Engraçado, me pareceu muito boa a idéia de tal conselho. Não é de hoje que os jornalistas reclamam das dificuldades em manterem-se éticos, nos respectivos meios de comunicação em que trabalham, dada a ingerência dos proprietários em seu trabalho. Já ouvi vários testemunhos do que foram obrigados a cortar, adicionar, modificar em suas matérias, coisas como ‘tem que falar mal da Erundina!’ Tenho cinco parentes jornalistas, que resolveram sair da grande imprensa para outras opções de trabalho, graças à inobservância, sistemática, da ética profissional a que eram constrangidos cotidianamente. Agora, que moral têm vocês, jornalistas, que não querem de jeito algum serem submetidos a um código ético, para exigir coisas que tais no Judiciário, por exemplo?
Considero a pressão contra Hugo Chávez um absurdo: onde já se viu um governante eleito democraticamente ser deposto, ou sujeito a plebiscito, sem ter cometido atos de corrupção? Qual foi o jornal que abordou este aspecto da legitimidade desta ação? A Folha, por exemplo, que dá apoio a estes golpistas, nunca se portou assim sobre o foragido Fugimori. Onde está a crítica a este tipo de ‘jornalismo’? Hoje, que é aniversário da morte de Getúlio, é um bom dia para uma autocrítica da imprensa e do papel de ‘jornalistas’ como Carlos Lacerda na nossa história.
Nilce Marcondes, socióloga, São Paulo
Cabide de empregos
O conselho precisa ser mais debatido na sociedade e principalmente entre os profissionais do ramo. (…) O CFJ será mais um cabide de empregos e um órgão de opressão da imprensa. (…)
Wagner Pessoa, agricultor, Rio de Janeiro
Leiam Gramsci
Leiam Gramsci: o critério moral do partido deixa de ser a lei natural, ou seja, a noção da consciência humana do que é certo ou errado, e passa a ser se serve ou não ao partido. O critério anterior é reacionário, retrógrado e anacrônico. O que está em jogo é o estado democrático de direito. Está em implantação a ditadura do partido, que passa a se sagrar ‘divino’ nas consciências individuais. A pior ditadura que este país já atravessou começou em janeiro de 2003. O exemplo de Hitler de implantar uma ditadura com amplo apoio popular e baseada na Constituição está sendo seguido à risca.
Paulo Tarrasch, economista, São José, SP
Distorção pura
O aspecto ‘fiscalizar o jornalismo’ precisa mesmo ser genérico, pois do contrário seria vigilância, dirigismo. Não se pode fiscalizar o jornalista, per se. O macartismo já fez isso antes na chamada ‘pátria da democracia’. A OAB fiscaliza a aplicação da advocacia, e não o advogado. O CRM fiscaliza a medicina, e não o médico. (…) Há também que se considerar que o fato de me formar em Direito não me torna advogado. Para isso, preciso prestar uma prova. Do mesmo modo, na medicina. Até onde sabemos, isso se pode entender por ‘filtro’ de capacidades. Qual é o filtro para o jornalista? O jornalista que fala o que quer (ou o que seu empregador manda) não deve ter sua capacidade restringida, segundo esses valorosos pensadores. (…)
Ética é um conceito genérico, não é algo estático. Depende de posição e considerações da sociedade num determinado tempo e espaço. Não é possível que pessoas que ocupem cargos tão conceituados e de veículos de informação tão importantes se prestem ao papel ridículo de polemizar pejorativamente assunto tão comum e necessário para a sociedade. É distorção pura. Não tem como não perguntar: quem tem medo do CFJ?
Marcelo Marcengo, Curitiba
Chega de hipocrisia!
Chega de hipocrisia! Tá faltando pauta nas redações brasileiras, hein?! Para transformar a matéria da criação do CFJ nesse cavalo de batalha contra o governo é sinal de que não há nada de mais importante acontecendo por aí. Tá na hora de deixar a hipocrisia de lado e pensar que se os Frias e Cia. não quiserem nem os bons e muito menos os maus jornalistas da empresa continuarão assinando matérias ali. E que se nós, que camelamos o dia inteiro pra eles encherem os bolsos, muito mais em função dos acordos oficiais com os governos, muitas vezes (a maioria delas, talvez) à custa das nossas reportagens, não cuidarmos da nossa organização, não serão eles que vão cuidar. Ou alguém ainda duvida de que, com meia hora de papo, patrões e Gushiken na mesma mesa, essa pauta não vai cair rapidão?
Clovis de Oliveira, jornalista, Dourados, MS
Apáticos e desunidos
A colocação na abertura do Canal do Leitor sobre a categoria dos jornalistas, ‘tão apática e desunida a respeito de seu próprio destino’, talvez nos ajude a entender a idéia da criação do mais medíocre dos conselhos num país ‘democrático’. Uma colocação, apenas, brilhante.
Sanderlei Vieira, estudante, Vitória
Sim à ABI
Não ao Conselho, sim à ABI. Lutar para transformarmos a histórica ABI numa entidade de direito público – nos moldes da também histórica OAB – é a grande saída da sociedade ‘civil’ contra a tentativa autoritária do Planalto.
Alcides Lemos, jornalista, São Paulo
Sem discussão
Os termos ‘organizar, disciplinar e fiscalizar’ presentes no projeto já dispensam qualquer discussão: o projeto é de cunho autoritário e intervencionista.
João Sérgio da Silva Costa, estudante, Cataguases, MG