Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Carlos Eduardo Lins da Silva


‘Num período em que o jornalismo americano vive uma já prolongada crise de credibilidade, em parte por causa de dúvidas provocadas por informações transmitidas a repórteres por fontes que permanecem anônimas, um homem na Califórnia se identifica como a mais famosa de todas elas, o ‘Garganta Profunda’ do caso Watergate.


Mark Felt não era um nome estranho nas incontáveis listas feitas ao longo das três últimas décadas por quem tentava descobrir o nome do misterioso personagem que, de acordo com o relato do repórter Bob Woodward, foi fundamental para o desvendamento do episódio que acabou provocando a renúncia do presidente Nixon.


Não foram poucos nem pequenos os esforços para tentar elucidar a questão. Teses foram escritas em universidades, projetos de longo prazo foram realizados por revistas e jornais. Mas até agora não havia sido possível chegar a uma conclusão irrefutável.


Uma das hipóteses que pareciam mais plausíveis era a de que ‘Garganta Profunda’ não tivesse existido. Ele teria sido uma criação fictícia de Woodward para dar mais glamour à sua aventura investigativa. De fato, a primeira versão do livro ‘Todos os Homens do Presidente’ não continha o personagem.


O próprio Woodward enfrentou, ao longo da carreira, ceticismo quanto à fidelidade de suas informações. Ele descreveu em detalhes, por exemplo, diálogos entre o então presidente Nixon e quadros de seus antecessores na Casa Branca não presenciados por ninguém. E relatou entre aspas declarações do ex-diretor da CIA William Casey, supostamente feitas em seu leito de morte, embora Casey nunca lhe tivesse dado entrevista.


Assim, muitos pesquisadores chegaram à conclusão de que ‘Garganta Profunda’ (o apelido vinha do título de um famoso filme pornográfico da época) era uma junção de diversas fontes de Woodward, não uma pessoa real.


Se ninguém vier a colocar em dúvida a palavra do repórter mais uma vez, agora essa é uma teoria conspiratória cujo prazo de validade se expirou definitivamente.


Diversos pesquisadores, jornalistas e críticos vão ter de admitir que erraram. A respeitável Universidade de Illinois, por exemplo, que colocou 40 estudantes e vários professores durante três anos no encalço das pistas que Woodward e Bernstein deixaram sobre o informante em ‘Todos os Homens do Presidente’.


O livro dizia que ‘Garganta Profunda’ era homem, fumava, bebia uísque escocês, gostava de política, já havia conversado com Woodward muitas vezes e lhe passado informações relevantes, entre muitos outros detalhes.


Ao final da pesquisa, a força-tarefa chegou a sete nomes. O de Mark Felt não era um deles. De fato, o grupo chegou à conclusão de que nenhuma pessoa do FBI poderia ser ‘Garganta Profunda’, após ter descoberto o que considerou inúmeras discrepâncias entre os possíveis suspeitos da agência e as características do personagem no livro.


A possibilidade de a fonte ser alguém do FBI foi levantada, entre outros, pelo jornalista James Mann na revista Atlantic Monthly em 1992. Mann listou quatro eventuais candidatos a Garganta Profunda. Felt era um deles, mas aparecia em segundo lugar, após seu superior, L. Patrick Gray.


Outras teorias foram aventadas. A de que o anônimo era alguém da CIA (o jornalista Mark Riebling escreveu um livro para defender essa possibilidade) ou do próprio círculo íntimo de Nixon na Casa Branca (Alexander Haig, chefe da Casa Civil, Henry Kissinger, assessor de segurança nacional, Patrick Buchanan, secretário particular, são alguns dos nomes freqüentemente mencionados nesse grupo).


(Carlos Eduardo Lins da Silva é jornalista e diretor de relações institucionais da Patri Relações Governamentais & Políticas Públicas. Foi diretor-adjunto de Redação do ‘Valor Econômico’ e da Folha. É autor de vários livros sobre jornalismo, como ‘Mil Dias’ (Trajetória Cultural, 1988) e ‘Muito Além do Jardim Botânico’ (Summus, 1985).)’



José Meirelles Passos


‘A face do ‘Garganta Profunda’’, copyright O Globo, 1/06/05


‘Trinta e três anos depois, o mais bem guardado segredo jornalístico dos EUA foi finalmente revelado ontem: Bob Woodward e Carl Bernstein – repórteres do ‘Washington Post’ que provocaram a renúncia do presidente Richard Nixon com uma longa série de reportagens sobre o Caso Watergate – confirmaram que W. Mark Felt, o então número dois do FBI (polícia federal americana) era Deep Throat (Garganta Profunda), nome com o qual identificavam a principal fonte de informações que lhes permitira exibir, de forma incontestável, as irregularidades cometidas por Nixon.


Não restava outra alternativa aos dois jornalistas, depois de o próprio Felt – hoje com 91 anos – romper o sigilo. E ele o fez na imprensa. O policial aposentado, que vive em Santa Rosa, na Califórnia, contou o segredo à revista mensal ‘Vanity Fair’, que chegou ontem às ruas com uma reportagem intitulada ‘Sou o sujeito que chamavam de Garganta Profunda’.


Dupla promete revelar detalhes


Até então, Felt fazia parte de uma lista de 14 pessoas que volta e meia eram mencionadas em artigos, livros e palestras como suspeitos de terem sido o informante cuja identidade Woodward e Bernstein tinham decidido só revelar após a morte dele. Enquanto o primeiro se manteve calado, Bernstein emitiu ontem de manhã um comunicado reafirmando a posição, e acrescentando que após a morte da fonte a dupla também revelaria detalhadamente seus contatos com ela.


No fim da tarde, porém, depois de conversarem com Ben Bradlee, que era editor-chefe do ‘Post’ na época do escândalo de Watergate, os dois jornalistas divulgaram uma curta nota confirmando que Felt era o Garganta Profunda e os ajudou ‘de forma incomensurável’ em sua cobertura. Por sua vez, o jornal informou em sua versão on line que Woodward começou a escrever um artigo – a ser publicado amanhã – com ‘um depoimento pessoal sobre sua experiência e a de Bernstein’ na cobertura de Watergate.


– O que mais me espanta é que este maldito segredo tenha durado tanto tempo – comentou Bradlee, como se sentisse aliviado.


Ele contou que só soube a identidade da fonte duas semanas depois da renúncia de Nixon. Até então os repórteres tinham lhe dito apenas que o informante era um alto funcionário do FBI.


– Eu conhecia a posição da fonte (no governo), e sabia que o jornal estava no caminho certo. A qualidade da fonte era muito boa. A firmeza como ela nos mostrava o caminho me garantiu que estávamos bem – disse Bradlee.


Revelação para ganhar dinheiro


Segundo a ‘Vanity Fair’, Felt já revelara o segredo ao filho Mark em 2002. Disse que era algo do qual não sentia orgulho ‘porque não se deve vazar informações a ninguém’. Para a família, no entanto, ele foi um herói, pois conseguiu mudar a história do país. Sua filha Joan contou ter desconfiado de algo quando, em 1999, Woodward apareceu em sua casa à procura de seu pai. Felt sofrera um derrame cerebral meses antes e o recebeu com alegria: ‘Parecia mais uma celebração entre dois velhos amigos do que uma conversa entre um repórter e um ex-policial’, disse ela, acrescentando que Woodward levou o pai para almoçar num restaurante onde ambos podiam conversar sem testemunhas.


Felt revelou publicamente o segredo por insistência dos filhos. Capitulou depois de Joan lhe dizer que a história poderia trazer benefícios à família, conforme a ‘Vanity Fair’: ‘Bob Woodward vai ficar com toda a glória por isso, mas poderíamos ganhar pelo menos algum dinheiro para pagar algumas contas, como a dívida que acumulei com a educação de meus filhos. Vamos fazer isso pela família’, disse ela. O pai cedeu: ‘É uma boa razão’, afirmou, embora não estivesse interessado em revelar o segredo, segundo o filho.’



***


‘Vingança contra Nixon’, copyright O Globo, 1/06/05


‘Embora W. Mark Felt tenha decidido quebrar o sigilo sobre o seu papel no caso Watergate, devido aparentemente à insistência de sua filha para que a família se beneficiasse financeiramente disso, a revista ‘Vanity Fair’ não informou se chegara a pagar pela entrevista que ele deu ao advogado John D. Connor, que escreveu a reportagem reveladora.


O que surgiu ontem, depois da confirmação dos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, foi a impressão de que Felt decidira colaborar para a derrubada do presidente Richard Nixon como uma espécie de vingança pessoal. Segundo nota apresentada na versão on line do ‘Washington Post’, Woodward, que hoje é editor-executivo assistente do jornal contara que Felt ajudara o diário numa época de tensas relações entre a Casa Branca e grande parte da hierarquia do FBI. A invasão do escritório do Partido Democrata, no Edifício Watergate, acontecera logo depois da morte do lendário diretor do FBI J. Edgar Hoover, que era mentor de Felt.


‘Felt e outros altos funcionários do FBI queriam um veterano da agência para substituir Hoover. O próprio Felt tinha esperança de ser o novo diretor do FBI, mas em vez dele Nixon indicou alguém de dentro do governo, o procurador-geral assistente de Justiça, Patrick Gray’, informou o ‘Post’.’



Cristina Azevedo e Flávio Henrique Lino


‘Jornalismo investigativo em nova dimensão’, copyright O Globo, 1/06/05


‘Quase dois anos de reportagens que levaram o homem mais poderoso da Terra a deixar a Casa Branca. Para alguns veteranos jornalistas brasileiros, a contribuição que o Caso Watergate deu ao jornalismo foi uma nova dimensão do trabalho investigativo, consagrado com a renúncia de Richard Nixon, acossado pelas denúncias dos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do ‘Washington Post’.


Para o jornalista Alberto Dines, que dirige o programa Observatório da Imprensa, na TVE, a cobertura do escândalo pela dupla de repórteres não mudou fundamentalmente a forma de fazer jornalismo, mas sim consagrou o trabalho de investigação feito com qualidade.


– É bater perna, checar a informação, rechecar, respeitar a fonte quando necessário… Esta é a cartilha do bom jornalismo clássico – definiu Dines, há nove anos à frente do programa que analisa o trabalho da imprensa.


Investigação com qualidade


Já o jornalista Luiz Garcia, articulista do GLOBO, disse que o Caso Watergate deu origem a normas extremamente importantes. Ele contou que no ‘Washington Post’, o editor-chefe Ben Bradlee estabeleceu uma norma em que nenhuma informação poderia ser publicada se não fosse confirmada por duas fontes independentes.


– Isso deu tão certo que eles só erraram uma vez, quando interpretaram mal uma informação do Deep Throat – disse. – Watergate mostrou que é possível investigar o poder, desde que com extrema preocupação com o controle da qualidade da informação.


Ambos criticaram o que consideram um certo comodismo da imprensa brasileira. Garcia observou que o hábito de publicar denúncias nem sempre é acompanhado de uma investigação mais apurada.


– Apenas publicar os dois lados é uma atitude preguiçosa. É preciso publicar o que é verdade – enfatizou.


Já Dines afirmou que receber fitas, vídeos e dossiês ‘de presente’ não é jornalismo investigativo.


– Watergate mostrou que o que vale é ir atrás da notícia.


Nos Estados Unidos, o controle da qualidade da informação tem sido reforçado nos últimos anos devido a uma série de escândalos de notícias inventadas por repórteres de grandes jornais, como o ‘New York Times’, abalado em 2003 pelo escândalo Jayson Blair.


Uma recente pesquisa do Pew Research Center mostrou que 45% dos americanos acreditam em pouco ou nada do que lêem nos jornais diários.


Por conta disso, o ‘Washington Post’ em 2004 estabeleceu novas diretrizes para o uso de fontes confidenciais e declarações em suas páginas. Com as novas regras, o jornal exige agora que pelo menos um editor conheça a identidade de uma fonte confidencial usada em determinada história.


Já o ‘New York Times’ no início do mês passado divulgou o relatório de uma comissão interna propondo mudanças. Uma das propostas é a criação de um programa para evitar plágio de textos, reforçando a recomendação de que os repórteres evitem recorrer a fontes anônimas de informação e façam clara distinção entre informação e opinião.’



Paulo Sotero


‘‘Sou o cara que chamam de Garganta Profunda’’, copyright O Estado de S. Paulo, 1/06/05


‘W. Mark Felt, ex-número 2 do FBI, de 91 anos, disse à revista Vanity Fair que é o Garganta Profunda, a fonte supersecreta que ajudou os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post, a apurar o episódio de abuso de poder na Casa Branca que entrou na história, em 1972, como o escândalo de Watergate e forçou o presidente Richard Nixon a renunciar, dois anos mais tarde.


‘Eu sou o cara que costumavam chamar de Garganta Profunda’, disse Felt ao advogado John D. O’Connor, autor do artigo na edição de junho da publicação mensal, que começou a chegar às bancas e aos assinantes ontem. ‘Não creio que ser Garganta Profunda seja algo de que se possa orgulhar’, Felt disse a seu filho, Mark Jr., segundo a revista. ‘Não se deve vazar informação a quem quer que seja.’


Nick Jones, um neto de Felt, não pensa da mesma forma. ‘A família acredita que meu avô é um grande herói americano que foi acima e além do chamado do dever, com grande sacrifício pessoal, para salvar o país de uma horrível injustiça’, afirmou Jones. ‘Nós todos sinceramente esperamos que o país também o veja da mesma forma. Meu avô está satisfeito de estar sendo honrado por seu papel como Garganta Profunda.’


The Washington Post confirmou a informação algumas horas mais tarde, pondo fim ao grande mistério político e jornalístico que nas últimas três décadas alimentou incontáveis especulações, vários livros e inúmeras reportagens. A confirmação foi feita por Woodward, hoje editor-chefe adjunto do Post, por Bernstein, que trocou a carreira de repórter pela de escritor depois do Watergate, e pelo ex-editor-chefe do jornal Ben Bradlee, de 84 anos, as únicas pessoas que conheciam o segredo, além do próprio Felt.


‘Mark Felt foi o Garganta Profunda e nos ajudou de modo imensurável na nossa cobertura do Watergate’, disse Woodward. ‘No entanto, muitas outras fontes e funcionários nos ajudaram.’


Woodward visitou Felt em sua casa em Santa Rosa, Califórnia, em 1999, e conversou meia dúzia de vezes por telefone com uma filha do ex-vice-diretor do FBI, Joan, sobre a possibilidade de um anúncio conjunto, segundo relato que ela fez à Vanity Fair. O encontro do jornalista com o ex-funcionário do FBI foi noticiado na época, suscitou vários artigos e obrigou Felt a desmentir que fosse o Garganta Profunda.


Segundo a Vanity Fair, Woodward manteve o mistério até nas conversas com Joan, ressalvando sempre, no início de cada contato, que ‘só porque eu estou falando com você, não (significa que) esteja admitindo que ele (Felt) seja quem você acha que é’.


A revista informou que a família do ex-alto funcionário do FBI o convenceu de que seu comportamento no episódio do Watergate foi heróico e ele deveria assumir publicamente seu papel de fonte dos dois repórteres do Post. No livro Todos os Homens do Presidente, que Woodward e Bernstein escreveram sobre as investigações (ler na pág. 11), Garganta Profunda é identificado com uma alta fonte governamental que se encontrava periodicamente com Woodward, muitas vezes em estacionamentos no subsolo de edifícios em Washington, para confirmar se o repórter estava seguindo as pistas certas. Bernstein e Bradlee nunca se encontraram com a fonte e o que sabem a respeito é o que Woodward lhes contou.


Felt sempre esteve no topo da longa e cambiante lista dos suspeitos de ser o Garganta Profunda. Ele e outro ex-alto funcionário do FBI, Edward Miller, foram indiciados em 1978 por terem aprovado buscas ilegais contra membros do grupo clandestino Weather Underground durante o governo Nixon. Condenados em 1980, ambos tiveram as sentenças anuladas por um perdão presidencial assinado por Ronald Reagan.


A lista dos candidatos prováveis a Garganta Profunda incluía o ex-chefe de gabinete Alexander Haig, que foi depois secretário de Estado do governo Reagan; o atual chefe da Suprema Corte, William Rehnquist, alto funcionário do Departamento de Estado na época do Watergate; David Gergen, jornalista, professor de Harvard e ex-assessor de presidentes republicanos e democratas, que começou sua carreira no governo Nixon; o ex-secretário da Justiça adjunto Henry Peterson; Pat Buchanan, que redigiu discursos para Nixon e ficou famoso anos depois como comentarista da CNN e candidato presidencial xenófobo; o ex-conselheiro jurídico da Casa Branca Fred Fielding, um advogado que foi assessor de Nixon.


Ao longo dos anos, as recriações de diálogos feitas por Woodward, nos vários livros que escreveu desde Watergate, e sua preferência por não incluir notas de rodapé ou especificar fontes alimentaram especulações de que Garganta Profunda não seria um personagem real. Um estudo baseado em mais de 16 mil documentos do FBI sobre Watergate, que o professor de jornalismo da Universidade de Illinois Bill Gaines conduziu entre 2002 e 2004, confirmara as únicas informações que Woodward dera até ontem sobre seu misteriosa fonte. ‘Garganta Profunda é real e não um personagem composto’, disse Gaines no fim do ano passado.


Dois anos atrás, Woodward e Bernstein reafirmaram legalmente o compromisso assumido com Felt de não revelar sua identidade durante sua vida num acordo de doação de seus arquivos pessoais sobre o Watergate, que assinaram com a Universidade do Texas. Por esse acordo, os documento relativos a Garganta Profunda só poderiam ser abertos após a morte do maior vazador de informações de todos os tempos.


A íntegra do texto da Vanity Fair está em:


http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/20050531-vanity_fair.pdf’



Luiz Zanin Oricchio


‘Filme manteve força narrativa da história ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 1/06/05


‘Hal Holbrook foi indicado ao Oscar por sua interpretação de Garganta Profunda, o informante do caso Watergate. Não venceu, mas a simples menção testemunha sua importância em Todos os Homens do Presidente, de Alan Pakula – que, aliás, também chegou a concorrer ao Oscar de melhor filme, mas acabou perdendo para Rocky, o Lutador, de Sylvester Stallone.


No entanto, pode apostar que a influência social de Todos os Homens do Presidente foi enorme. O caso Watergate é de 1974. O filme saiu dois anos depois, com o affair ainda quente na memória pública. Baseado no livro escrito pelos repórteres do Washington Post Carl Berstein e Bob Woodward, o filme de Pakula deu ritmo de thriller político ao escândalo que terminou com a renúncia de Richard Nixon.


Como não poderia deixar de ser, o filme é diferente do livro. Este é o relato seco e sem firulas de um dos grandes momentos da liberdade de imprensa do século 20. Pakula sabia que tinha um excelente material na mão, mas não ignorava a diferença entre um meio e outro. Quem leu o livro sabe que é impossível deixá-lo de lado. Para manter o mesmo ritmo empolgante, Pakula romanceou um pouco. Simplificou personagens e evitou algumas implicações mais graves da invasão da sede do Partido Democrata. No todo, é fiel ao texto, e aos fatos.


Tornou a trama mais superficial? Com certeza. Mas soube manter o tônus narrativo da história. Escalou uma dupla de atores carismáticos para os papéis principais. Robert Redford fez Bob Woodward e Dustin Hoffman viveu Carl Berstein. Recriam com fervor o clima de um jornal na fase de apuração de uma notícia daquele porte, que iria mudar o destino do país. Outro personagem compõe o trio – Jason Robards, no papel de Ben Bradlee, editor do Post. São três figuras que ora colaboram ora competem, o que dá dinamismo à ação.


Mas havia outro personagem que, à sombra, fornecia o material, ou parte dele, para os repórteres que conduziam a investigação. A grande sacada de Pakula foi tomar este ‘à sombra’ de modo literal, como convém a um meio como o cinema, que se expressa em princípio por imagens. O filme ganha muito então com o contraste entre o ambiente solar do Post e as sombras que envolvem Garganta Profunda em seus diálogos. Algo como a luz da democracia contra a escuridão que sempre a ameaça, mesmo em países livres.


Nunca é demais lembrar que o apelido da fonte de Berstein e Woodward vem do título do filme Garganta Profunda, o hardcore que, em 1972, dois anos antes da renúncia de Nixon, apresentou ao mundo o talento da pornostar Linda Lovelace.’



***


‘Os personagens da investigação ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 1/06/05


‘Vice-diretor do FBI durante a administração Nixon. Hoje, aos 91 anos, admite ter sido o Garganta Profunda – a fonte que deu as principais dicas aos jornalistas de The Washington Post que investigavam o caso. Aposentado, Felt vive em Santa Rosa, na Califórnia. Segundo a reportagem da revista Vanity Fair, o ex-alto funcionário do FBI vive há 30 anos atormentado por seu papel no escândalo de Watergate e por suas dúvidas sobre se deveria ou não revelar sua identidade.


A Vanity Fair especula sobre as possíveis razões para a decisão de Felt de servir de fonte para os repórteres do Post. Segundo a revista, as relações entre os assessores de Nixon e os agentes do FBI tinham se deteriorado no começo dos anos 70. Nixon estava ‘subindo pelas paredes’ – na descrição de Felt – porque alguém no governo tinha vazado detalhes para o jornal The New York Times sobre a estratégia da corrida armamentista com os soviéticos. Nixon queria que o FBI encontrasse o culpado e exigia até mesmo que os suspeitos fossem submetidos ao detector de mentiras. Meses depois, Nixon pressionou os diretores do FBI para que falsificassem um laudo pericial. Para isso, eles deveriam declarar que um documento que poderia comprometer a administração era falso.


ROBERT U. WOODWARD – Jornalista em início de carreira, Woodward foi designado por seu editor em junho de 1972 para cobrir a história do arrombamento do edifício Watergate junto com um repórter mais experiente, Carl Bernstein. Depois da renúncia de Nixon, os dois publicaram dois livros que foram best sellers: Todos os Homens do Presidente (que deu origem ao filme) e Os Últimos Dias. Woodward seguiu carreira no Post e atualmente é editor-chefe assistente e responsável pela coordenação das reportagens especiais do jornal.


CARL BERNSTEIN – Com o jornalista Bob Woodward, Bernstein iniciou a investigação no diário The Washington Post sobre a invasão da sede democrata em Washington. Os outros jornais não deram atenção ao caso no início. Os dois anos de reportagens no Post foram decisivos para a renúncia de Richard Nixon, em 1974, e renderam aos dois jornalistas uma série de prêmios jornalísticos, incluindo o Pulitzer, o mais prestigiado nos EUA. Bernstein deixou o Post em 1976, trabalhou para a revista Time e a TV ABC e atualmente é escritor.


BEN BRADLEE – Era editorchefe do Washington Post na época em que ocorreu a invasão do Watergate. Bradlee, hoje com 84 anos, deu todo o apoio às reportagens de Bob Woodward e Carl Bernstein e, além dos dois repórteres, era o único que conhecia a identidade de Garganta Profunda. Ele se aposentou do Post em 1991, aos 67 anos. ‘O número 2 do FBI foi uma fonte muito boa’, disse ontem Bradlee. ‘Eu sabia que o jornal estava no caminho certo. O que me atordoa é que o segredo tenha durado tanto.’’



Roberto Lameirinhas


‘Vigia flagra arapongas e o presidente dos EUA cai ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 1/06/05


‘A política americana nunca mais foi a mesma depois de 9 de agosto de 1974, quando Richard Nixon, pressionado por um processo de impeachment, anunciou sua renúncia na TV. E tudo começou como resultado do trabalho de um atento vigia noturno.


Em 17 de junho de 1972, o vigilante Frank Wills notou um movimento estranho em uma das salas do edifício onde funcionava o Comitê Nacional do Partido Democrata em Washington e chamou a polícia. Cinco homens – exilados cubanos – foram surpreendidos instalando um complexo equipamento de escuta no local. O escândalo que se seguiria ganhou o nome do edifício que abrigava o comitê democrata: Watergate. A palavra se transformou em referência de infâmia – o escândalo da venda de armas para o Irã para ajudar os contras da Nicarágua virou o ‘Irangate’; o caso amoroso de Bill Clinton com Monica Lewinsky foi o ‘Monicagate’.


Dois meses depois do arrombamento da sede democrata, o republicano Nixon conquistava o mais esmagador triunfo em uma eleição presidencial dos EUA, vencendo em 49 dos 50 estados. Poucos dias antes da posse, os cinco acusados pela invasão de Watergate se declararam culpados. O caso pararia por aí se dois jornalistas de The Washington Post, Bob Woodward e Carl Bernstein, não estivessem convencidos do envolvimento de membros da campanha de Nixon.


Pressionado pelas reportagens do Post, Nixon retomaria o inquérito sobre o caso Watergate em abril de 1972, dias antes da renúncia de três de seus principais assessores na Casa Branca: H.R. Haldeman, J.D. Ehrlichman e John Dean III. O cerco se fecharia de vez com a abertura de audiências no Senado sobre o caso.


Woodward e Bernstein alimentavam as mais de 200 reportagens sobre Watergate com as informações de uma fonte misteriosa, que ficou conhecida apenas como Garganta Profunda – nome de um filme pornográfico de grande sucesso lançado na época. A identidade da fonte só era conhecida pelos dois e pelo editor-chefe do jornal, Ben Bradlee.


Ao crime de invasão da sede do comitê democrata se somaria o de obstrução da Justiça, pelo qual vários assessores de Nixon foram indiciados. E foi por esse suposto delito que a Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes iniciou, em maio de 1974, um processo que poderia levar ao impeachment do presidente. Em 24 de julho, a Suprema Corte determinou que Nixon apresentasse gravações secretas de suas conversas na Casa Branca, nas quais havia indícios das manobras de obstrução e evidências de falso testemunho. Numa das gravações, Nixon ordenava ao vice-diretor da CIA, Vernon Walters, que dificultasse as investigações de Watergate. O presidente estava em xeque. Em 9 de agosto, Nixon renunciou, passando o poder ao vice, Gerald Ford.


Revelada a identidade do Garganta Profunda, Watergate deixa outros mistérios. Não ficou claro, por exemplo, se a renúncia de Nixon envolveu algum acordo judicial para que o caso não fosse adiante.’



Maria Newman


‘Ex-agente do FBI assume ser Garganta Profunda’, copyright Último Segundo (www.ultimosegundo.com.br) / The New York Times, 31/05/05


‘No livro e filme ‘Todos os Homens do Presidente’, ele era uma figura sombria em um estacionamento pedindo a Bob Woodward e Carl Bernstein para ‘seguirem o dinheiro’, aconselhando-os a investigar o escândalo do Watergate que derrubou o ex-presidente Richard M. Nixon.


Leia abaixo o texto


Os dois jornalistas se referiam a ele apenas como ‘Garganta Profunda’, e por anos a questão da verdadeira identidade da fonte anônima resistiu aos círculos políticos e jornalísticos, um mistério tão cativante e não-resolvido quanto a questão de o que aconteceu com Jimmy Hoffa.


Agora, um ex-agente do FBI na Califórnia, W. Mark Felt, disse à revista Vanity Fair que foi ele que vazou certos segredos sobre o escândalo de Watergate para os repórteres do Washington Post. ‘Eu sou o cara que eles chamavam de Garganta Profunda’, declarou Felt a John D. O’Connor, um advogado e autor do artigo, informou a revista nesta terça-feira em um comunicado de imprensa.


Felt, que tem 91 anos e mora em Santa Rosa, na Califórnia, era o segundo em comando no FBI nos anos 70. De acordo com a revista, Felt manteve o segredo de sua família até 2002, quando confidenciou a informação a um amigo.


Felt supostamente deu permissão a O’Connor para revelar sua identidade na edição de julho da revista. ‘A família Felt cooperou totalmente, fornecendo antigas fotos para a história e concordando em posar para fotos’, informou a Vanity Fair em seu comunicado.


O Washington Post não comentou o artigo da Vanity Fair. Bernstein divulgou um comunicado para a MSNBC no qual se recusou a confirmar a afirmação de Felt. Por anos, Woodward e Bernstein se recusaram a identificar o Garganta Profunda, mesmo enquanto outros especulavam sobre quem seria a fonte. O nome de Felt sempre esteve na curta lista de suspeitos, mas ele negou qualquer envolvimento no passado.


No livro que escreveram juntos, no qual o filme foi baseado, os dois repórteres descreveram o Garganta Profunda – um nome inspirado em um filme pornográfico da época – como um fumante pesado que colocava um vaso na janela de seu apartamento para que eles soubessem quando ele tinha novas informações. Tentar identificar a sua identidade virou um jogo em Washington e se tornou tema de livros, estudos e conversas na internet.


Durante os anos, a lista de suspeitos incluiu o ex-secretário de Estado Alexander Haig, o ex-promotor do escândalo Earl Silbert e os ex-assessores da Casa Branca Pat Buchanan, Ron Ziegler e David Gergen. Outros sugeriam que Garganta Profunda não era uma pessoa, mas um grupo de pessoas.


Além do próprio Garganta Profunda, apenas três outras pessoas saberiam a identidade da fonte. Elas são Bernstein e Woodward, e Ben Bradlee, o então editor-executivo do Washington Post. Eles disseram desde então que só revelariam a verdadeira identidade do Garganta Profunda quando ele morresse.


‘Nós sempre dissemos que quando a fonte, conhecida como Garganta Profunda, morresse, nós revelaríamos sua identidade e explicaríamos todas as nossas ligações com este indivíduo e o contexto desta relação’, declarou Bernstein em seu comunicado.


‘Além disso’, afirmou, ‘sempre que apareceram artigos, livros, especulações, aulas de jornalismo, nós sempre dissemos a mesma coisa. De que não diríamos nada porque temos uma obrigação com a nossa fonte, a quem demos a nossa palavra de que continuaríamos em silencio até sua morte’.


Felt foi citado pela Vanity Fair dizendo em um momento para seu filho, Mark Jr.: ‘Eu não acho que isso é motivo de orgulho (ter sido o Garganta Profunda). Você não deve vazar essa informação para ninguém’.


Em 1999, Felt negou ao Hartford Courant que era o Garganta Profunda. ‘Eu teria sido melhor’, declarou. ‘Eu teria sido mais efetivo. O Garganta Profunda não foi exatamente responsável pela queda da Casa Branca, foi?’.’



Paulo Sotero


‘Repórteres da ‘Time’ e ‘NYT’ podem ser presos ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 1/06/05


‘Se Richard Nixon tivesse se arrependido a tempo em sua tentativa de acobertar a participação de assessores da Casa Branca, teria tido a lei a seu lado para forçar o repórter Bob Woodward, do Washington Post, a revelar a identidade do Garganta Profunda.


Ironicamente, data de 1972, o ano inicial do episódio do Watergate, a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, no caso Brazenburg versus Hayes, que retirou dos jornalistas a proteção que eles julgavam ter, ao abrigo da Primeira Emenda da Constituição, para preservar a confidencialidade de suas fontes em investigações criminais.


Segundo John Watson, professor da Escola de Comunicação da American University e especialista nas leis que afetam a imprensa nos EUA, a melhor a analogia é com o caso atual de Matthew Cooper, da revista Time, e Judith Miller, do New York Times. Os dois correm o risco de ir para a cadeia se continuarem a resistir à intimação judicial de revelar os nomes do funcionário ou funcionários da Casa Branca que vazaram a identidade de uma agente da CIA a um colunista conservador.


Identificar agentes secretos em público é crime federal nos EUA.


‘Woodward nunca foi alvo de um processo ou intimação judicial no episódio Watergate, mas se o governo tivesse sido capaz de acioná-lo na Justiça por uma razão legítima e insistido em saber a identidade do Garganta Profunda, o desfecho provavelmente não teria sido diferente do que será para Cooper e Miller, pois a lei é clara’, disse Watson. Para que isso acontecesse, porém, Nixon teria que ter encerrado a tempo a manobra de obstrução de justiça e abuso do poder que foram sua perdição.’



Folha de S. Paulo


‘Após 33 anos, ‘Garganta Profunda’ se revela ‘, copyright Folha de S. Paulo, 1/06/05


‘Acabou ontem o maior mistério da política americana nas últimas décadas. ‘Garganta Profunda’, a principal fonte de informação do jornalista Bob Woodward nas reportagens do ‘Washington Post’ que revelaram a ligação do governo de Richard Nixon (1969-1974) com o escândalo Watergate, é W. Mark Felt, o número 2 do FBI nos anos 70.


Felt, hoje com 91 anos, assumiu a identidade em um texto assinado pelo advogado John D. O’Connor e publicado ontem pela revista ‘Vanity Fair’. Mas a razão que fez do ex-agente ‘Garganta Profunda’, no entanto, é citada apenas vagamente no texto: o filho de Felt, Mark Jr., disse ao advogado que o pai se referira certa vez ao informante na terceira pessoa e dissera que ele ‘fez o que fez porque era o único modo de lidar com a corrupção na Casa Branca e no Departamento da Justiça’.


Woodward, Carl Bernstein (co-autor das reportagens sobre o Watergate), Ben Bradlee (editor-chefe do jornal na época) e o ‘Post’ confirmaram que Felt foi a fonte das informações que culminaram na renúncia de Nixon, em 1974. Oficialmente, os três eram os únicos a conhecer a identidade.


‘W. Mark Felt era ‘Garganta Profunda’ e nos ajudou de modo incomensurável na cobertura do Watergate. Mas (…) muitas outras fontes e membros do governo nos ajudaram’, escreveram os jornalistas. Woodward mantinha um acordo com ‘Garganta Profunda’ para só revelar a identidade de sua fonte após a morte dela. O apelido (Deep Throat, no original) foi retirado do título de um filme pornográfico de sucesso na época.


O jornalista não confirmou a O’Connor que Felt fosse seu informante. Ele questionava, segundo o advogado, se Felt gozava de plena sanidade mental ao decidir vir a público. A confirmação veio apenas no fim da tarde, no comunicado divulgado pelo ‘Post’.


O’Connor diz na ‘Vanity Fair’ que conheceu Felt por meio do neto do ex-agente, Nick, que era amigo de faculdade de sua filha.


O assunto emergiu em um jantar em 2002, quando O’Connor disse a Nick que seu pai trabalhara no FBI nos anos 40. Nick então contou quem era o avô e foi indagado se sabia se tratar de ‘Garganta Profunda’. A resposta foi que a família sempre duvidara da suspeita -Felt era corriqueiramente citado como possível fonte de Woodward-, mas que ultimamente a via com atenção.


O’Connor, ex-promotor federal e hoje advogado na Califórnia, tornou-se representante legal da família. Felt mantivera a identidade sob segredo a vida toda, mas mais recentemente decidiu confirmá-la à família e a amigos próximos. Já cientes, Nick e sua mãe, Joan, queriam resguardá-lo legalmente para que viesse a público.


Mas Felt -que fora condenado em 1980 por autorizar invasões ilegais quando trabalhava no FBI e depois recebera o perdão do presidente Ronald Reagan em 1981- continuava relutante.


Com a deterioração de sua saúde, a revelação se tornou premente para seus familiares. Segundo O’Connor, Joan teria convencido o pai usando como argumento o fato de que ele, e não apenas Woodward, deveria experimentar em vida o status de herói.


Celebrizado nas páginas do ‘Post’, ‘Garganta Profunda’ foi imortalizando em ‘Todos os Homens do Presidente’ (1974), livro de Woodward e Bernstein sobre o Watergate, e no filme homônimo, de 1976, na pele de Hal Holbrook.


O argumento derradeiro, segundo O’Connor: a glória advinda de seu papel na revelação do Watergate renderia a Felt dinheiro para a educação dos netos.’



O Globo


‘Um caso de cinema’, copyright O Globo, 1/06/05


‘O apelido da principal fonte dos repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward surgiu no cinema. Foi o cinema também que transformou a dupla de jornalistas em heróis. No primeiro caso, a personagem de uma produção pornô – ‘Deep throat’/ ‘Garganta profunda’ – vivida por Linda Lovelace, tinha na garganta o único ponto do corpo que atingia o clímax sexual. No segundo, a imagem de dois dos maiores galãs da Hollywood dos tempos de Watergate, Dustin Hoffman e Robert Redford, ajudou a mitificar Bernstein e Woodward.


‘Garganta profunda’ transformou-se num clássico do gênero, atraiu um tipo de espectador que não costumava freqüentar os cinemas em que foi exibido (Jacqueline Kennedy nunca escondeu que assistiu ao filme) e ainda hoje provoca interesse (recentemente, o sucesso de um documentário sobre o impacto que provocou na sociedade americana fez com que voltasse ao cartaz).


‘Todos os homens do presidente’, o filme com Hoffman e Redford, também foi bem-sucedido. Foi indicado a oito Oscar e ganhou quatro. Mas o único ator premiado foi Jason Robards (Oscar de coadjuvante), que interpretou Ben Bradlee, o chefe deles no ‘Washington Post’.’