The New York Times [20 e 21/8/05] publicou em sua seção de ‘Cartas ao Editor’ uma mensagem de seu próprio editor-executivo, Bill Keller, atacando uma crítica do jurista conservador Richard Posner publicada no caderno literário do jornal. O texto de Posner comentava diversos livros sobre a mídia lançados recentemente e continha, entre outras coisas, a afirmação de que os veículos americanos de tendência liberal têm desviado sua linha editorial mais para a esquerda apenas para atender seu público e manter sua fatia de mercado.
Keller afirma que o ensaio se trata ‘mormente de uma regurgitação tão tendenciosa e cínica quanto os piores livros lidos’ pelo autor. O editor reclama ainda que Posner não faz distinção entre os meios que agressivamente defendem uma visão política e aqueles que fazem um esforço para separar opinião de informação.
Keller conclui: ‘O mais triste é que o determinismo de mercado do juiz Posner não deixa espaço para outras dinâmicas que testemunhei em meus 35 anos trabalhando em jornais: o idealismo de repórteres que pensam que podem fazer o mundo melhor, a satisfação intelectual de encaixar as peças de um assunto complicado, o sentimento de recompensa em ser o primeiro a descobrir um fato que estava enterrado, o orgulho de lutar para manter um código profissional de jogo limpo, a busca do reconhecimento de seus pares e, finalmente, a resposta de leitores atentos e reflexivos. Ele não faz concessão para a possibilidade de que editores e repórteres sejam capazes de colocar de lado suas crenças pessoais ou de resistir a seus anunciantes para realizarem um trabalho no qual acreditam’.