Centenas de jornalistas nepaleses organizaram uma passeata pelas ruas de Katmandu para protestar contra a repressão governamental à imprensa e contra a prisão de colegas de profissão, informa a Reuters [3/5/05].
No início deste ano, o rei do Nepal, Gyanendra, declarou estado de emergência. Com a justificativa de que a medida era necessária para conter a guerrilha maoista no país, ele dissolveu o governo multipartidário, ordenou a prisão de líderes políticos, suspendeu direitos civis e impôs uma rígida censura à imprensa.
Gyanendra voltou atrás em sua decisão devido à pressão internacional, e suspendeu o estado de emergência na semana passada. Alguns líderes políticos foram libertados, mas o rei manteve os poderes que conseguiu durante os últimos meses.
A manifestação comemorou também o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. A polícia acompanhou a passeata de perto, munida de bastões de bambu, mas não interveio. Jornalistas carregavam cartazes de protesto onde pediam o fim da censura e a soltura dos profissionais de imprensa.
Segundo Taranath Dahal, presidente da Federação de Jornalistas Nepaleses, a imprensa enfrenta hoje sua mais séria crise no país. Pelo menos 10 jornalistas foram detidos desde o início do estado de emergência. Centenas de profissionais perderam seus empregos desde que o governo proibiu as estações de rádio independentes de transmitirem notícias. Editores de veículos de imprensa foram alertados pelas autoridades de que está proibida a publicação de qualquer texto crítico ao rei ou sobre os rebeldes maoistas, que querem fundar uma república comunista.