Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Precisamos nos unir

Qualquer tentativa de cerceamento da liberdade de imprensa deve ser banida e ponto. Esta é a minha posição e a da Fenaj, que está lutando pela qualificação da informação. Já militei na imprensa no interior da Bahia e observei por diversas vezes pessoas se autodenominarem indevidamente como jornalistas. Uma vez, num seminário em Brasília, um representante de um organismo internacional defendeu que jornalista não precisa de diploma. De imediato, questionei por que em outras profissões da área de Ciências Humanas, como advocacia, seria então necessário o diploma? Fiquei sem resposta. É esta discussão, a da qualificação da profissão e da informação, que a ANJ, com o apoio de figurões do jornalismo, está conseguindo ocultar da sociedade.

Esta posição de defesa dos interesses dos patrões não se justifica pela crise do mercado de trabalho. Sinceramente, vejo com grande desprezo esse posicionamento canino de parte da categoria em defesa dos empresários de comunicação. Por essas e por outras é que deveríamos valorizar as publicações cujos proprietários são jornalistas e acharmos juntos alternativas para este mercado estrangulado. Quanto à pergunta do site do Observatório da Imprensa sobre a criação de um sindicato só para assessores de imprensa, em primeiro lugar, as relações entre o departamento comercial e as redações são promíscuas. Então, não me venham com essa história de donos da verdade, pois uma imagem sempre está sujeita ao olhar de quem a enxerga.

Não esqueci das aulas de Antropologia, quando cursei Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo Impresso. E utilizo as técnicas que aprendi e continuo aprendendo para exercer minhas atividades de assessor de comunicação. Acredito que o segredo desta profissão é dosar de forma equilibrada a propaganda e o jornalismo. Por isto, sempre assino assessoria de comunicação social, e não assessoria de imprensa, pois a função engloba estas duas vertentes, além de inúmeras tarefas que temos de verdadeiros RPs. Propaganda na medida em que a missão da Ascom é antes de tudo promover a imagem do seu cliente. E jornalismo na medida em que sempre uso as técnicas desta profissão para apurar, redigir e editar. E estou neste segmento da comunicação social há 10 anos acima de tudo porque, durante o exercício da profissão, adquiri com as chefias de reportagem credibilidade. Os releases vêm assinados com um registro profissional.

E quando um jornalista, quer esteja trabalhando nas redações ou nas assessorias, é apaixonado por esta profissão, respeita acima de tudo a sua função social como jornalista. Ou seja, assim como os profissionais de redação, os assessores também têm compromisso com os fatos. E então, vamos continuar nos dividindo com discussões como esta, ou vamos nos unir para quem sabe um dia termos realmente uma imprensa livre neste país?

José Pedro Garcia Castro, jornalista, Salvador



Afastamento é exagero

A questão do assessor de imprensa é muita complexa e exige uma análise profunda. Nos bancos das faculdades de Comunicação o tema é fortemente discutido, o que gera insatisfação entre os próprios docentes, uma vez que existe a pasta de ‘assessoria de imprensa’ e o aluno tem que cumprir a carga horária exigida. Na minha opinião, dividir o sindicato ou o jornalista pedir o afastamento para poder atuar como assessor de imprensa é exagero. Dá sim para conciliar as duas coisas, afinal de contas na faculdade estudamos jornalismo, fotojornalismo, assessoria de imprensa, publicidade & marketing, como sendo um segmento do mundo da comunicação.

Mário Lima, Brasília



Perfeita a decisão

Perfeita a decisão do juiz Wauner Batista em apreender os exemplares apócrifos do jornal clandestino Betim em Dia. Há exatos 10 anos, na pacata cidade de Silvânia (GO), também atuei, na condição de advogado, com a missão de impedir a veiculação de um jornal, também clandestino e apócrifo, que tinha extremo tom sensacionalista e cunho absolutamente político. Na ocasião, o juiz eleitoral responsável pelo julgamento do pedido também impediu a veiculação do periódico. A imprensa, em casos dessa natureza, tem o costume de atacar decisões como a que ora se põe em destaque. Contudo, como bem frisou o magistrado, ‘não se admite a imprensa apócrifa’… já que tal admissão importaria no descrédito a toda a imprensa séria e honesta.

Enfim, a imprensa marrom, apócrifa, ilegítima e, principalmente, tendenciosa e fictícia, deve ser rechaçada. A democracia tem como sustentáculo a liberdade de imprensa e esta deve-se dar o respeito para o fortalecimento daquela, ou seja, é uma relação absolutamente simbiótica.

Jayme Freitas, advogado, Goiânia

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Propaganda racista

Gostaria que vocês observassem a propaganda da Claro Telefonia Celular, com a participação do humorista Lúcio Mauro Filho: há ou não racismo no momento em que, ao ser interrompido por uma modelo negra que diz que o celular dela não tem as qualidades todas que ele enumerava para as modelos brancas, responde: ‘Claro, né…?’ Pergunta-se: por que ‘claro’? Por ela ser negra?

Raimundo Almeida Pereira, industriário/professor, Salvador



Rádio e burocracia

Não estou escrevendo para anunciar mais um fechamento de rádio, e sim para dizer da demora da burocracia em analisar documentos. Nós já estamos com a documentação em análise há quase três anos, e está tão emperrada que não sei quantos anos mais vai demorar. Até o projeto técnico já esta sendo analisado. Até quando vamos esperar?

Nilton Moraes, radialista, Bauru, SP

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Soberania negligenciada

Caros amigos do OI, vejam este artigo publicado no site O Farol Eletrônico (www.farolbrasil.com.br/arquivos/am_a_bancada_de_goias.htm) trata de fato ocorrido numa reserva ianomâmi. Foi necessária a intervenção do Exército para hastear a bandeira do Brasil onde antes havia uma bandeira da União Européia. O artigo foi publicado pela revista IstoÉ em 14/4/2004. Por que a grande imprensa, com exceção da IstoÉ, não toca neste assunto, ou o faz de forma superficial? Por que o Jornal Nacional, da Globo, ou o senhor Carlos Nascimento, do Jornal da Band, ou o senhor Boris Casoy, do Jornal da Record, não tocam neste assunto? Será que a soberania nacional será sempre relevada à categoria de ‘teoria da conspiração’ ou nacionalismo xenófobo?

A mídia escrita tão pouco fala disto. A exceção parece mesmo ser a IstoÉ, que mesmo não sendo perfeita, como bem mostra o Observatório, pelo menos está fazendo o papel de nos alertar. Num mundo onde a via militar parece ser a mais escolhida para a resolução de conflitos, a nossa mídia demonstra estar comprometida com a idéia de que nossa soberania não é mais relevante, e a prova disto é que nem sequer são mencionados o reaparelhamento de nossas forças armadas, em especial a força aérea, e a relevância das propostas para o futuro do país, algumas destas propondo parcerias na área espacial e dando acesso a tecnologias que jamais sonhamos ter. Endereço do artigo:

Rodolfo Ribeiro Machado, programador, Batatais, SP