Todos sabemos que a imprensa faz parte da sociedade, ela tem compromissos de vigilância específicos, mas a imprensa não é um corpo isolado, nem sua constituição diferencia-se das demais instituições e segmentos da comunidade.
Apesar de constituída do mesmo tecido, nossa imprensa consegue destacar-se positivamente quando comparada, por exemplo, com a classe política. A imprensa também tem um ‘baixo clero’ como na Câmara Federal, também tem uma ‘banda podre’, como nas polícias, e isso ficou muito claro no episódio do Dossiê Vedoin.
O que distingue a imprensa de outros setores de vanguarda da sociedade brasileira é que ela está comprometida com a transparência. Por vontade própria ou forçada, em grau maior ou menor, nossa imprensa aprendeu a submeter-se ao escrutínio da sociedade – e isso começou muito antes dos blogs e da massificação da internet.
Mas é preciso lembrar que estamos falando de jornalismo, de imprensa. Mídia, entretenimento e show business são outro departamento.
Leitores reclamam
Mas por que razão não podemos obrigar as demais instituições e poderes públicos a adotar a mesma transparência à qual imprensa já se acostumou?
Simplesmente porque a imprensa não é um poder político, não é do Estado, a imprensa não pode aumentar os seus privilégios, não pode impor coisa alguma. A imprensa, no máximo tenta convencer. O Estado manda, o Estado decreta, o Estado determina. A imprensa não pode desobrigar-se do que disse ontem, o Estado pode dizer e desdizer-se.
A imprensa depende diariamente do seu público, o Estado só presta contas nas eleições, de dois em dois anos. Os leitores da Folha de S.Paulo reclamaram do seu ombudsman que o jornal suprimiu alguns cadernos no período natalino. Os leitores estavam certos. Mas a quem recorrer quando o governo deixa de cumprir com as suas obrigações e seus deveres?