Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Eleno Mendonça

‘Todo mundo noticiou o mais novo recorde brasileiro: a taxa de juro perto de 20%. A taxa brasileira, de 19,25% ao ano, é a maior numa lista de 40 países em situação econômica ‘mais ou menos’, para não entrar naquelas classificações de em desenvolvimento, emergentes, do terceiro mundo… Parece incrível, mas temos juro maior que Venezuela (17,1%), Turquia (15,8%), Rússia (13%) e México (9,3%). Se descontar a inflação, a taxa real passa a 12,9% ao ano e continua um escândalo. Mas, pior que tudo isso, é a razão pela qual o governo está subindo descaradamente os juros: a alta da inflação. Essa é a visão clássica e que vem sendo vendida pelo governo e comprada por muito analista de peso, da televisão, gente cujas análises sempre mereceram atenção.

Quem vê assim pensa que o problema é simples: ou seja, sobe-se o juro e a inflação cai, pois as pessoas vão deixar de gastar para guardar o dinheiro e aproveitar a taxa alta. Mas aí acontecem duas coisas: primeiro que não há uma inflação de demanda, como classificam os economistas, nada mais que a lei da oferta e da procura. Se tem mais gente querendo um mesmo produto, o dono desse produto aumenta o preço e ganha mais, até porque a maior procura pode levar ao risco de desabastecimento. Segundo, que a inflação vem subindo, e Lula sabe disso, porque todos os contratos de serviços – eletricidade, telefonia, água, gás, combustíveis – seguem a uma perversa fórmula feita nos tempos da privatização. Mesmo sem ter custo correspondente, que justifiquem aumento, essas tarifas sobem atreladas a índices previamente combinados. Com isso, claro, esses preços sobem e carregam com eles a inflação, que sobe e alimenta os índices que corrigem as tarifas. Isso significa que, se não houver um momento de ruptura, descobriu-se a galinha dos ovos de ouro.

São preços que não têm justificativa para aumentar, a não ser cláusulas contratuais. Mas aí vem a pergunta: e porque Lula não revê esses contratos e as formas de reajuste? Não faz isso porque era o grande temor antes da sua eleição. O presidente pensa: se eu rasgar esses contratos posso produzir no mundo econômico ‘civilizado’ uma reação medonha, de medo, e acabar com anos de incentivo à volta do capital estrangeiro de risco ao País. É que as conseqüências seriam imprevisíveis. Certamente, contudo, o chamado risco País, que mede a quantas anda a imagem do Brasil lá fora, subiria nas alturas. Depois disso, quem compraria um carro usado do presidente? Portanto, uma atitude dessas poderia afetar outras áreas e outras intenções de investimento futuro. Afinal, não convém afrontar um investidor que acreditou no Brasil e nessas empresas, sem contar que há muitos fundos nisso tudo, o que também representa pequenos aplicadores daqui e de fora.

Então quer dizer que estamos numa encruzilhada? Com toda certeza sim e a imprensa tem obrigação de abrir esse debate, tentar discutir o assunto com profundidade e procurar oferecer ao governo uma saída. A inflação sobe por causa de tarifas e preços que não têm concorrência e tudo isso afeta nossas vidas diretamente. O juro sobe para evitar que no embalo desses aumentos alguns setores mais ou menos aquecidos aproveitem a deixa e façam reajustes, alimentando ainda mais a inflação. Com juros altos, ninguém investe na produção, ninguém emprega, ninguém arrisca tirar o dinheiro do banco (para os que têm, claro). No próprio governo não há consenso. Sabe-se que uma hora há de se mexer nesses contratos de concessões, mas não se tem a mínima idéia de como fazer isso sem afugentar esses capitais.

Isso tudo está formando uma bomba de efeito igualmente imprevisível para o futuro político do presidente Lula. Com uma taxa de juro desse tamanho, o aquecimento meia bomba que se viu no ano passado, muito puxado por segmentos ligados à exportação, está minguando. Por isso sua popularidade cai. Lógico que não só por isso: há momentos políticos, troca de ministros, denúncias, vôos para o Vaticano, o descompasso na área social e um monte de outros motivos para se falar mal do governo no ônibus, nos botequins, nas festinhas e churrascos de fim de semana. Mas a maioria desses motivos é transitória e o juro alto, ao que tudo indica, parece ser o único expediente à mão do governo para tentar contornar essa situação.’



SBT
O Estado de S. Paulo

‘Giovanna Antonelli processa SBT’, copyright O Estado de S. Paulo, 25/04/05

‘A compra dos direitos de reexibição de Xica da Silva está rendendo boa audiência ao SBT e também uma bela dor de cabeça. Alcançando médias de 15 pontos de ibope com a trama comprada da extinta TV Manchete, a rede de Silvio Santos se enrolou na hora de pagar os direitos de imagem aos atores que participaram do folhetim.

Giovanna Antonelli entrou com um processo contra a emissora por uso indevido de sua imagem. Segundo o advogado da atriz, Sylvio Guerra, a ação corre na 6.ª Vara Cível do Fórum Regional do Rio. ‘A minha cliente não foi notificada sobre a exibição da novela, não calculei ainda a extensão do dano que esse uso causou, mas o juiz levará em conta a audiência da novela, o faturamento, essas coisas’, diz Guerra.

Pela lei que regulamenta a profissão, autores, intérpretes e diretores são considerados titulares das obras que criam e participam e devem receber cada vez que elas são vendidas para o exterior ou reexibidas. Quanto esses artistas e autores recebem por isso varia entre 2% e 10% do valor que receberam na época da primeira exibição, mas esse montante pode aumentar, dependendo do contrato de cada um.

O SBT se defende dizendo que dias atrás publicou em alguns jornais um comunicado convocando os envolvidos na trama a comparecer ao SBT para receber a retribuição financeira. Sylvio Guerra alega que esse procedimento não está dentro da lei e seguirá com o processo de Giovanna. Fontes da emissora garantem que, além da atriz, boa parte do elenco de Xica não viu ainda a cor do dinheiro da reexibição da trama, entre eles, a protagonista da novela, Thaís Araújo.’



TV GLOBO
Daniel Castro

‘Globo engaveta ‘Ligações Perigosas’ carioca’, copyright Folha de S. Paulo, 25/04/05

‘O diretor-geral artístico da Globo, Mário Lúcio Vaz, autorizou na semana passada o autor Gilberto Braga a escrever uma microssérie, de oito capítulos, baseada no romance ‘As Relações Perigosas’, de Choderlos de Laclos.

O livro gerou várias versões para o cinema. A mais conhecida é ‘Ligações Perigosas’, de 1988, dirigido por Stephen Frears, com John Malkovich e Glenn Close, vencedora de três Oscar.

A microssérie será escrita, mas ainda não tem previsão de gravações e exibição. ‘É para guardar na gaveta para eles [TV Globo] produzirem se de repente surgir uma brecha na programação. Como sempre acaba surgindo, eu aceitei’, afirma Gilberto Braga.

A história levada aos cinemas em 1988 se passava na França, em 1788. A versão da Globo será atual e no Rio de Janeiro. Malu Mader e Fábio Assunção serão os protagonistas, com os papéis que foram de Glenn Close e Malkovich.

A trama era a de uma marquesa que recorria aos favores de um visconde sedutor para atrapalhar o casamento de seu ex-marido com uma jovem virgem. Pede para o visconde engravidar a moça. Os dois se envolvem em um jogo de sedução, que envolve ainda uma terceira mulher, casada.

Gilberto Braga já explorou elementos da trama. Na novela ‘O Dono do Mundo’ (1991), Malu Mader era uma mocinha virgem que se entregava a um inescrupuloso médico em plena lua-de-mel.

OUTRO CANAL

Chute 1 A Globo vai aproveitar o amistoso da seleção brasileira contra a Guatemala, quarta-feira, em comemoração aos seus 40 anos, para testar novidades tecnológicas. Uma delas será a ‘sky cam’, câmera ligada a cabos que permitirá tomadas de 360º, de cima para baixo. A câmera foi usada no Carnaval do Rio.

Chute 2 Outra novidade será o ‘sound ball’. Desenvolvido pela própria emissora, trata-se de um sensor com transmissor instalado dentro das bolas, que captará o som do chute. No final, Roberto Irineu, presidente das Organizações Globo, entregará um troféu à equipe vencedora do jogo.

Âncora Ator-símbolo da Globo, Antônio Fagundes apresentará o ‘Vídeo Show’ amanhã, quando a Globo completa 40 anos.

Novela 1 Passando a crise em ‘América’, a Globo terá outro problema a resolver: a sucessão de Mário Lúcio Vaz, diretor-geral artístico. No início do ano, Vaz entregou carta afirmando que ficaria no cargo só até maio, mas deve permanecer até o final do ano, como reza seu contrato. Depois, passará a ser consultor.

Novela 2 O problema para a Globo é definir o sucessor de Vaz. Na emissora, especula-se que o executivo poderá ser substituído por um triunvirato. Jayme Monjardim, defenestrado de ‘América’ pela autora Glória Perez, é um dos cotados para compor o trio.’