Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Rogério

“Crítica não é raiva. É crítica.”  (Paulo Francis, jornalista)

A imprensa cearense, incluindo O POVO, chegou atrasada em nova denúncia de irregularidades no estado. Fato que não é novidade. Foi assim no caso envolvendo o empresário Raimundo Morais e se repetiu no desdobramento da Operação Podium com o envolvendo da Federação Cearense de Automobilismo, ambas em 2010. Agora, a revelação é a descoberta de fraudes no Banco do Nordeste do Brasil (BNB). A denúncia foi publicada no site da revista Época, na sexta-feira (8). Os jornais só informaram o fato no sábado. No O POVO como segunda manchete – “BNB libera dinheiro a empresas que usou notas frias”. No DN como manchete: “Presidente do BNB confirma indícios de fraude no banco”. O Estado não circula no fim de semana.

Pior que chegar atrasado é já ter conhecimento da informação e não ser o primeiro a divulgar. Deixar o “furo” escapar como se diz no jargão jornalístico. A matéria do O POVO trouxe como destaques entrevistas com o gerente Manoel Neto da Silva e o advogado de uma das empresas citadas. Ambas feitas, segundo os textos, no final do ano passado. Ou seja, o jornal sabia das denúncias há mais de nove meses e ainda assim chegou atrasado. Outra falha foi não citar a revista Época como autora das denúncias.

Demorou demais

Os repórteres especiais Claúdio Ribeiro e Demitri Túlio, autores da matéria, afirmam que estavam trabalhando no assunto. “A apuração se dá desde o final de outubro do ano passado. Desde então, a apuração vem sendo tocada em paralelo a outras coberturas. Como são muitos nomes seria irresponsável lançá-los sem a devida checagem”. Correto, mas pela gravidade e alcance dos fatos, o mais indicado seria priorizar a pauta. Segundo eles não houve citação da revista porque, apesar do mesmo fato, os caminhos foram “diferentes e independentes”.

Depois da primeira denúncia, O POVO aprofundou a cobertura e conseguiu boas matérias. Uma com o autor das denúncias, o ex-gerente Fred Elias, e a melhor delas com Robério Gress do Vale, chefe de gabinete da presidência do banco, exonerado após as revelações. Peca por não ter publicado nada ainda – o concorrente já conseguiu – com o atual presidente do BNB, Jurandir Santiago e o anterior, Roberto Smith.

No início o jornal evitou relacionar as denúncias com a participação de filiados do Partido dos Trabalhadores – coisa que a reportagem da Época e os colunistas do O POVO fizeram. “Nossa apuração não permite, por exemplo, fazer ilações entre a suposta fraude e formação de caixa 2 para qualquer partido político”. Posteriormente, diante das entrevistas, as forças políticas que giram em torno dos cargos no banco passaram a ser citadas. Falta mostrar o tamanho do prejuízo para o Nordeste.

Postura elogiada

O leitor Ireleno Benevides elogiou a postura da editoria de Opinião na enquete do dia dos namorados. A pergunta “Como manter o encantamento das relações amorosas na modernidade?” publicada domingo mostrou a opinião de três casais, um deles homossexual. “É sempre bom diversificar as opiniões. Para mim foi uma boa novidade” observou. De fato, não há mais motivos para deixar de lado esse público. O jornal tem acertado ao manter espaço constante como a coluna semanal Cena G do Buchicho.

Explicar como?

“Como é que acontece uma coisa dessas? Como pode?” Tem perguntas como essa, do leitor Carlos Martins, que nem sempre dá para responder. Erros básicos e que se repetem ano após ano. O próprio Carlos apontou erro cometido dia 29 de maio, na editoria Fortaleza, quando foi grafada, na matéria “Duas vias de Fortaleza passam para gerência do Estado”, uma palavra errada logo no lead: “Com a intensão (sic) inicial de dar celeridade às obras…”. O correto era intenção, de propósito, objetivo e não intensão, de intensidade.

A correção saiu na última quarta-feira, 15 dias depois. Pois não é que no dia seguinte o mesmo erro se repetiu na editoria Economia, em matéria sobre os tatuzões. Na última frase estava grafado: “A intensão (sic) da Robbins é de se instalar…”. O que falar ao leitor? O pior é ainda ver na chamada de capa de Política, na sexta-feira, outro tropeço. No lugar de seção eleitoral foi publicado que “Ceará terá pela 1ª vez sessões eleitorais voltadas para indígenas e quilombolas”. Será alguma sessão espírita?

Esquecido pela mídia

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