No dia 20/3/05, quando o senado americano debatia o caso Terri Schiavo, o Washington Post publicou reportagem informando que representantes republicanos naquela casa haviam recebido uma carta chamando atenção para a importância eleitoral da disputa entre aqueles que apóiam a aplicação da eutanásia em alguns casos e aqueles que se auto-denominam ‘pró-vida’. Aparentemente, o comunicado, que não tinha assinatura, visava lembrar os senadores republicanos de que se não se opusessem ao desligamento dos tubos que mantinham Terri viva, poderiam desagradar ao eleitorado conservador.
Como informa o ombudsman do Post, Michael Getler, em sua coluna de 17/4/05, o jornal produziu duas versões diferentes da matéria. A que saiu na maior parte da tiragem daquele dia não trazia uma frase que atribuia a autoria da carta a líderes republicanos, como havia na versão distribuída pela agência Los Angeles Times / Washington Post News Service e em cerca de 60 mil exemplares da primeira edição entregues em somente alguns bairros. Quando perceberam o que havia acontecido, blogueiros conservadores protestaram, ponderando que não havia provas de quem havia escrito o comunicado. Levantaram também a suspeita de que os autores seriam democratas que queriam causar intrigas.
O repórter que cobre mídia no Post, Howard Kurtz, escreveu duas matérias a respeito e o diário enviou uma errata aos 600 veículos que compram o conteúdo de sua agência. Kurtz afirmou que havia muitas coisas ‘estranhas’ a respeito da carta, o que provocou reação também dos blogueiros democratas, contrários a insinuações de que o partido que apóiam teria culpa no cartório. No fim, descobriu-se que o autor foi um assessor do senador republicano Mel Martinez.