Em artigo para a Editor & Publisher [17/5/05], Mark Fitzgerald levanta dúvidas sobre se o futuro presidente do Banco Mundial (Bird, sigla em inglês), Paul Wolfowitz, adotará uma postura de defesa da liberdade de imprensa como o fez o atual ocupante do cargo, o australiano James Wolfensohn.
Indicado por Bill Clinton, Wolfensohn foi muitas vezes criticado por fazer mudanças mais chamativas que efetivas quando à frente do órgão. Mas ele tomou ao menos uma atitude que beneficia a comunidade internacional: fez do Banco Mundial uma organização que, ao menos retoricamente, apóia a liberdade de imprensa. Para isso, em 2002, chegou a publicar uma coleção de ensaios de nomes como Joseph Stiglitz e Gabriel García Márquez, que visa estabelecer ligação entre uma imprensa sem censura e o desenvolvimento econômico dos países.
Arquiteto da invasão do Iraque, Wolfowitz não tem lá as melhores credenciais como defensor da liberdade de imprensa, já que foi do alto escalão do governo de George W. Bush, que é o que mais se esquiva da mídia na história recente dos EUA. Ainda assim, há quem defenda que ele acredite fervorosamente na democracia, como o colunista do Washington Post Sebastian Mallaby, segundo o qual o ex-braço direito de Donald Rumsfeld tem ‘instintos democráticos’. Por ter crescido numa família marcada pelo Holocausto, argumenta o autor, ele teria desprezo pelos ditadores, como demonstrou ao exercer pressão pela democratização das Filipinas e da Indonésia.