Em mais uma expressão de descontentamento com a imprensa do Equador, o presidente do país, Rafael Correa, declarou no último fim de semana que está considerando proibir que funcionários governamentais concedam entrevistas a veículos de mídia privados com fins lucrativos. O objetivo seria “evitar o financiamento” das famílias proprietárias destes veículos.
De acordo com a ONG equatoriana Fundamedios, por esta lógica, o presidente e seus funcionários só dariam entrevistas a veículos públicos – administrados pelo próprio governo – e comunitários, já que seria uma contradição conceder entrevistas à imprensa que Correa chama de “corrupta”. Já antecipando críticas de que sua proposta seria um ataque à liberdade de expressão, Correa disse que trata-se, na verdade, de “um ataque aos bolsos de alguns indivíduos”.
A relação conturbada entre o presidente e a mídia não é nova – ela ocorre desde o início de seu governo, em 2007. No fim de maio, Correa chegou a pedir que os cidadãos equatorianos boicotassem a imprensa privada. No ano passado, processou o jornal El Universal e seus donos – para, depois de condenados, dizer que os perdoava. Em março, a Associação de Editoras de Jornais do Equador fez um apelo para que o presidente parasse com suas campanhas contra a imprensa. Informações de Liliana Honorato [Knight Center for Journalism in the Americas, 11/6/12]