Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Richard Waters


‘Eles são jovens, eles são idealistas -e não se incomodam com a próxima indústria multibilionária que destruirão.


Uma nova geração de visionários empresariais chegou à maturidade na internet, depois do colapso financeiro das empresas do ramo há alguns anos. Como os pioneiros do setor, muitos têm idéias ambiciosas e perturbadoras e não temem prever o fim de setores tradicionais da economia que optem por ficar fora da web.


Ao contrário da geração de empresários que os precedeu, houve muitos erros com os quais aprender, para eles. Beneficiaram-se de uma mudança completa no comportamento das empresas e dos consumidores, que fez da internet uma parte da vida cotidiana dos consumidores em toda parte. E é mais provável que provenham de outro país que não os Estados Unidos, especialmente no que tange ao uso da versão móvel da internet, onde o crescimento é mais rápido.


Para uma amostra dessa nova onda de ambições on-line, basta ouvir Bram Cohen, criador da BitTorrent, uma rede de troca de arquivos que acelerou o download de filmes e outros arquivos de grande volume de dados via internet, para grande irritação daqueles que controlam direitos autorais. ‘Os custos de distribuição estão despencando, e muito rápido’, diz. ‘Quando chegarem a zero, a distribuição de conteúdo deixará de existir como negócio.’


Que papel restará, então, aos intermediários posicionados entre os criadores e os consumidores de ‘conteúdo’? ‘Não haverá intermediários’, diz Cohen.


Previsões drásticas como essa não são novidade: já eram comuns durante o boom anterior da internet. Mas algumas coisas mudaram, desta vez. Graças à rápida difusão do acesso em banda larga à internet, existe uma audiência pronta para idéias ambiciosas que eram encaradas como simples bazófias algum tempo atrás.


Muitas das previsões aparentemente absurdas feitas durante o primeiro boom da internet ‘estavam certas’, afinal, diz Steve Jurvetson, que trabalha com capital para empreendimentos no Vale do Silício.


O Napster pode ter conquistado lugar na história da internet, mas se assemelhava a uma empresa artesanal, se comparado ao que vem acontecendo agora. Como resultado, o potencial de confusão dessas novas tecnologias -e a escala de novos negócios que elas poderiam sustentar- foi imensamente aumentado.


Os principais beneficiários do segundo advento da internet, até agora, foram as empresas que emergiram com maior força do primeiro surto de florescimento do setor, como eBay, Yahoo e Amazon.com, ou empresas tradicionais que decidiram aproveitar mais cedo o poderio da rede.


Mas a internet 2.0, como alguns a chamam, também está ajudando a lançar uma nova geração de tecnocratas e empresários visionários -pessoas com idéias novas sobre como usar o poder da web para alterar o comportamento social e perturbar o sono de setores estabelecidos da economia.


Esse fluxo de idéias novas toma diversas formas. Em alguns casos, novos modelos de negócios insuflaram nova vida a idéias antigas. Foi o que aconteceu, por exemplo, de maneira espetacular, no setor de buscas na internet. O faturamento publicitário de bilhões de dólares gerado pelo Google e pelo Yahoo agora está sendo usado para sustentar muitas formas diferentes de mídia on-line.


Em outros casos, a adoção maciça de novas tecnologias começa a gerar mudanças significativas no comportamento on-line, o que faz com que os empresários tenham de correr em busca de novos modelos de negócios e faz com que as empresas tradicionais se preocupem com o impacto que as mudanças podem exercer sobre elas.


O fenômeno dos blogs vem sendo um dos mais poderosos exemplos. Mais de 8 milhões de pessoas nos Estados Unidos têm blogs, ou diários on-line, e o número vem crescendo a cada dia no mundo.


Não existe consenso quanto ao significado exato desse fenômeno, ou quanto ao potencial impacto dele sobre os negócios. Para algumas pessoas, os blogs deveriam ser vistos como uma extensão da mídia e governados pelos modelos conhecidos do mundo da mídia, ainda que adaptados a uma forma de micropublicação.


‘Trata-se apenas da mais recente encarnação da internet como mídia’, diz Nick Denton, fundador da Gawker Media, uma das primeiras empresas a tentar construir um modelo editorial de negócios em torno de uma rede de blogs, e ex-repórter do ‘Financial Times’.


‘O aspecto econômico da publicação on-line se tornou tão barato que qualquer pessoa pode fazê-lo’, diz ele. Com baixos custos editorais e distribuição gratuita, os blogs são capazes de se sustentar com audiências muito menores do que as das mídias tradicionais, afirma Denton.


No entanto, de que maneira será possível transformar essa cacofonia de conversações privadas em um negócio? Os blogs têm o potencial de criar um novo modelo de negócios que só poderia existir na internet, disse Joi Ito, financista e empresário japonês que investiu na Six Apart.


‘Os blogs vão mudar a natureza da publicidade’, prevê, e também criarão novas formas de comércio eletrônico -ainda que a maneira pela qual esse novo mercado será organizado e quem enriquecerá com ele não estejam claras.


Uma mudança ainda mais perturbadora na natureza e na economia das comunicações de massa e seu mercado pode surgir com a telefonia via internet. Ainda que previsto há muito tempo, o hábito de fazer ligações via internet só agora começa a se generalizar, graças à adoção em massa do acesso em banda larga à internet.


Entre os primeiros a demonstrar o poder dessa idéia estão Niklas Zennstrom e Janus Friis, que inicialmente criaram o KaZaA, um dos mais usados dos sistemas de troca de arquivos on-line. Mais de 65 milhões de pessoas baixaram o software Skype, criado por eles, um serviço gratuito de telefonia via internet.


‘O Skype e outros serviços vão mudar as coisas a ponto de, quando contemplarmos o passado, daqui a 10 ou 20 anos, ficarmos imaginando por que as pessoas pagavam por comunicação de voz’, disse Jurvetson, cuja empresa de capital para empreendimentos financia a Skype. Essa grande mudança no mercado poderia prejudicar os gigantes do setor de telecomunicações, ele diz.


Mas essa nova geração pode cair vítima da arrogância e ambição excessiva que destruíram tantas empresas de internet no passado?


‘Dessa vez, os empresários estão mais espertos’, diz Ito. ‘A assessoria que vêm obtendo é muito melhor. O desejo de enriquecer rapidamente é menos premente.’


Uma coisa, porém, não mudou: a ambição sem limites. Tradução de Paulo Migliacci’



Ken Belson


‘Vendedor populariza telefone via internet’, copyright Folha de S. Paulo / The New York Times, 7/05/05


‘Woodrow Cundiff é um vendedor nato. Como muitos outros antes que venderam produtos da Amway, Tupperware e Avon de porta em porta, ele estava esperando ‘a próxima grande novidade’ para vender. E, como outros antes dele, a encontrou na internet: um novo serviço telefônico digital oferecido por uma companhia canadense.


Em março, Cundiff gastou US$ 500 para se tornar um ‘revendedor’ do serviço que pretende substituir as caras linhas telefônicas terrestres por software que funciona em linhas de dados de alta velocidade oferecendo conexões de voz. Um mês depois, ele disse que já recuperou seu dinheiro quase dez vezes.


O fato de alguém como Cundiff, com pouca formação técnica, poder vender um serviço telefônico baseado na internet com tanta facilidade é um sinal do nível de abertura dessa indústria emergente. Com um custo inicial tão baixo, centenas de operações familiares deverão entrar na onda em breve.


Mas, como outros programas de afiliação cujos representantes vendem para amigos e vizinhos -os quais vendem para seus amigos e assim por diante-, há um grande potencial de riscos. Nesse caso, as telecomunicações, as contas e os serviços são manipulados pelo Infinet Communications Group, próximo a Vancouver, na Colúmbia Britânica (Canadá). Cundiff e outros como ele, porém, estão nas linhas de frente atraindo consumidores. Se surgirem problemas, os clientes irritados poderão bater em suas portas pedindo restituição.


Enquanto companhias estabelecidas e grupos de consumidores muitas vezes suspeitam dos planos de venda em pirâmide, Birkeland disse que não há nada errado em indivíduos ou pequenas empresas venderem um serviço de telefone via internet.


Por enquanto esses revendedores são pequenos comparados com Vonage, AT&T e Time Warner Cable.


Mas Cundiff não parece ter dificuldades para encontrar clientes. Em menos de um mês ele conquistou mais de 200, segundo disse, trabalhando principalmente em sua casa em Port Charlotte, Flórida.


Cundiff não tem estoques, mas tem de pagar seu próprio marketing. Seu principal serviço é explicar como funciona o telefone pela internet e como se pode ganhar algum dinheiro extra como revendedor. A Infinet tem os servidores, roteadores e ‘switches’ digitais necessários para conectar as ligações e responde a perguntas sobre o serviço por telefone e por e-mail.


Cundiff encaminha os clientes para seu site na web, que a Infinet montou para ele, onde os clientes escolhem um plano e um código de área. Eles também informam seu número de cartão de crédito e endereço para que a Infinet possa lhes enviar um adaptador e um número de telefone. As contas são enviadas eletronicamente.


Cundiff recebe uma taxa única equivalente à primeira conta mensal do cliente -geralmente US$ 24,99- mais US$ 2 por mês enquanto o cliente mantiver o serviço. Se o cliente atrair uma terceira pessoa, ele recebe US$ 1 por mês por aquela venda.


‘A comunicação por voz na internet é a grande novidade, eu também ia me inscrever, então pensei: também vou começar a vender’, disse Cundiff, 35, que diz ter ganho cerca de US$ 5.000 em comissões até agora. ‘Do modo como eu vejo a coisa, se eu conseguir alguns milhares de clientes será uma bela renda.’


Os especialistas duvidam que essas iniciativas de vendas caseiras possam derrubar empresas como Verizon Communications ou BellSouth, que têm dezenas de milhões de clientes de telefonia e bilhões de dólares para gastar. Mas, assim como as novatas que venderam serviços de longa distância baratos depois que a AT&T quebrou, cerca de duas décadas atrás, os empreendedores oportunistas na linha de frente estão popularizando um produto que, segundo muitos analistas, é o futuro das comunicações por voz.


Quase todos eles também vão morrer. Assim como o mercado de longa distância hoje é dominado pelas companhias gigantes da Bell, os revendedores provavelmente também vão desaparecer quando as Bell, os provedores de cabo e outros começarem a vender serviço telefônico pela internet para valer.


Essas companhias podem vender os serviços de telefone com programação de televisão, linhas de internet de alta velocidade e outros produtos, enquanto os revendedores não podem.


As companhias também podem controlar seu poder de fogo de marketing, marcas, redes seguras e extensas e ter atendimento 24 horas para tranqüilizar os clientes que duvidam de empreendedores sem nome.


‘A proliferação de provedores VoIP não me surpreende, mas o mercado vai se modificar completamente, assim como o mercado de ligações de longa distância’, disse Richard Nespola, do Management Network Group, uma consultoria de telecomunicações.


Com o Wal-Mart chegando à rua principal, há sinais de que essa reformulação já está acontecendo. A Vonage, uma novata baseada em Nova Jersey, é a líder de mercado, com mais de 600 mil assinantes.


Mas as grandes companhias de cabo já fizeram incursões rápidas. A Cablevision, por exemplo, reuniu mais de 350 mil clientes em apenas 18 meses. A AT&T, que tem 53 mil assinantes, conta com sua marca renomada e superioridade técnica para atrair consumidores das novatas.


‘Se você olhar a história dos revendedores de longa distância, havia cerca de 400 ou 500’, disse David Dorman, chefe da AT&T. ‘Com o tempo, todos eles desapareceram. Eu não acho que uma operadora sem rede vá superar ofertas mais abrangentes.’


Até agora as Bell só venderam com relutância o serviço telefônico via internet, que exige uma conexão de alta velocidade e um adaptador. Os planos de taxas fixas oferecidos pelas novas companhias de telefone via internet ameaçam os serviços locais e de longa distância tradicionais que as Bell vendem pelo dobro e às vezes o triplo do preço.


Mas, com o tempo, todas deverão vender o serviço agressivamente, pelo menos para impedir que seus clientes vão para uma concorrente.


Por enquanto, Cundiff não parece preocupado. Ele encontrou um público para seu produto entre velhos consumidores cansados de pagar US$ 50 ou mais por uma linha local e um plano de longa distância da operadora local, BellSouth.


‘As pessoas mais velhas adoraram a tecnologia’, disse Cundiff, que também revendeu serviços de longa distância na década de 80 e vendia doces e lápis quando criança. ‘Eles estão querendo economizar e estão cansados de pagar uma linha doméstica cara.’


A Infinet dá os adaptadores de US$ 80, do tamanho de um livro, que conectam os telefones aos modems de internet. David Stoneman, diretor de franquias da Infinet, disse que vai levar cerca de quatro meses para recuperar o custo do adaptador. Mas com 50 revendedores descobrindo clientes, sua companhia gasta pouco em marketing.


‘Nós operamos em um fluxo de caixa negativo para lançar o produto’, disse Stoneman. ‘Mas economizamos dinheiro ao não precisar anunciar.’


Os provedores de cabo, a AT&T e outros que operam suas próprias redes também dizem que companhias como a Infinet, que dependem de outras para rotear suas ligações, têm baixa qualidade telefônica, algo que Stoneman e Cundiff negam. Como a Vonage e outros provedores de telefonia pela internet, a Infinet usa o Nível 3 e outros operadores de rede para rotear ligações.


Na verdade, Cundiff está pretendendo se expandir ainda mais. Ele quer ter mil adaptadores em sua loja para que os clientes possam assinar o serviço no ato. Seu chefe ganharia a comissão única, mas Cundiff receberia US$ 1 residual de cada venda. ‘Todo mundo quer entrar na jogada porque sabe que é a grande novidade’, disse ele. Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves’



SBT


Keila Jimenez


‘Fim de ‘Chaves’ gera protestos’, copyright O Estado de S. Paulo, 7/05/05


‘A morte já anunciada do seriado Chaves no SBT está provocando protestos de fãs na internet. No ar há mais de 20 anos, o enlatado mexicano protagonizado por Roberto Bola‡os não teve seu contrato de compra – que é da Televisa – renovado por Silvio Santos e deve deixar a grade de programação do SBT no dia 14.


Bastou a notícia vazar para que milhares de fãs de Chaves entupissem as caixas de e-mail da Central de Atendimento do SBT. O site da emissora chegou a ter problemas técnicos por causa do excesso de reclamações enviadas por fãs.


Entre os protestos virtuais há sites como o Prochaves, que convoca o público a atormentar o SBT por causa da saída do seriado do ar, e o VivaChaves, que está promovendo debates entre os já órfãos da atração.


No ar desde 1984 no SBT, Chaves ainda atinge média de 11 pontos de audiência, já venceu o Mais Você, de Ana Maria Braga, e incomodou Malhação por algum tempo.


A série mexicana sempre funcionou como um curinga na programação de Silvio Santos, que conseguiu reprisar menos de 200 episódios por 21 anos, trocandos-o de horário constantemente.


Em outros países da América Latina a carreira de Chaves é parecida. Na Colômbia e no México o seriado ficou no ar durante anos e continua, até hoje, com reprises esporádicas.


Mas nem tudo está perdido. Sem o contrato com o SBT, nada impede que o seriado caia nas mãos de outra emissora brasileira. Record e RedeTV! mostraram interesse no negócio, mas querem preços menores.’



Daniel Castro


‘Código do SBT veta ‘cantada’ e política’, copyright Folha de S. Paulo, 7/05/05


‘Garoto-propaganda do PSDB nas eleições de 2002, o apresentador Gugu Liberato não poderá aparecer no horário eleitoral gratuito do partido no ano que vem, a não ser que tenha autorização escrita de diretores do SBT.


A proibição está no ‘Código de Conduta e Política’ que o SBT está adotando. O manual, com 11 páginas, será assinado por todos os artistas contratados.


O código permite que engajados _como Hebe Camargo, Gugu e Ratinho_ participem de campanhas políticas, mas apenas em comícios, ainda assim sem ‘envolver a imagem do SBT’.


O documento afirma que ‘a contribuição ou uso de bens do SBT que beneficie autoridade ou partido político deve ser previamente autorizado’. Diz também que os apresentadores devem ‘abster-se da aparição ou apresentação em outra emissora sem prévia autorização’.


Outro aspecto curioso é a punição por assédio sexual. Qualquer quebra de norma do código é passível de rescisão contratual.


O ‘código de conduta’ também proíbe os apresentadores de darem entrevistas, a não ser que falem apenas de assuntos particulares, sem prévia autorização. Veta o uso de álcool no SBT, dar ou receber presentes de quem ‘quer fazer negócios’ com a emissora e o ‘tratamento diferenciado a autoridades’. ‘Qualquer negócio com governo estará comprometido com a ética’, afirma o texto.


OUTRO CANAL


Arco-íris 1 Lançado há pouco mais de um mês, o For Man, canal da Globosat que exibe filmes de sexo explícito para homossexuais masculinos, já atingiu a casa das 12 mil assinaturas vendidas.


Arco-íris 2 O For Man, que tem tido um marketing discreto, vai usar a Parada Gay de São Paulo, no final do mês, para tentar ampliar esse número. Levará ao evento uma bandeira de 30 m2 com as cores do arco-íris e distribuirá 50 mil camisinhas.


Volúvel O publicitário Roberto Justus desistiu de comandar a produção da segunda edição do ‘reality show’ ‘O Aprendiz’. Alegou que isso tomaria tempo que ele tem de dedicar aos negócios de publicidade. Assim, o programa não será mais feito por produtora independente. A produção será da própria Record.


Reação Em baixa no Ibope, os programas ‘Dia Dia’ e ‘Melhor da Tarde’, da Band, tiveram seus diretores substituídos nesta semana. Simone Lopes, que até a semana passada era diretora do ‘Hebe’ (SBT), assumiu o ‘Melhor da Tarde’.


Tabela Com a eliminação do Corinthians, a Copa do Brasil acabou para a Globo em São Paulo. A Libertadores vai tomar o espaço às quartas-feiras. Pelo Brasileiro, o Corinthians está escalado pela Globo a aparecer na TV domingo sim, domingo não.’