Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Significado esquecido

Temperança. Esta foi a única palavra que surgiu em minha mente durante a leitura deste artigo. Em 1970 eu tinha 15 anos e assistia ao Brasil ufanista do ‘milagre brasileiro’, momento em que esquecemos o significado de patriotismo. Ser patriota era usar farda ou no mínimo ficar de boca fechada e de preferência nem pensar. Esquecemos tudo… Realmente, não há o que resgatar, pois é difícil saber até mesmo o significado de ‘ser brasileiro’ ou ‘brasilidade’ (rodeios? bah!). Quem somos nós? Acredito ser este o momento de encontrarmos esta resposta. Temperança, ação e espírito alerta talvez seja o caminho. Serão poucos os dispostos a pagar pela (re)construção desta nação? Ser patriota é como ser honesto, algo que deve ser comum mas, por aqui, é considerado tolice ou virtude.

Eduardo Peter Zimmermann, informata, São Paulo



A generalização atrapalha

O erro da generalização é uma das pragas desse país. Como sempre ocorreu, ela funciona dos dois lados. Apenas um ser completamente alienado acreditaria que o governo FHC não sofreu sérias críticas, que passou oito anos em cima de um tapete vermelho, mandando e desmandando sem obstáculos. Mesmo que o atual governo esteja conseguindo coisas boas, apesar de fazer outras muito ruins, ele não pode sentir-se indignado por ser criticado. O governo FHC também conseguiu muitas conquistas, algumas delas finalizadas no governo Lula. Mas um como o outro falham. E sobre essas falhas que as críticas devem se concentrar, críticas essas que sempre são confundidas com a ‘dor-de-cotovelo’ da oposição.

O Brasil tem uma história. Um instinto de patriotismo não pode surgir se a esquecermos. Nosso erros, e principalmente eles, devem ser lembrados, dentro do seu contexto, para que não se repitam. Só teremos vergonha deles se não aprendermos a lição. E é isso que acontece hoje. Cometemos as mesmas falhas de antes, com as mesmas desculpas de antes. Não é de se admirar que queiramos inventar uma noção de país. Quem quer se envergonhar? Quem quer pagar a conta? Se os EUA são uma grande nação, bem como grande parte da Europa, isso acontece porque eles vivem com seus erros e acertos. Não inventam uma nova história. Se fomos cartas de baralho para os ingleses na Guerra do Paraguai, lembremo-nos. Assim, quem sabe, não voltaremos a ser de outra nação.

É incrível a quantidade de palavras que são necessárias para generalizar. Com bem menos sairia alguma verdade. Porém, ao aparecer, essa verdade envergonharia, humilharia certas esferas, desde os usineiros do Nordeste até os defensores da democracia no Sudeste. Assim se constrói um país, não o contrário.

Lefebvre Saboya, escritor, Porto Alegre



Preconceito com o Nordeste

O autor do texto, ao afirmar ‘representantes de usineiros do Nordeste’, lança uma visão preconceituosa em relação os usineiros nordestinos, como se todos eles fossem sonegadores e desonestos. Tenho a dizer ao ilustre autor do texto que muitos usineiros são cumpridores de suas obrigações e responsáveis por milhares de empregos dignos no Nordeste. Como qualquer categoria, existem os bons e os maus. Interessante que a crítica só é dirigida aos usineiros do Nordeste; e os usineiros do Centro-Oeste não merecem críticas? Por último, acho que o texto revela uma visão preconceituosa não só em relação a usineiros nordestinos, mas também em relação aos políticos do Nordeste, ou mesmo a todos nós, nordestinos.

Rinaldo Freire, advogado, Recife

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Patriotismo e manipulação de consciências – Ulisses Capozzoli



AGROUFANISMO
Felicidade para os eleitos

Essa matéria me tranqüiliza – em parte. Num mundo governado pelo verniz das conveniências imediatas, é alentador assistir a essa busca de uma imprensa responsável, seja em qualquer (com o perdão do trocadilho) campo. Mas, penso que falta uma discussão séria sobre a face quase oculta do agronegócio, que pode ser vista tanto na pobreza rural quanto na pobreza urbana. (…) Se queremos desenvolvimento, o agroufanismo (usando a expressão do autor) não contribui, apenas reforça a idéia de que só os eleitos serão felizes.

Valéria Villa Verde, socióloga, Curitiba