Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Banco institui censura prévia de anúncios

O banco americano Morgan Stanley criou uma nova regra para seus contratos de publicidade na imprensa proibindo as publicações de que é cliente – que incluem The Wall Street Journal, USA Today, The New York Times, Business Week e Fortune – de veicularem seus anúncios sempre que forem publicar alguma matéria negativa sobre a instituição financeira. Segundo fontes internas da companhia, a nova regra não quer dizer que o jornal que publicar algo contra o banco perderá para sempre suas propagandas. Quando matérias negativas estiverem previstas, a agência de publicidade do Morgan Stanley deve ser avisada. Caso isso não seja possível por falta de tempo, a publicação dos anúncios contratados deve ser suspensa.

A líder do grupo de ética do Instituto Poynter, Kelly McBride, em entrevista para o Washington Times [20/5/05], ressalta que esse tipo de cláusula ‘compromete a independência da redação’, pois não é comum que um jornal ou revista tenha que avisar alguém antes de publicar algum texto. Mesmo para os departamentos comerciais dos veículos de comunicação isso poderá representar um problema, pois geralmente eles pouco sabem sobre o conteúdo editorial que será publicado.

O banco provavelmente adotou essa nova postura porque anda sendo alvo freqüente de reportagens negativas. No começo do ano, um grupos de acionistas e executivos tentou, sem sucesso, tirar o presidente Philip Purcell de seu cargo. Ele então reorganizou a empresa, o que fez com que diversos diretores a abandonassem. Na semana passada, o Morgan Stanley foi condenado a pagar mais de US$ 1.4 bilhão ao investidor Ron Perelman, prejudicado por fraude na venda de uma de suas companhias, em 1998.