atriz Camila Morgado vai estrear nas telenovelas na pele de uma vilã. Em ‘América’, próxima novela das oito da Globo, ela será May, uma americana que aprontará muito com a mocinha, Sol (Deborah Secco).

‘Ela é má como o Picapau [do desenho animado]. É muito má, manipuladora’, adianta a autora Glória Perez.

May será uma das personagens centrais de ‘América’. Será a principal antagonista.

Em ‘Olga’, nos cinemas desde sexta-feira, Camila interpreta uma heroína. Sua estréia na TV foi como a narradora da minissérie ‘A Casa das Sete Mulheres’.’

Barriga

A Band desistiu de lançar um programa infantil de Kelly Key, que está grávida. A cantora tem reclamado muito de enjôos. Contratada por um ano, ela ganha R$ 30 mil por mês. O programa dela estava previsto para estrear após a Olimpíada.

Veto

É proibido no Projac (estúdios da Globo) acessar sites que ocupam muito tempo das pessoas, como o MSN (Messenger) e o Orkut. A rede interna de computadores bloqueia o acesso. A emissora argumenta que não é por questões de produtividade, mas para evitar vírus.

Batismo

Glória Perez realizará em ‘América’ o sonho de uma telespectadora: chamará de Teuta o personagem de Eliane Giardini. É o nome da fã.’

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‘Novela abordará jovem gay com humor’, copyright Folha de S. Paulo, 19/08/08

‘O personagem que o galã Bruno Gagliasso (o Inácio de ‘Celebridade’) irá fazer em ‘América’, próxima novela das oito da Globo, será um adolescente homossexual que viverá situações de humor.

‘Não vou discutir a problemática. [A abordagem] será em uma linha bem-humorada. Não terá drama. O personagem é um menino que todo mundo vê que é gay, menos a mãe dele [Neuta/Eliane Giardini], que quer que ele seja como o pai, um peão, machão’, diz Glória Perez, autora de ‘América’ _que terá como temas centrais os rodeios e a imigração de brasileiros para os EUA e estréia em fevereiro.

Júnior, nome do personagem, será o quinto homossexual explícito de novelas das oito da Globo em menos de dois anos _os outros são de ‘Mulheres Apaixonadas’ e ‘Senhora do Destino’.

Glória diz que a abordagem não descambará para a ridiculização, como ocorre em humorísticos. ‘As situações é que são engraçadas. A homossexualidade dele é sutil, mas perceptível’, diz, sem revelar se Júnior terá namorado.

A autora também tranqüiliza os defesores dos animais. Glória, que vem sendo questionada por ONGs e famosos como Rita Lee, diz que ‘América’ não irá omitir a questão dos maus-tratos em rodeios. A novela terá três defensores dos bichos: Ed (Caco Ciocler, um dos principais personagens da trama), Helinho (Raul Gazzola) e Irene (Daniela Escobar).

OUTRO CANAL

Martelo

A Globo começou ontem a discutir a campanha do lançamento do novo programa de Angélica, que estréia em outubro. A atração terá temporada de apenas oito programas. Só deve voltar ao ar após a licença-maternidade de Angélica, que está grávida.

Bem-estar

Silvia Poppovic, ex-Band, deve assinar contrato com a TV Cultura nos próximos dias. A previsão é que ela estréie já em setembro um programa de final de tarde sobre qualidade de vida.

Novos tempos

A Record, aparentemente, está mudando mesmo. Uma das primeiras cenas de ‘A Escrava Isaura’, que estréia em setembro, é a de um casamento celebrado por um padre. Até pouco tempo atrás, personagens católicos eram vetados na emissora.

Proposta 1

‘Depois que me conhecer, jamais irá me esquecer.’ Assim se oferece na internet o travesti Bianca Soares, idêntico à participante de mesmo nome de ‘Casa dos Artistas’, do SBT. A Bianca do programa do SBT e a Bianca que faz programa têm ainda em comum altura, signo, prato (picanha na manteiga) e esporte prediletos.

Proposta 2

A página de Bianca está hospedada no site Chantily, na área de ‘bonecas’ (travestis). Um dado extra: ela informa ‘dote’ de 19 cm. O SBT confirma que há um travesti em ‘Casa dos Artistas’, mas até o programa de terça-feira, ninguém havia assumido.’



SEX AND THE CITY
Isabelle Moreira Lima

‘Temporada de abstinência’, copyright Folha de S. Paulo, 22/08/08

‘Amor, amizade, trabalho, sucessos e fracassos, moda e glamour. Muito glamour. Foi com essa fórmula sagrada que Darren Star criou a série ‘Sex and the City’, baseada nos textos de Candace Bushnell, e conseguiu conquistar qualquer terráqueo que tenha assistido ao programa por mais de 15 minutos.

Agora, na hora da despedida, os fãs de ‘Sex’ sentem-se órfãos e se preparam, com dor no coração, para o adeus a suas heroínas, que, no Brasil, acontece amanhã, às 22h45, no canal pago Multishow.

O segredo da fórmula é dividido em partes iguais em quatro personagens que dispensam apresentação, todas bonitas, independentes e bem-sucedidas, vivendo situações capazes de atrair um imenso sentimento de afinidade nas mulheres -nem que seja pela vontade de ser uma igual.

Foi assim que a artista gráfica paulistana Fernanda Guedes, 37, ‘caiu’ no conto da série e se prepara para dar adeus a Carrie Bradshaw (personagem de Sarah Jessica Parker).

‘Assisto desde que começou a passar no Brasil. Na semana passada, comprei as cinco temporadas de uma vez só. Vai ser difícil conter as lágrimas na próxima segunda’, diz, lamentando o fim.

Fernanda se viciou. Assiste aos episódios na televisão na segunda-feira, às reprises na terça e, se tem sorte, como ela mesma diz, volta a ver no sábado. ‘E o meu marido não pode nem chegar perto de mim’, diz ela que, ao contrário de Carrie, é casada.

‘O roteiro é muito bem bolado, bem amarrado. Eles pegam um tema e desenvolvem em quatro diferentes histórias com as personagens. É como se fosse um exercício para imaginar como diferentes pessoas reagiriam a um determinado tipo de coisa’, afirma, tentando justificar o vício.

Assim como Carrie, Fernanda tem três superamigas -no melhor estilo Samantha-Miranda-Charlotte-, que se reúnem pelo menos uma vez por mês em bares e restaurantes ou até em programações ‘alternativas’, como uma tarde de compras.

Assim como Carrie, Fernanda é louca por moda e passou até a adotar marcas da heroína em seu guarda-roupa. Camiseta com estampa, por exemplo, é algo que Carrie ‘deu’ a Fernanda. ‘Comecei a misturar as cores, azul com vermelho, coisas que de repente você não imaginaria usar.’

Para o ‘grand finale’ da série, a artista combinou com suas três superamigas Noêmia, Silvana e Giselle uma sessão divertida com direito aos drinques Manhattan e Cosmopolitan -habituais da série. Cada uma delas deve ir vestida como sua personagem favorita.

Samantha? Sim!

Solteira e independente, a publicitária Noêmia Freire, 36, não tem dúvidas de que roupa usar. ‘Elas acham que sou a Samantha. Fiquei com a pior parte’, diz, divertindo-se com a personagem de maior apetite sexual.

Sem namorado, Noêmia diz que já se viu em várias situações que poderiam servir de roteiro para ‘Sex’. Infelizmente, segundo ela, são histórias ‘impublicáveis’.

O calor nos relacionamentos, principal afinidade com Samantha, veio antes de ‘Sex’. ‘Às vezes eu assisto aos episódios e digo ‘sou eu ali!’, eu me vejo na mesma situação.’ Mas Noêmia confessa que também foi influenciada pelo seriado. ‘Tem algumas coisas meio loucas como usar salto alto com bermuda. Eu uso isso, faço produções mais ousadas em ocasiões especiais.’

Noêmia diz que vai sofrer com o fim do seriado e que não queria nem assistir ao último episódio. ‘O que os olhos não vêem o coração não sente’, diz ela, que vai usar de DVDs para se consolar.

Carrie, Charlotte, Miranda

A publicitária Silvana Braggio, 39, também vai ao encontro de amanhã. Talvez ela tenha problemas para saber como se vestir. ‘Eu me identifico com a Carrie, gosto muito de escrever, sempre busquei o amor e tenho um pouco de malícia’, diz, admitindo que é um pouco Charlotte e que também tem o sarcasmo da Miranda.

Casada, Silvana tratou de viciar o marido na série. ‘Primeiro ele achava que era programa de mulher. Depois, acabou me dando de presente os DVDs’, conta.

As influências que a série trouxe ficam no visual: mais brinco, mais cabelo, mais sapato. Louca por moda, Silvana elegeu Fernando Pires como versão brasileira de Manolo Blahnik.

A artista gráfica Giselle Libutti, 37, a quarta amiga, acha que é a Charlotte do grupo. ‘Não sou totalmente romântica, mas sou a mais caretinha.’

Caretinha, mas eficiente. Em entrevista à Folha, ela confessou que conseguiu o que Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha passaram seis temporadas tentando: ‘Não estou mais à procura do príncipe encantado. Já achei’.’

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‘‘Reality show’ entra no vácuo do fim da série’, copyright Folha de S. Paulo, 22/08/08

‘Uma tragédia grega publicada na internet diretamente de Nova York pode ser o antídoto essencial para a depressão que as viciadas em ‘Sex and the City’ estão sujeitas a viver com o fim da série. A webdesigner nova-iorquina Stephanie Klein, autora do blog ‘Greek Tragedy’, fornece, em doses diárias, o que seria ‘Sex’ em versão ‘reality show’.

O tom é semelhante ao do seriado. Stephanie fala de seu cotidiano, da cidade, dos constantes momentos de luxo que vive e, mais importante, de aventuras e desventuras amorosas que podem servir de espelho para mulheres modernas e urbanas, assim como as histórias de Carrie e companhia. Leia trechos do blog.

TELEFONEMAS – ‘Se você está em uma relação com uma mulher, provavelmente não está fazendo o suficiente. Vamos encarar. Você é um clichê, meu amigo. Você não dá mais flores. É isso, pior que um clichê, agora você é uma canção da Barbra Streisand. E, acredite em mim, DAR é a palavra. Se você está cortejando uma mulher, aproxime-se, você deveria fazer apenas isso. Aqui vai uma dica. Se uma mulher gosta de você, não importa quando você liga. Ela vai gostar de você de qualquer maneira. A não ser que você espere muito para ligar. E dois e-mails NÃO são iguais a um telefonema. Só para você saber.’

SOFRIMENTO – ‘Eu aprendi bastante’, as pessoas dizem quando refletem sobre um passado doloroso. O que devemos dizer? Fiquei em posição fetal por tanto tempo no chão do banheiro que, quando eu finalmente dormi, sonhei com azulejos? Você não quer ouvir isso. Você não quer aprender o que a gente aprendeu. Quando a gente sofre, a gente aprende e cresce. Eu sou enorme.’

DEPILAÇÃO – ‘Eu penso que finalmente acabou. Ela está até usando pinças e lente de aumento para pegar os últimos pêlos. Mas não: ‘Tá bom, agora vira de frente. Assim. Agora segure aqui. Pode separar?’. Helga está pedindo que eu abra as nádegas para ela. Daí, ela começa escavando para, imagino, achar moedas perdidas. ‘Totalmente limpo. Tá prontinho agora.’ Ela canta, passa óleo morno sobre os lábios, as pernas, a bunda inchada. Sim, dei gorjeta generosa e já marquei para a próxima vez. Ela até usou pinças.’ Colaborou Julie Ruvolo’



Emilie Grangeray

‘‘Em Nova York, nem a amizade é gratuita’’, copyright Folha de S. Paulo / Le Monde, 22/08/08

‘O rosto dela mostra irritação. Sentada a uma mesa diante de uma salada de endívias e um cálice de vinho branco, ela nos recebe, irritada por nossos 15 minutos de atraso, com um ‘vou logo avisando: dentro de meia hora tenho de ir embora’.

O encontro acontece em um clube privado muito elegante, o SoHo House, que Candace Bushnell e escritores como Jay McInerney e Bret Easton Ellis, seus grandes amigos, freqüentam regularmente. Ela termina por ficar duas horas, ‘feliz e aliviada’, diz, por encontrar alguém que não lhe pergunta a marca de seus sapatos, cabeleireiro, mas opta por julgá-la pelo que é: uma escritora.

Nascida em 1958 em Glastonbury, Connecticut, Bushnell é a mais velha de três filhas. Seu pai é engenheiro aerospacial e sua mãe, dona de uma corretora de imóveis. Após diplomar-se em jornalismo, escrevia artigos para jornais e revistas e produzia literatura. ‘Mas meu trabalho não era considerado comercial. Foi um período sexista, com Norman Mailer, Tom Wolfe e Don DeLillo.’

Em 1994, o jornal ‘New York Observer’ a contratou como colunista. Lá, passou a escrever sobre o que se tornaria seu tema dominante: mulheres ricas, bonitas e celibatárias que tentam se realizar em Nova York.

Dois anos mais tarde, as colunas foram reunidas num livro, ‘Sex and the City’. Carrie, seu alter ego, observa costumes das amigas e ritos da sociedade.

‘Cupido fugiu dos arranha-céus’, diz. ‘Aqui, o amor não é importante; só o sexo.’ O cinismo, tingido de uma boa dose de humor alcoolizado, triunfou. O livro, traduzido em cerca de 30 países, se transformou na série de sucesso na TV. Depois de trabalhar como co-produtora na primeira temporada, Bushnell se afastou. ‘Se quisesse me tornar roteirista, teria de mudar para Los Angeles.’

‘Ser puro e inocente em Nova York, isso não existe mais. Aqui, se paga por tudo, e tudo é pago; nem mesmo a amizade é gratuita. É a natureza humana, afinal’, diz. ‘Mas Nova York é também a cidade de todas as possibilidades; basta ser visto, reconhecido, para existir.’

Por muito tempo, serviu de tema para as colunas de fofoca porque, mesmo que esteja casada com um bailarino do New York City Ballet, no passado namorou figuras conhecidas, como Bob Guccione, dono da revista ‘Penthouse’, o ex-senador Alfonse d’Amato e Ron Galloti, editor da revista ‘Vogue’. Tradução Paulo Migliacci’