O primeiro debate entre os candidatos à presidência dos EUA, marcado para 30/9, já começou a causar polêmica. Pelo menos no meio jornalístico. Nesta reta final antes das eleições, serão realizados três debates presidenciais – na Flórida, em Saint Louis e no Arizona – e um dos candidatos à vice-presidente, em Cleveland. Todos mediados por jornalistas televisivos.
Para qualquer debate há regras que, ao longo dos anos, tem sido respeitadas. Os organizadores das campanhas de George Bush e John Kerry, porém, decidiram que, para esta eleição em particular, apenas o conhecimento das regras não é suficiente. Para a segurança total de seu cumprimento, é preciso que os mediadores assinem embaixo delas. Literalmente.
Não assinou, rodou
Todos os jornalistas convidados a mediarem os debates terão que assinar uma declaração onde afirmam que concordam com as normas estipuladas pelos organizadores das campanhas. A obrigatoriedade da assinatura está exposta no fim de um memorando de 32 páginas divulgado em conjunto pelos partidos Republicano e Democrata. De acordo com o memorando, se algum dos mediadores se recusar a assinar a declaração, poderá ser substituido por outro mediador.
A preocupação com a decisão dos organizadores das campanhas de Kerry e Bush pode parecer exagerada. Afinal, se as regras são cumpridas de qualquer maneira, qual o problema? Segundo Aly Coln, líder do grupo de ética da escola de jornalismo Poynter Institute, o problema é que ‘quando você levanta questões sobre sua independência, isso afeta sua credibilidade como jornalista’.
O professor da Universidade Northeastern, em Boston, e autor do livro Presidential Debates: Forty Years of High-Risk TV (Debates Presidenciais: quarenta anos de TV de alto risco), Alan Schroeder, afirmou que a situação é ‘ridícula’. ‘São jornalistas prestando um serviço ao seu país. Eles cobrem estes caras. Como podem ir para a cama com eles?’. As informações são de Mark Memmott [USA Today, 23/9/04].