Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Como os políticos se relacionam com a comunicação

[do release da editora]

Transformações da midiatização presidencial: corpos, relatos, negociações e resistências é uma obra organizada por Antonio Fausto Neto, Jean Mouchon e Eliseo Verón que reúne os trabalhos apresentados e discutidos no colóquio homônimo, realizado na cidade de Japaratinga, Alagoas, entre 21 e 25 de setembro de 2009, organizado pelo Centro Internacional de Semiótica e Comunicação (Ciseco), e é um dos principais lançamentos da Difusão Editora em 2012, trazendo diversidade teórico-metodológica de real valor aos interessados em aprofundar-se na intrigante ponte que une mídia e política. O livro foi lançado no XXI Encontro Anual da Compós, realizado de 12 a 15 de junho em Juiz de Fora, Minas Gerais.

O sólido conteúdo, que apresenta ideias de forma clara e objetiva dos diversos pensadores que participaram das mesas de debate do evento, faz da obra um material essencial para aqueles que buscam enriquecer seu conhecimento em comunicação, marketing, sociologia, ciências políticas e semiologia, partindo do ponto de vista da análise dos temas que tangem assuntos relacionados à midiatização presidencial, desde modelos de campanha política, forças sociais emergentes à profunda mudança do perfil dos candidatos à função presidencial.

O lançamento aborda diferentes temas, transitando entre tradicional e contemporâneo. Há diversas mudanças nos dispositivos de comunicação utilizados no meio político, como o inovador storytelling, onde a política não mais consiste em resolver apenas problemas militares ou econômicos, mas sim “dar às pessoas a chance de melhorar a sua história” – utilizado em processos eleitorais e gestões governamentais, edificando realidades na opinião pública. Trata-se, segundo os pensadores, de uma estratégia para presidentes pós-modernos europeus e americanos.

Figura presidencial na linha de tensão

Outro ponto de destaque é a questão de gênero envolvida na política, onde as mulheres estão cada vez mais presentes, ocupando cargos de prestígio e são fundamentais, como líderes e representantes de países. A mudança do cenário político para as mulheres foi demasiada, demarcada pela sua incursão, onde outrora não possuíam o direito de voto, no século 20, e hoje assumem a liderança com tanta maestria quanto os homens, a obra encarrega-se de enumerar fatos e explicar a presença feminina no meio político.

Os pensadores, especialistas de diversos países, decodificam, nas 336 páginas da obra e em 18 capítulos, figuras presidenciais importantes e revelam a maneira pela qual esses políticos se relacionaram com os processos midiáticos e de comunicação. Nomes como Barack Obama, Nicolas Sarkozy, Hugo Chávez, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff aparecem no livro e irão mergulhar o leitor em uma reflexão sobre política e comunicação.

Dentre os textos apresentados no livro está uma conversa entre o escritor Umberto Eco e Eliseo Verón que explora a posição da figura presidencial colocada na linha de tensão entre os dispositivos institucionais do sistema político e os dispositivos comunicacionais do sistema de mídia.

Outros textos

Também estão entre os articulistas da obra o francês Marc Abélès, antropólogo e etnólogo, autor de 17 livros, que enfatiza o fenômeno da dessacralização do corpo presidencial citando o caso de Nicolas Sarkozy na França; a francesa Marlène Coulomb-Gully, professora de ciência da informação e comunicação da Universidade de Toulose 2, que apresenta uma análise “arqueológica” da história das mulheres que foram candidatas à função na França, culminando no caso de Ségolène Royal, a primeira a disputar o segundo turno de uma eleição presidencial; o espanhol José María Paz Gago, doutor em filologia hispânica pela Universidade de Oviedo e professor visitante das Universidade da Califórnia, Nancy 2 (França), Paris 3, e Unisinos (Brasil), que oferece outro caso europeu, o do presidente Zapatero na Espanha, onde, a partir de seu ponto de vista, a tensão entre a função presidencial e a mídia transformou-se numa fusão; e o chileno Rafael del Villar, sociólogo da Pontificia Universidad Católica de Chile, que apresenta o caso de Michelle Bachelet no Chile, que terminou o seu mandato com uma popularidade comparável à do presidente Lula no Brasil.

Além dos autores citados acima, fazem parte do livro “A política das imagens”, de Carlos Ossa; “A midiatização da figura presidencial: espaços, estratégias e transições”, de Gaston Cingolani; “Moda e estilo na encenação dos corpos políticos”, de Oscar Steimberg; “Silhuetas ou caricaturas? Um olhar sobre o corpo presidencial na imprensa escrita”, de Marita Soto; “Os dispositivos do presidente”, de Oscar Traversa; “Corpo e estratégias de identificação na midiatização presidencial – Silvio Berlusconi, Nicolas Sarkozy e Barack Obama em 2009”, de Bruno Ollivier; “A midiatização da figura presidencial na Argentina da democracia: das bases institucionais à intempérie”, de Mario Carlón; “Nova tendência em comunicação política”, de Jean Mouchon; “Mão Firme, Coração Grande: Imaginário da representação midiática do presidente colombiano Alvaro Uribe Vélez”, de Beatriz Quiñones Cely.

“Telepolítica on-line – As transfigurações midiáticas do corpo do presidente na era da Quinta República”, de Rocco Mangieri; “Transformações – Resistências simbólicas no governo do presidente da Bolívia, Evo Morales Ayma”, de Víctor Quelca; “A imagem midiatizada do presidente uruguaio Tabaré Vázquez – Adágio em cinco fases (2005-2009)”, de Pedro Russi Duarte; “As sobranZelhas de Zapatero – Midiatização corporal do poder – de Sarkozy a Zapatero”, de José María Paz Gago; “Napoleão vence Marianne – Representação política e encarnação na campanha presidencial francesa de 2007”, de Marlène Coulomb-Gully; “De Eva a Cristina: Ethos e discurso político”, de Silvia Ramirez Gelbes; “Midiatizações televisivas: a campanha presidencial de Michelle Bachelet, de Rafael del Villar Muñoz e Dilma Rousseff – Transição de imagens no processo de construção de uma mulher presidenciável”, de Vera França e Laura Guimarães Corrêa, completam os textos que compõem a obra.