Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

BBC leva culpa por protesto

A rede de TV britânica BBC recebeu uma dica de que a Câmara dos Comuns seria invadida por manifestantes a favor da caça à raposa, mas não avisou a polícia sobre a ameaça. A emissora foi acusada pelo ministro da defesa, Gerald Howarth, de não prevenir a invasão, já que tinha a informação e não alertou as autoridades.

Enquanto os parlamentares votavam um projeto de lei de proibição à caça, uma das atividades mais tradicionais do país, cerca de 10 mil manifestantes protestavam contra a aprovação do projeto do lado de fora do Parlamento. Cinco deles driblaram a segurança e conseguiram entrar na Câmara dos Comuns, na invasão que está sendo considerada a pior falha na segurança parlamentar desde 1647. O ataque foi televisionado.

Os cinco manifestantes – entre os quais estavam o filho do cantor Brian Ferry e Luke Tomlinson, amigo dos príncipes William e Harry da tradicional e seleta escola de Eton – foram detidos pela polícia.

A repórter da BBC que recebeu a dica da invasão, Luisa Baldini, passou a informação a seus superiores imediatos. Segundo fontes da emissora, o editor de política, Andrew Marr, tomou conhecimento dela, mas não considerou que fosse confiável ou que justificasse uma maior apuração. Especula-se que outras organizações de mídia também tenham recebido a mesma informação, mas nenhuma seguiu a dica.

Ameaça de bomba

Um dia após o susto, o Parlamento inglês teve outra surpresa. O tablóide The Sun anunciou que manteve um repórter trabalhando disfarçado de garçom na Câmara dos Comuns por três semanas. Mesmo depois de ter a segurança reforçada depois da invasão dos cinco ativistas, o Parlamento poderia ter sido alvo de um ataque à bomba.

Na quinta-feira, 16/9, Anthony France, o jornalista infiltrado, entrou no prédio carregando acessórios para a montagem de uma bomba – entre eles baterias, fios e um timer. ‘Se eu fosse um terrorista, poderia ter deixado o dispositivo em um banheiro ou no restaurante onde eu trabalhava. Eu poderia facilmente ter explodido o lugar’, disse ele.

Diante dos vexames com a segurança, o líder da Câmara dos Comuns, Peter Hain, afirmou: ‘Isso confirma os meus piores medos e é a razão pela qual eu tenho feito pressão pelo aumento da segurança no Parlamento’. Informações de Lisa O’Carrol e Matt Wells [The Guardian, 16/9/04] e Paul Majendie [Reuters, 16/9/04].