A empresa sueca Metro, que distribui jornais gratuitamente em 17 países, estaria pensando em investir no mercado alemão, noticia a Deutsche Welle [11/4/05]. Em uma entrevista no início deste ano, o presidente da Metro, Pelle Törnberg, deixou escapar que a companhia tem vontade de entrar na Alemanha. A declaração bastou para levantar rumores sobre as intenções da empresa – entre eles a de juntar esforços com o grupo alemão Axel Springer ou com gigante editora Westallgemeine Zeitung. Não passam de suposições, mas já assustam as companhias de imprensa locais. Ao que parece, se realmente tentar abocanhar um pedaço do mercado alemão, Metro enfrentará problemas com os grupos já estabelecidos.
Sem nenhuma modéstia, a porta-voz da federação alemã de jornais, Anja Pasquay, diz que o interesse da companhia no país é perfeitamente plausível. ‘Se você não tem presença na Alemanha, não tem presença na Europa’, defende ela. ‘Com mais de 22 jornais diários, somos o quinto maior mercado de imprensa do mundo e o maior na Europa, em termos de circulação.’
Crise européia
Mas nem tudo são flores para o enorme mercado alemão, que sofre com a mesma crise enfrentada pelos jornais do resto do continente: a falta de interesse de leitores jovens. Pesquisas revelam que cerca de 85% das pessoas entre 40 e 69 anos lêem pelo menos um jornal diário na Alemanha. Este número cai para 72% entre pessoas de 30 a 39 anos e vai para 63% entre jovens de 20 a 29 anos. Para contornar a situação, os jornais do país começam a seguir o exemplo britânico, produzindo edições em formato condensado, mais prático de ser manuseado.
Boicote
Nos últimos quatro anos, o setor viu sua receita publicitária despencar. Por isso, acredita-se que um novo rival não seria recebido exatamente com festas. A única tentativa anterior de se lançar um jornal gratuito na Alemanha acabou em boicote por parte dos maiores grupos de imprensa. No fim de 1999, a companhia norueguesa Schibsted, que já publicava com sucesso o jornal gratuito 20 Minutes na França, lançou uma edição alemã na cidade de Colônia. Eram distribuídas 150 mil cópias diárias em estações de trem e outros pontos estratégicos. O 20 Minutes Köln, como era chamado no país, sobreviveu apenas dois anos.
Neste período, o Axel Springer e a editora DuMont Schauberg, que controla quase que completamente a imprensa local, uniram-se para lutar contra o rival estrangeiro. Sua primeira providência foi impedir que a Schibsted imprimisse seu jornal nas redondezas. Depois, eles lançaram dois jornais gratuitos para competir com o 20 Minutes – que foram devidamente fechados depois que o jornal norueguês saiu de cena.