O jornalista chinês Cheng Yizhong, ex-editor-chefe do jornal Nanfang Dushi Bao, foi homenageado com a edição de 2005 do Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa Unesco / Guillermo Cano. Ele receberá o prêmio, de US$ 25 mil, em uma cerimônia em Dakar, no Senegal, em 3/5, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
A premiação – que recebe o nome do jornalista colombiano Guillermo Cano, assassinado em 1987 por criticar poderosos traficantes de drogas – é concedida anualmente a profissionais de imprensa e organizações que mostram coragem na defesa da liberdade de expressão.
Segundo a Unesco, a independência editorial e os conhecimentos jornalísticos de Yizhong fizeram de seu jornal um dos mais importantes do país. Em dezembro de 2003, o diário noticiou sozinho um caso suspeito de Sars na cidade de Guangzhou – era o primeiro caso na China depois que a epidemia havia sido supostamente erradicada, em julho daquele ano – antes que o governo divulgasse informações sobre o assunto. O jornal também denunciou o espancamento de um estudante que estava sob custódia policial, o que levou à prisão de policiais e de membros do governo local.
Em um ato que muitos acreditam ter sido uma retaliação às matérias investigativas publicadas pelo Nanfang Dushi Bao, as autoridades abriram uma investigação das finanças do jornal. Em 2004, Yizhong foi preso, por cinco meses, sem acusações. Outros dois editores do diário foram acusados de suborno e condenados a seis e oito anos de prisão.
A China é a maior prisão do mundo de jornalistas. De acordo com informações do Comitê para Proteção de Jornalistas, hoje o país mantém 40 profissionais na cadeia. Seus crimes? Denunciar corrupção governamental, defender reformas políticas e reportar outros assuntos considerados tabus.