‘A Associação Nacional de Jornais (ANJ) deve concluir, até o fim do ano, um censo que pretende identificar a tiragem de todos os jornais do País, mais a sua participação na publicidade. O objetivo, diz o presidente da ANJ, Nelson Sirotsky, é realçar a importância dos jornais na comunicação com formadores de opinião e consumidores e sua abrangência.
Além do censo, Sirotsky disse também que a ANJ trabalha na elaboração de um Código de Ética dos Jornais, nos moldes do existente no mercado publicitário, o do Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar). ‘Podemos fazer o mesmo com o jornalismo, para garantir a liberdade de expressão editorial e comercial’, disse e acrescentou que ‘o grande desafio será estabelecer as penalidades’. Desse debate, deverão participar empresários e profissionais do meio. A Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) já demonstrou interesse em participar da discussão.
Quanto ao censo, Sirotsky está convencido de que ele irá comprovar o crescimento dessa indústria nos últimos anos. A tiragem diária dos jornais brasileiros gira hoje em torno de 6,5 milhões, um aumento considerável ante os 4 milhões de 1990, enquanto o número de títulos de semanários e diários passou de mil para 3,5 mil no mesmo período.
Apesar desses números otimistas, Sirotsky reconhece uma queda de 8% no número de leitores de jornais, de 1999 até 2003. ‘Só que o movimento de recuperação também é visível, de 1% de 2003 para 2004, e chega a 6,6% de janeiro de 2003 em relação a janeiro de 2004.’ Para Sirotsky, todo aumento na renda tem um efeito favorável na indústria da comunicação, e a recuperação de leitores é a expressão desse movimento, fruto de novos investimentos. Ele citou o exemplo da reforma gráfica do Estado, que o tornou mais atraente aos leitores.
Sirotsky acha baixo o número oficial do projeto Ibope/Intermeios, que aponta que os jornais brasileiros têm hoje uma fatia de 18% da verba publicitária que teria somado R$ 13,5 bilhões no ano passado, levando-se em conta os descontos em preços de tabelas – grandes anunciantes, com contratos prévios, têm descontos na negociação com os meios de comunicação.
‘O censo vai mostrar um retrato mais fiel da situação da indústria dos jornais no País e de sua importância na formação de opinião e na construção de marcas’, disse Sirotsky, que está convencido de que o setor tem hoje uma fatia de 22% da receita publicitária e espaço para crescer e atingir novos públicos.
O presidente da ANJ abriu ontem o seminário ‘Virada de Página – A Nova Era dos Jornais’, que reuniu empresários, dirigentes e profissionais de jornais e agências de publicidade.
Um dos pontos altos do seminário foi a apresentação do presidente da International Newspaper Marketing Association (Inma), o norueguês Eivind Thomsen, que trouxe números nada otimistas sobre a queda de leitores do meio jornal na Europa e Estados Unidos, mas também exemplos de mudanças que estão permitindo a estes jornais recuperar terreno. Ele citou o caso da circulação no formato compacto (para o brasileiro, o equivalente ao tablóide) do inglês The Independent e do alemão Die Welt, que fez com que esses jornais renovassem o seu público, atingindo os mais jovens.
Também citou o exemplo das empresas que buscaram nos leitores que estão no Metrô uma alternativa para ampliar a circulação, oferecendo um produto que possa ser lido numa viagem – em 20 minutos – e atraem novos anunciantes e despertam os leitores para o meio.
Sirotsky se disse cético em relação a essa iniciativa, uma vez que o Metrô nos grandes centros europeus tem como usuários as classes A e B, alvo dos grandes anunciantes, para cobrir os custos de um veículo gratuito, enquanto no País está voltado para as classes C e D. A sinergia dos jornais com meios eletrônicos foi outro assunto abordado por Thomsen, realçando a importância do conteúdo dos jornais e sua credibilidade quando chega a outros meios.
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Num painel sobre a criação publicitária em jornais, Fábio Fernandes, controlador da agência F/Nazca, uma das mais premiadas da publicidade brasileira, citou o lançamento da sua própria agência, há 11 anos, como um caso que realça a importância do meio jornal. ‘Publicamos um anúncio em jornal falando que eramos o último do ranking. Depois, diariamente fomos publicando as contas que estavamos ganhando. Foi o suficiente para que, 15 dias depois, conseguissemos um sócio investidor e criativo, a Saatchi & Saatchi’, disse. Para Fernandes, os jornais que foram o ponto de partida da comunicação de massa, têm que refletir sobre a forma com que deve reconquistar essa posição para deixar de serem vistos hoje como complementares à emissoras de televisão e internet.
No painel de encerramento, do qual participaram Roberto Mesquita (Estado), Luís Frias (Folha de S. Paulo), Luiz Eduardo Vasconcelos (Organizações Globo) e Walter Mattos Jr. (Lance), intermediados pelo diretor da agência DPZ, Daniel Barbará, o assunto intenet voltou à tona para reforçar a imagem e a credibilidade dos jornais e de seu conteúdo.’
Adauri Antunes Barbosa
‘ANJ vê com otimismo setor de jornais’, copyright O Globo, 25/05/05
‘Depois de um período de ajustes na década de 90, os jornais brasileiros estão prontos para retomar as suas funções social e mercadológica. Essa foi a conclusão do seminário ‘Virada de página, a nova era dos jornais’, promovido ontem em São Paulo pela Associação Nacional de Jornais (ANJ). De acordo com o presidente da entidade, Nelson Sirotsky, nesse período houve um grande questionamento sobre a capacidade de sobrevivência dos jornais com o surgimento de novas tecnologias, como a internet.
– Essa fase de reflexão passou e o que está comprovado é que o jornal vai, sim, sobreviver com eficiência, a partir de uma relação de vínculo muito forte com o público, com todas as suas funções, sejam de natureza política, social, cultural, educacional e, sobretudo, em sua função mercadológica, como agente de ligação entre quem produz e quem consome, como veículo publicitário – disse Sirotsky.
Leitor busca relação de identidade com o jornal
Para o presidente da ANJ, agora as empresas jornalísticas terão de enfrentar o desafio de fazer um jornal adaptado a época atual, para seu público. Vencidos também os problemas financeiros, que atingiram grande parte dos jornais na década passada, Sirotsky vê com otimismo o potencial do mercado nacional.
– O importante é que o leitor quer uma relação de identidade com o jornal, que lhe dê credibilidade em relação a sua fonte. E isso é o jornal que dá – disse.
Durante o painel ‘O futuro do jornal no país – Falando francamente’, o diretor de Mídia Impressa e Rádio das Organizações Globo, Luiz Eduardo Vasconcelos, destacou que o número de leitores nunca foi tão alto no país, incluindo os que lêem os jornais na internet.
– Nunca tivemos tantos leitores como temos hoje, juntando a mídia impressa com a mídia não-impressa – disse Vasconcelos, lembrando que o GLOBO tem 240 mil assinantes no papel e mais de 1,9 milhão de cadastrados na internet, onde o acesso ao jornal é livre.
Na avaliação de Roberto Mesquita, sócio-conselheiro de ‘O Estado de S.Paulo’, o foco da discussão agora são os modelos de crescimento que devem ser procurados. Segundo ele, é preciso aproveitar as novas tecnologias, como fez a Agência Estado, que criou o seu serviço de broadcast .
Na mesma direção, o presidente da ‘Folha de S.Paulo’, Luís Frias, disse que o jornal precisa encontrar seu modelo de negócio. Para ele, a discussão para o futuro é qual o formato que o leitor vai ler.
– Será no formato tradicional, em papel, ou em uma tela de computador? – indagou, observando que a maioria dos jornais não tem estratégia definida para, por exemplo, cobrar a assinatura na internet.’
Folha de S. Paulo
‘Empresários discutem futuro do jornal’, copyright Folha de São Paulo, 25/05/05
‘Reunidos ontem em debate sobre ‘O Futuro do Jornal no País -Falando Francamente’, empresários de jornais brasileiros avaliaram com otimismo a posição desse veículo no mercado e não acreditam que a mídia digital, principalmente a de internet, vá representar uma ameaça para o setor. A discussão ocorreu em São Paulo, no evento ‘Virada de Página’, promovido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ).
O debate teve como objetivo discutir a posição dos jornais impressos no mercado publicitário. Estiveram presentes empresários, jornalistas e publicitários.
No painel que tratou do futuro dos jornais impressos, participaram o presidente do Grupo Folha, Luís Frias, o sócio e conselheiro de ‘O Estado de S. Paulo’, Roberto Mesquita, o diretor das Organizações Globo de Mídia Impressa e Rádio, Luiz Eduardo Vasconcelos, e o presidente do diário ‘Lance!’, Walter de Mattos Jr..
Segundo Luís Frias, falar do futuro do jornal impresso é antes de tudo discutir o formato em que ele será apresentado ao leitor. ‘O jornal continuará presente como um meio de comunicação poderoso e forte. A questão será: quantos leitores estarão lendo o jornal no formato tradicional e quantos estarão o lendo na tela do computador’, afirmou o empresário.
Falsa questão
Frias disse ser ‘falsa a questão’ da comparação da velocidade de outros veículos com a do jornal. ‘O jornal sempre competiu com o ‘real time’ da TV. E as versões on-lines que deram mais certo, as mais bem-sucedidas, são aquelas que imitaram o formato do jornal de papel e tinta’, disse.
Segundo Roberto Mesquita, de ‘O Estado de S. Paulo’, a discussão é sobre modelos de crescimento, ‘como fazer para crescer e ganhar mercado’. ‘Se fizermos o dever de casa bem-feito, o jornal tem condições de se manter atrativo.’
Luiz Eduardo Vasconcelos, das Organizações Globo de Mídia Impressa e Rádio, destacou que o surgimento de novos leitores depende do fortalecimento da democracia. ‘Quanto mais se desenvolver a democracia, mais leitores de jornais haverá. Quando a consciência política fica mais refinada, há uma busca pelo jornal.’
Para o presidente do ‘Lance!’, Walter de Mattos Jr., ‘muita previsão catastrófica que foi feita acabou não acontecendo’. ‘Vai sobreviver aquele que conseguir reagir melhor às mudanças.’’
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‘ANJ discute jornais e mercado publicitário ‘, copyright Folha de S. Paulo, 24/05/05
‘A ANJ (Associação Nacional de Jornais) promove hoje o evento ‘Virada de Página’, no qual irá discutir a posição dos jornais impressos no mercado publicitário brasileiro. O debate, que será realizado no hotel Gran Meliá WTC, em São Paulo, reunirá publicitários e empresários de jornais.
O evento será aberto pelo presidente da ANJ, Nelson Sirotsky, às 9h. Em seguida, haverá a palestra do norueguês Eivind Thomsen, presidente da Associação Internacional de Marketing de Jornais. Às 11h, painel reúne diretores de criação de agências publicitárias.
À tarde, jornalistas discutem ‘O Brasil que Podemos Sonhar’. Com mediação de Paulo Moreira Leite, diretor de Redação do ‘Diário de S.Paulo’, irão representar a Folha o editor de Esportes, Melchiades Filho, e o colunista Guilherme Barros. De ‘O Estado de S. Paulo’, participarão as colunistas Sonia Racy e Dora Kramer.
No último painel, ‘O Futuro do Jornal no País – Falando Francamente’, estarão executivos de jornais, entre eles o presidente do Grupo Folha, Luís Frias, que debaterá com Luiz Eduardo Vasconcelos, diretor das Organizações Globo de Mídia Impressa e Rádio, Roberto Mesquita, sócio e conselheiro de ‘O Estado de S. Paulo’, e Walter de Mattos Jr., presidente do diário ‘Lance!’.’
NIZAN MULTADO
Carlos Franco
‘Africa leva multa por uso de Zeca Pagodinho ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 24/05/05
‘A agência de publicidade Africa, do publicitário Nizan Guanaes, foi condenada, em primeira instância, a pagar indenização à agência Fischer, de Eduardo Fischer, por danos morais e materiais resultantes do uso indevido do cantor e compositor Zeca Pagodinho em campanha da cerveja Brahma, da AmBev. Fischer, que é responsável pela publicidade da cerveja Nova Schin, entrou com a ação no verão do ano passado, quando Zeca Pagodinho apareceu em campanha da Brahma, antes do vencimento de seu contrato com o grupo Schincariol.
A agência Africa já recorreu da decisão da juíza Adriana Porto Mendes, da 9.ª Vara Cível de São Paulo, e aguarda julgamento. Nesta fase do processo, Guanaes e a Africa optaram por não comentar a decisão judicial.
A juíza estipulou a multa em R$ 600 mil, dos quais R$ 500 mil devidos à Fischer América, por ser a idealizadora da campanha que primeiro usou Zeca Pagodinho como garoto-propaganda, e o restante à One Stop, também de Fischer, que intermediou a contratação de Pagodinho.
Ficou também estabelecido judicialmente o pagamento pela Africa de indenização por danos materiais em razão dos prejuízos causados à Fischer pela inviabilização de um segundo filme da campanha da Nova Schin, que teria Pagodinho como estrela. Os valores recebidos pela agência pela veiculação do primeiro filme da campanha ‘Experimenta’ são estimados em R$ 5,5 milhões, que é o pleito da Fischer, mas a juíza ainda não estipulou o valor.
A agência de Fischer comemorou a decisão em nota à imprensa, na qual classifica a decisão como ‘histórica’ para o mercado publicitário.
Zeca Pagodinho foi uma das estrelas do lançamento da Nova Schin, em setembro de 2003, mas em fevereiro de 2004 trocou de cerveja, antes do vencimento, em setembro de 2004, do contrato que tinha com a Schincariol, avaliado em R$ 1 milhão.
Em sua sentença, a juíza evocou o Código Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar) para sustentar a decisão. ‘…Vale lembrar que, ainda que este Código não tenha a natureza de lei, pode ser considerado como um compromisso entre as pessoas que atuam no ramo publicitário. Existe um compromisso (…) que deve ser respeitado para evitar condutas como a que foi noticiada nestes autos.’
Para Sérgio Varella Bruna, sócio do escritório Lefosse Advogados, que representou a Fischer, ‘a sentença é exemplar e inovadora, porque as regras do Conar foram expressamente invocadas para demonstrar a deslealdade do comportamento da Africa’.’
Mirelle de França
‘Juíza manda Nizan indenizar Fischer em R$ 600 mil no caso Zeca Pagodinho’, copyright Folha de S. Paulo, 24/05/05
‘Um dos episódios mais polêmicos da publicidade brasileira – envolvendo o cantor e compositor Zeca Pagodinho, que em março de 2004 estrelou uma campanha da Brahma ainda como contratado da rival Nova Schin – virou caso de indenização. No último dia 18, a Justiça de São Paulo condenou, em primeira instância, a agência Africa, de Nizan Guanaes, a pagar à concorrente Fischer América, comandada por Eduardo Fischer, R$ 600 mil por danos morais.
Nizan foi responsável pela campanha da Brahma que ‘roubou’ Zeca Pagodinho quando ele ainda era garoto-propaganda da Nova Schin, cuja conta pertence à Fischer América.
Valor da indenização se baseia no cachê do cantor
Na sentença, a juíza Adriana Porto Mendes, da 9 Vara Cível de São Paulo, afirma que o valor da indenização teve como parâmetro o cachê estabelecido no contrato entre a Nova Schin e Zeca Pagodinho. Ainda segundo a juíza, a Africa praticou ‘concorrência desleal’ e cometeu ‘atos ilícitos’ por ter patrocinado a ruptura de contrato do cantor com a Schincariol (fabricante da Nova Schin), para que ele pudesse estrelar a campanha da cerveja concorrente.
– A decisão da Justiça foi baseada no Código de Propriedade Industrial, que prevê punição para concorrência desleal. Vale ressaltar que a sentença também foi inspirada nas regras do Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar). Acredito que eles (a Africa) vão recorrer, e nós também, neste caso – afirmou o advogado Sérgio Varella Bruna, do escritório Lefosse Advogados, que representa a Fischer América.
A Africa não quis se pronunciar sobre a decisão.
A polêmica começou no dia 12 de março do ano passado, quando foi ao ar em horário nobre o comercial da Brahma estrelado por Zeca Pagodinho. Era uma resposta à campanha da Schin ‘Experimenta’. A operação, conduzida por Nizan, foi sigilosa e surpreendeu principalmente a Schincariol, que entrou com uma representação no Conar. A campanha da Brahma foi proibida de ser veiculada até setembro, quando terminou o contrato de Zeca Pagodinho com a Schincariol.
A briga entre os dois publicitários é histórica. Por muitos anos, Fischer foi responsável pelas campanhas da Brahma e Nizan, pelas da Antarctica, quando as duas marcas ainda pertenciam a empresas diferentes.’
TODA MÍDIA
Nelson de Sá
‘O comportamento’, copyright Folha de São Paulo, 25/05/05
‘Início da tarde, a Globo News avalia que ‘o que incomoda especialmente o palácio’, vale dizer, José Dirceu, ‘é o comportamento do PTB’:
– Se continuar estimulando a CPI, nada poderá ser feito pelos outros partidos.
Desde a manhã, a Globo avisava que o ‘movimento’ que ameaçava tirar o PTB da base era ‘combatido até pelo ministro José Dirceu’.
Chega enfim a escalada de manchetes do ‘JN’:
– Em depoimento, principal envolvido nos Correios diz que agia sozinho. E o presidente do PTB, Roberto Jefferson, diz que vai retirar apoio à CPI.
Foi depois que ‘os ministros Dirceu e Aldo Rebelo procuraram Jefferson e disseram que abandonar o governo seria caminho perigoso, que o objetivo da oposição não é o PTB, mas desestabilizar Lula’.
Ainda assim, ele cuidou de manter o suspense para hoje. (Em tempo: não foi a primeira manchete do ‘JN’, que segue voltada ao julgamento do acusado de matar Tim Lopes.)
Do PTB ao PMDB. Renan Calheiros saiu falando, no site do Senado, que ‘esse instrumento [CPI] só deve se usado quando as instituições responsáveis pela investigação não conseguem fazê-lo’. Como ele, o ministro Eunício Oliveira.
Por fim, o ministro Romero Jucá surgiu dizendo à Folha Online que tem ‘a consciência tranqüila’ quanto ao inquérito no Supremo -e que tem ‘carta branca, confiança total’ de Lula para seguir no cargo.
Mas aí surge Severino Cavalcanti, do PP. Segundo a Globo News, ele ‘defendeu a tentativa da oposição de instalar a CPI’, dizendo que ‘os deputados têm sua prerrogativa’.
Segundo o site de Claudio Humberto, ‘Severino está à beira de um ataque de nervos e o dia D’ é hoje, quando termina o prazo que deu para a Petrobras nomear como diretor um apadrinhado do PP.
Ao fim e ao cabo, segundo a Globo News, ‘PT e PMDB já pensam no dia seguinte: os nomes que devem escolher para comandar a CPI’. E um líder tucano já espalha:
– Nós entendemos que o nosso bloco, PFL/PSDB, tem direito a alguma das duas posições estratégicas da CPI.
TEMPESTADE
O site Nomínimo deu manchete com ilustração (acima) para o artigo ‘O vento virou’ do amigo de Lula Ricardo Kotscho
CALDO DE CULTURA
O ‘Le Monde’ foi ouvir um professor da Sorbonne, Stéphane Monclaire. Dele, na tradução do UOL:
– O PT precisava se apoiar numa coalizão, mas sua concepção hegemônica fez com que multiplicasse erros. Seus aliados vêm se mostrando indisciplinados, apesar dos cargos… Sem falar dos escândalos de corrupção.
E:
– Dito isso, a popularidade de Lula segue muito forte, tanto que poderia ser suficiente para garantir a reeleição. O apoio das camadas populares, as mais numerosas, é praticamente garantido porque ele é oriundo delas.
Já o site Carta Maior foi ouvir Fábio Wanderley Reis, professor emérito da Universidade Federal de Minas:
– O governo atravessa um quadro de desajuste geral e está perdendo a batalha da opinião pública. O que mitiga o quadro é que a penetração de Lula junto ao eleitorado popular ainda é forte. Mas esse apoio tende a ser afetado pela corrosão na esfera da opinião pública.
E:
– Acho difícil pensar numa crise institucional nos moldes daquela que afetou o governo João Goulart, por exemplo. O diagnóstico de Fernando Henrique Cardoso é exagerado e impróprio. Por outro lado, a situação atual está formando um caldo de cultura perigoso.
Outra
Foi manchete no ‘JN’:
– Acordo abre caminho para investigação da venda das estatais do setor elétrico.
E o líder do PFL Rodrigo Maia, filho de Cesar, bateu no peito:
– Como se tivéssemos medo. Tenho convicção de que nada de mais substancial vai acontecer.
Acontece que o alvo da nova CPI, a ser instalada na semana que vem, não é o pai de Rodrigo, o presidenciável prefeito do Rio. O ‘setor elétrico’, como se lia ontem, abrange as privatizações feitas em São Paulo.
E outra
E olha só quem voltou, num registro do ‘JN’:
– O Ministério Público de SP vai reabrir a investigação sobre a morte de Celso Daniel. Foi marcado o depoimento de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete da Presidência da República.
É que, ‘segundo a promotoria, a família de Daniel achou nesta semana dossiê sobre suposta rede de corrupção em Santo André’, que ‘teria sido encaminhado por Carvalho ao prefeito’.’
***
‘Metáforas ‘, copyright Folha de S. Paulo, 24/05/05
‘O ministro Aldo Rebêlo reapareceu e descarregou nos canais de notícias e telejornais, inclusive ‘JN’:
– A CPI tem objetivo político. Como a direita não tem candidato viável à Presidência, está procurando criar artificialmente um clima de 54, está buscando um Gregório Fortunato.
Acrescentou o presidente do PT, José Genoino, em nota cheia de adjetivos reproduzida na Folha Online e outros:
– O objetivo [de FHC é] insuflar artificialmente uma suposta crise institucional.
Do outro lado, o presidente do PSDB, o mineiro Eduardo Azeredo, em nota, pôs panos quentes de um lado e outro:
– Quanto às menções sobre o ex-presidente [FHC] estar apostando em uma crise institucional, não é certo. Ele não se referiu à conjuntura.
Por fim, o líder pefelista Rodrigo Maia respondeu ao ministro, também na TV:
– Ele deve avaliar primeiro as assinaturas de seu próprio partido, o PC do B, que foi coerente e já deu quase todas.
Enquanto governo e oposição duelam por ‘metáfora’, para usar uma expressão de Azeredo, a operação abafa, também por metáfora, visa à base.
Do avião de Lula, um dos líderes governistas saiu dizendo ao ‘JN’ que o Palácio do Planalto não vai mais tratar aliados traiçoeiros a ‘pão-de-ló’.
A ameaça é de ‘reestruturação’. Ao que Aldo Rebêlo acrescentou, em dia de soltar o verbo, agora na Globo Online:
– A bem da verdade, não é só a direita que usa processos de desestabilização. Infelizmente, setores da esquerda, nos casos de Juscelino, João Goulart, agiram da mesma forma.
MAIS E MAIS PF
Agentes em ação, ontem no ‘JN’
Ao fundo, na operação abafa, agentes federais saíram pelo país produzindo cenas de ‘busca e apreensão’ acompanhadas pela Globo e que entraram pela noite com o pedido de prisão dos acusados, feito pela PF. Mas no fim a programação não foi o sucesso esperado, apesar de abrir a escalada do ‘JN’:
– A Polícia Federal apreende computadores e documentos na sede dos Correios. E a Justiça nega o pedido de prisão para três dos envolvidos.
Faltou o impacto da prisão, para tentar avançar a idéia de que não é preciso CPI.
Pior para o governo, os telejornais trouxeram nova convocação da PF, agora feita pelo Judiciário, para outra ação tão espetacular quanto. Na primeira manchete do ‘Jornal da Record’:
– O Supremo aprova pedido para investigar o ministro da Previdência Social.
E no enunciado da Folha Online:
– A PF tem 60 dias para investigar as supostas irregularidades em empréstimo concedido à Frangonorte, da qual o ministro foi sócio.
SEJA O QUE DEUS QUISER
Do âncora Boris Casoy, no ‘Jornal da Record’:
– Mesmo com todos os esforços, com as promessas de uma investigação séria, com o toma-lá-dá-cá a todo vapor, vai ser difícil impedir a CPI. Até petistas relutam em tirar suas assinaturas. Pela gravidade dos fatos, a CPI é o único instrumento capaz de uma investigação séria e profunda.
Do comentarista Franklin Martins, na Globo News:
– A essa altura, ninguém acredita que seja possível evitar a criação da CPI. O governo ainda tem bala na agulha, recursos, expedientes. Mas será que vale a pena? Politicamente, será que compensa ficar meses na defensiva, passando idéia de que tem medo da investigação e dando discurso para a oposição? Talvez seja melhor olhar para a frente, instalar a CPI e travar a luta política lá dentro. E aí seja o que Deus quiser.
Invasão 1
O francês ‘Le Monde’ ecoou, com grande atraso, a visão de que o Brasil está se tornando ‘o celeiro do mundo’ e logo vai responder pelo ‘açúcar’ como os chineses respondem pelos ‘televisores’. Para o jornal, a OMC é a ‘máquina de guerra’ brasileira, na invasão.
Invasão 2
O comissário europeu para o comércio, Peter Mandelson, afirmou em Bruxelas que ‘o Brasil tem que responder pela destruição da Amazônia’. Para a Globo News, ‘ele reacende a polêmica de internacionalizar’, feita por ‘seu antecessor Pascal Lamy’, agora na OMC.’
MEMÓRIA / ARRELIA
Sergio Torres e Pedro Lemos
‘Primeiro palhaço da televisão, Arrelia morre no Rio’, copyright Folha de S. Paulo, 24/05/05
‘‘Como vai, como vai, como vai? Muito bem, muito bem, muito bem!’ Dono do cumprimento-bordão que desatou o riso de gerações de crianças brasileiras, Waldemar Seyssel, o palhaço Arrelia, morreu às 5h de ontem, aos 99 anos. Internado desde sexta numa clínica de Botafogo (zona sul), foi vítima de pneumonia.
O palhaço -que foi o primeiro a aparecer na TV com o programa ‘Circo do Arrelia’, do início dos anos 50 até 1974, na TV Paulista e depois na Record- estivera internado na mesma clínica durante o mês de março, em razão de uma infecção na vesícula.
Arrelia morava no Recreio dos Bandeirantes (zona oeste) havia oito anos, quando se mudou de São Paulo para o Rio. Vivia com a segunda mulher, Arlete, e a enteada Haydée. Do primeiro casamento, deixou dois filhos e mais um do segundo. Tinha dez netos, 11 bisnetos e um tataraneto.
‘Ele tinha um astral muito bom, parou de trabalhar com uns 80 anos’, disse a neta Eliane.
Como a maior parte da família mora em São Paulo, o corpo de Arrelia será enterrado na capital paulista, hoje, no jazigo da família, no cemitério da Paz, no Morumbi. Até a conclusão desta edição, não havia sido acertado o horário do sepultamento.
‘Arrelia conseguiu ocupar espaço na TV sem perder a tradição do picadeiro, com aquela composição ingênua do seu palhaço, que ainda hoje influencia outros programas’, afirmou o ator e palhaço Hugo Possolo, dos Parlapatões, que gravou uma participação especial dele no CD ‘O Circo’.
O paulista Roger Avanzi, 82, o palhaço Picolino 2, disse que a máscara do palhaço escondia ‘um homem comum, um bom chefe de família’. ‘A única coisa de diferente que ele pedia, para mim e para todos os palhaços, era que trabalhássemos com uma máscara menos carregada, porque poderia assustar as crianças. Mas não tive jeito de mudar a minha, pois a família queria que eu seguisse a tradição do meu pai [Nerino Avanzi, 1886-1962], o primeiro Picolino’, contou.
Waldemar Seyssel nasceu em Jaguariaíva (PR) em 31 de dezembro de 1905. Sua família já tinha uma tradição circense, cuja origem foi o Condado de Seyssel, na região de Grenoble, na França.
O avô de Arrelia Júlio Seyssel, indo a um circo que visitava o condado, apaixonou-se pela filha do dono do empreendimento. Os pais, nobres, não consentiram o casamento. Abandonou título e riquezas e fugiu com o circo.
A família veio para o Brasil com o circo Charles Brothers, que se estabeleceu no local onde hoje funciona o Fórum de São Paulo. O pai de Waldemar, Ferdinando Seyssel, criou o palhaço Pinga-Pulha e também se casou com a filha de um dono de circo.
Antes de se firmar na ocupação de palhaço, Waldemar foi malabarista na cama elástica, no trapézio e nas barras. O apelido de Arrelia surgiu ainda criança. Muito levado, gostava de ‘arreliar’ (irritar) todo mundo. O apelido pegou logo. Ele começou a trabalhar como palhaço aos 17 anos, no Cambuci, em SP. Mas só cinco anos depois, na cidade de Uberaba (MG), o apelido infantil foi adotado como nome oficial.
O batismo ocorreu após uma cena improvisada, quando, praticamente à força, teve de substituir um palhaço. Ele não queria entrar no picadeiro, mas seus irmãos o pintaram, vestiram e empurraram para diante da platéia.
Aos tropeções, ele caiu de mal jeito. Levantou mancando e fazendo caretas. O público gargalhava e aplaudia, pois acreditava que o palhaço fazia graça. Nunca mais ele deixou de ser o Arrelia.
Colaborou Valmir Santos, da Reportagem Local’