Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Adriana Chiarini

‘Se o Brasil conseguir criar o sistema brasileiro de TV digital que está tentando montar, com foco na interatividade, terá ‘um fantástico modelo de exportação’, disse ontem no Rio, em palestra, o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Mauro Oliveira.

‘Sou otimista e acredito que, no ano que vem, em qualquer lugar do mundo, quando se falar nos padrões existentes de TV digital, vão falar no padrão brasileiro, que privilegia a inclusão digital’, disse Oliveira, no encerramento do 3o. Seminário Internacional de Roaming.

Oliveira observou que, no Brasil , 89,9% dos 47,56 milhões de domicílios têm televisão e apenas 10,3% das residências dispõem de acesso à internet. Essa diferença não existe nos países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão, que, por isso, segundo o secretário, não privilegiaram a interatividade em seus padrões de TV digital. Como o Brasil tem essa característica social, isso, por si só, considera o secretário, justifica o investimento de R$ 65 milhões que o governo federal está fazendo para que 79 centros de pesquisa procurem responder se vale a pena desenvolver uma TV com características de interatividade.

Com base nesse esforço, no dia 10 de março, o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, vai recomendar a presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotar alguns dos padrões já existentes ou compor algumas das atuais tecnologias em um sistema adaptado e desenvolvido no Brasil. O secretário admitiu que, talvez, o presidente Lula não consiga ver a Copa do Mundo de futebol de 2006 em TV digital, se o governo considerar que vale a pena desenvolver um sistema próprio. ‘Como sou otimista e acredito que será um sistema misto (com tecnologias já utilizadas em outros padrões), provavelmente será possível sim’, emendou.’



Ricardo Benetton

‘Introdução da TV digital terrestre no Brasil: o processo de análise’, copyright Tela Viva, 30/9/04

‘O projeto do Sistema Brasileiro de TV Digital foi instituído com o propósito de analisar as alternativas de exploração e implantação propícias ao advento da televisão digital terrestre no País. A abordagem analítica que conduzirá à definição e implementação de tal sistema encontra-se estruturada em três fases: apoio à decisão, desenvolvimento industrial e implantação.

A primeira fase trata da análise e proposição de um Modelo de Referência, que deverá incluir a forma de exploração e o plano de implantação do sistema digital. A forma de exploração abrange os modelos de serviços e de negócio, bem como a definição dos sistemas tecnológicos subjacentes. A segunda fase deve dar seqüência ao desenvolvimento das tecnologias e serviços considerados relevantes e que foram objeto de escolha no Modelo de Referência. A última fase culmina com a efetiva implementação das tecnologias e serviços desenvolvidos na fase anterior, de acordo com o plano de implantação.

A elaboração do Modelo de Referência deve partir de modelos já existentes, buscando aperfeiçoá-los ou adaptá-los em função das finalidades e condicionantes estabelecidas no Decreto 4.901. Tal modelo poderá sugerir o desenvolvimento de um sistema próprio de transmissão digital, desde que observado o propósito de não despender recursos em soluções com pouco impacto nos objetivos centrais do projeto.

As questões em torno da introdução da TV digital não são de natureza estritamente tecnológica, posto que se trata de uma nova plataforma de comunicação, cujos impactos ainda são desconhecidos. Tal dificuldade é ampliada pelo elevado número de agentes envolvidos, requerendo a coadunação de interesses nem sempre convergentes. Nesse sentido, torna-se fundamental a adoção de uma abordagem analítica que possibilite uma visão integrada e holística da questão, contemplando o dinamismo e a complexidade inerente à digitalização de um setor como o de radiodifusão televisiva.

A construção do Modelo de Referência é portanto conduzida numa seqüência de três etapas: (i) levantamento de dados e elaboração e análise de cenários; (ii) proposição de alternativas de modelos de exploração e implantação da TV digital terrestre no Brasil; e (iii) análises de viabilidade e dos riscos que as alternativas em questão podem proporcionar aos atores envolvidos no processo.

Na primeira etapa é traçado um mapa das condições que circunscrevem o ambiente de análise, estruturado em três dimensões. Na dimensão socioeconômica, essas condições correspondem aos cenários macroeconômicos de longo prazo e ao mapeamento da demanda e da oferta associadas à nova mídia. A oferta é analisada com base na cadeia de valor do setor – da produção à recepção de conteúdo. A demanda é caracterizada a partir de dados primários quantitativos, levantados junto aos cidadãos.

A dimensão tecnológica consiste de um panorama das principais alternativas de modelos de serviços e de negócio, bem como dos sistemas tecnológicos que os habilitam. A dimensão político-regulatória abarca a análise das políticas industriais e do panorama regulatório vigentes.

Na segunda etapa são elaborados alguns conjuntos de modelos de exploração e de implantação que serão selecionados para compor o Modelo de Referência. Esses modelos correspondem às alternativas levantadas no panorama da dimensão tecnológica – ordenadas conforme os cenários de cadeia de valor delineados no mapeamento da oferta – e às alternativas de transição analógico-digital.

Na última etapa, a análise de viabilidade dessas alternativas é conduzida sob as perspectivas dos múltiplos agentes que compõem a cadeia de valor do setor, cujas variáveis-chave têm seu desempenho avaliado por simulação. As informações assim obtidas constituem insumos para a identificação e classificação dos riscos e oportunidades associados às alternativas de modelos. Com base nessa classificação, será possível apontar o Modelo de Referência que mais atende aos critérios de flexibilidade e sustentabilidade.

Esses critérios traduzem o grau de facilidade e de sensibilidade com que o modelo se adapta a mudanças de rumo, respectivamente, sejam elas provocadas por fatores externos ou por iniciativa dos atores envolvidos. Por um lado, a flexibilidade deve conduzir a um baixo custo do terminal de recepção, respeitando as condições socioeconômicas da população e a evolução do perfil dos usuários brasileiros. Por outro lado, a flexibilidade deve fomentar a produção de conteúdo, estimular o parque industrial e permitir que as emissoras escolham modelos de negócio aderentes a suas estratégias.

Todavia, a proposição de um Modelo de Referência é dependente do caminho percorrido, cuja escolha só será possível com o aprendizado adquirido ao longo do próprio processo analítico. Quanto às finalidades últimas, é esperado que o novo sistema estimule o setor e traga benefícios concretos para a sociedade, proporcionado a universalização do acesso e criando um ambiente favorável à educação e à cidadania.’



Fernando Lauterjung, André Mermelstein e Samuel Possebon

‘TV aberta ainda espera o mundo digital’, copyright Tela Viva, 30/09/04

‘Broadcast & Cable 2004 reúne radiodifusores para debater tecnologias, questões regulatórias e mercadológicas. A feira de equipamentos demonstrou ainda os mais novos lançamentos para as áreas de produção e radiodifusão.

Aconteceu entre os dias 25 e 27 de agosto, em São Paulo, a feira de tecnologia para o mercado de radiodifusão e produção Broadcast & Cable, como sempre acompanhada do Congreso da SET (Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão). Além dos lançamentos de produtos, o evento contou com alguns debates acalorados entre os radiodifusores e com presença do governo. A abertura do congresso serviu para mostrar como o governo caminha em uma direção e os engenheiros de TV (e naturalmente as emissoras) vão em um outro sentido no que tange a TV digital. Mauro Oliveira, secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, ressaltou a importância do trabalho que está sendo realizado com o objetivo de chegar a um Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). ‘Queremos chegar em 10 de março de 2005 com um modelo de referência, algo que nos permita dizer com segurança qual o melhor caminho a seguir. O SBTVD que o Brasil pretende desenvolver privilegiará a promoção da inclusão digital’. Não é a mesma posição da SET. Roberto Franco, presidente da entidade, entende que a definição do modelo a ser explorado no Brasil não cabe ao Estado, mas sim à própria sociedade. ‘Quem vai decidir o que será a TV digital é o público’. A SET não deixa de manifestar descontentamento com o fato de as duas principais instâncias decisórias do Sistema Brasileiro de TV Digital só terem membros do governo. ‘As emissoras de TV estão representadas apenas no Comitê Consultivo, e não sabemos ainda qual será o papel desse comitê’.

As emissoras de TV reclamam que já houve atraso demasiado na escolha do padrão brasileiro. ‘Há seis anos, quando as primeiras transmissões digitais foram feitas em caráter de teste, a TV aberta tinha tudo para ditar a tecnologia e os modelos de negócios. Hoje, outras tecnologias estão se digitalizando livremente, como é o caso da TV por assinatura e das telecomunicações. Mas a TV aberta ainda está amarrada a uma decisão que não sabemos quando virá’, diz Franco.

No estande da SET na feira, os engenheiros faziam demonstrações de transmissão e recepção de TV digital ao vivo, tentando defender o modelo de negócios e o padrão apregoado por eles desde os famosos testes de grupo SET/Abert. A demonstração, não por acaso, destacava a impossibilidade de se usar o sinal da televisão como um meio de conexão à Internet. ‘É impossível que todos os espectadores de televisão possam navegar livremente pela Internet’, disse Roberto Franco, explicando que não há banda suficiente para transmitir um número ilimitado de páginas ou e-mails pelo sinal usado pelas emissoras de TV. Por isso, no modelo mostrado no estande da sociedade, o set-top box que recebia e decodificava o sinal de TV digital contava com uma entrada de telefone, para que o espectador possa se conectar à Internet.

Além da possibilidade de carregar sinais da web, a demonstração da SET incluía a recepção móvel, através de um protótipo de telefone celular da Nec que conta com um receptor de sinais de televisão. A transmissão móvel é uma das exigências dos radiodifusores em relação à TV digital.

Eles querem que, com o advento da TV digital, as empresas fabricantes de celular incluam em seus aparelhos chips sintonizadores das frequências de UHF. Com isso, as TVs ampliariam significativamente o potencial de audiência e poderiam explorar melhor os atributos de mobilidade e portabilidade. Acontece que as operadoras de celular não gostam desse modelo. Entendem que, por serem elas que subsidiam os aparelhos, o ideal é que o vídeo seja transmitido pela própria rede das celulares, em streaming, gerando, portanto, tráfego.

A briga é grande e promete esquentar daqui para frente. Ao que parece, os radiodifusores, justamente por terem ficados ‘amarrados’ a uma decisão que ‘não se sabe quando virá’ acabaram sendo ultrapassados pelas empresas de telecomunicações. Em painel do Congresso da Set, a Nokia afirmou que não tem intenção de fabricar handsets com receptores de TV digital terrestre embutidos. Na visão da empresa, o serviço de vídeo pelo celular será transmitido em streaming. No mesmo painel, Roberto Franco disse que o modelo da TV aberta é diferente do celular, pois não há cobrança de airtime. ‘Para o serviço existir, a recepção deve ser gratuita. Na hora em que o usuário acionar algum serviço interativo, ou partir da TV para um portal de Internet, por exemplo, aí sim ele usará a rede móvel, gerando receita para a operadora’, afirmou.

Ancinav

Outro tema que pautou o congresso foi a proposta do Ministério da Cultura de criar uma Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual. Uma questão colocada foi sobre a necessidade ou não de um marco regulatório único para o audiovisual nacional. Ficou claro, nesse ponto, que há visões divergentes.

Antônio Athayde, superintendente comercial do SBT, lembrou que é difícil ter um mercado audiovisual sem um conjunto de regras para o setor que permita estabilidade e segurança, mas ressaltou que esse marco regulatório precisa ser discutido por quem é do ramo. ‘Existem características do negócio, aspectos da realidade que não podem ser decididos apenas por quem caiu de para-quedas’.

Diler Trindade, produtor de cinema, foi mais contundente. ‘Não há a menor necessidade de gastar energia com isso. O Brasil tem uma série de problemas muito mais sérios’, ponderou. ‘O modelo que existe está funcionando e precisa, talvez, apenas de um pouco de incentivo em relação às salas de exibição, que são poucas. O resto todo que está sendo discutido é sem sentido. Não cabe ao governo decidir que cinema será feito no Brasil’.

Carlos Eduardo Rodrigues (Cadu), diretor executivo da Globo Filmes, compartilha dessa visão. ‘O nosso marco regulatório, que já existe e está funcionando, é a MP 2.228-01. Ele pode ser aperfeiçoado’. Em relação à competição com as empresas de telecomunicações e grandes grupos de comunicação internacional, Cadu afirmou que o importante é que as as regras sejam equilibradas. ‘Não é certo que empresas de telecomunicações participem de um mercado para o qual não estão devidamente licenciadas e também é preciso ver que muitos estúdios internacionais têm benefícios que as empresas nacionais não têm’, diz.

Já o presidente da SET ressaltou que a proposta do governo cria uma agência com grandes poderes e que, por sua vez, tem o poder de decisão na mão de cinco membros de um colegiado que votam por maioria simples. ‘Ou seja, três pessoas decidirão o futuro do audiovisual brasileiro’. Para Roberto Franco, o modelo privado de TV aberta no Brasil deu certo e o modelo de cinema também. ‘O que o governo deveria pensar é em uma forma de incentivar a rede pública e estatal’. Para ele, as regras, mais uma vez, devem vir da sociedade, e não do Estado. Nenhum membro do governo participou do debate de abertura do congresso.

Vitrine

A Sony montou em seu lounge na feira uma newsroom de baixo custo completa (foto). Entre as novidades, uma versão ainda inacabada do Proxy Cutter, uma ferramenta de edição simplificada que permitirá ao próprio jornalista fazer uma pré-edição, ou um primeiro corte, do material, baixando arquivos proxy em seu desktop e exportando uma EDL para o servidor.

Como opção de armazenamento (storage), a Sony colocou um sistema Petasite robotizado, com capacidade de 108 Tb (terabytes), expansível para até 1,5 Pb (petabyte). Uma opção de mais baixo custo é a library AIT3, com 16 fitas de 100 Gb.

No estande, um dos destaques da Sony este ano é a câmera HDC X300, com três CCD de 1/2’, que grava em alta definição no formato HD e sai por aproximadamente US$ 14 mil FOB, sem lente. Outra novidade, também anunciada na NAB deste ano e trazida agora ao Brasil é o switcher MFS 2000, pré configurado em 1 ME ou 1,5 ME. A vantagem do equipamento é que o upgrade da versão SD para HD pode ser feito apenas por software. Também está sendo apresentada a versão 7 do Xpri, que traz mais efeitos e agora trabalha também com o sistema XDCam, de discos ópticos.

A Thomson levou para o seu estande a câmera HDTV LDK 6000 (foto). A empresa demonstrou ainda encoders e decoders MPEG-2 da linha Vibe, que trabalha em redes IP. A linha, que está sendo testada no Brasil para trafegar vídeo sobre IP em redes de telefonia fixa, ganhará na IBC deste ano uma versão que trabalha com compactação MPEG-4.

Uma novidade que a empresa mostrou pela primeira vez no Brasil foi a linha de roteadores Concerto, que podem ter entre 32 e 64 entradas e saídas.

A Ross apresentou pela primeira vez no País as novas matrizes Talia, com controle através de rede, com interface web, além da linha Sinergy, de switchers (foto). Outra novidade é o Overdrive v. 1.0, software de controle de switcher por touch screen, que automatiza diversas funções dentro da operação de uma emissora. A empresa também lança neste segundo semestre no Brasil novos módulos da linha Gear Lite MD, como amplificadores e conversores.

Até o tradicional ponto eletrônico evoluiu para o mundo digital. A Teleponto apresentava na Broadcast & Cable 2004 o ponto Microear, da Phonak. O diferencial está na transmissão digital em VHF, que garante grande qualidade e confiabilidade, e o cristal substituível. A unidade sai por volta de US$ 2,1 mil. A empresa também trouxe o rádio BTR 800, da Radiocom, um intercom digital full duplex com 32 canalizações de freqüência e dois canais de comunicação em UHF. O equipamento vem com quatro belt packs, também full duplex e digitais, e pode ser interligado a uma linha externa. O preço para venda é em torno de US$ 10 mil, mas o sistema também está disponível para locação.

O destaque no estande da Debetec foi a lente Canon HDxs, com zoom de 40 vezes e estabilizador de imagem.

A Tacnet apresentou na Broadcast & Cable equipamentos de sua representada Snell & Wilcox. O destaque no estande foi a ferramenta para restauração de sinais de vídeo Archangel. Podendo trabalhar com vídeo telecinado ou não, a ferramenta permite corrigir simultaneamente, e em tempo real, ruído, sujeira, riscos, instabilidade, drop out e flicker.

Outro equipamento apresentado foi o Ukon, uma plataforma universal de conversão de formatos desenhada para utilização de produção em TV e ambientes de pós-produção onde as imagens precisam ser convertidas entre os diversos formatos SD e HD. Já o TBS180AV – Frame Synchronizer/TBC, também mostrado pela Tacnet, é um sincronizador de time code capaz de operar com sinais de entrada e saída multi-padrão (vídeo SDI digital e analógico e áudio AES e digital).

Entre as novidades demonstradas pela Magics estava o Toaster Flex. Trata-se de uma estação de edição com redundância de fonte e discos hotswap (o hard disk pode ser trocado com o computador em funcionamento). Baseado em Windows, a estação edita vídeo multiformato em tempo real e sem compressão, podendo renderizar o material em segundo plano. Entre as funções estão controle de sincronismo de áudio analógico e digital, correção de cor YUV, calibração automática de câmeras e de cor, chroma e luma key em tempo-real, streaming de vídeo para Internet e mixer de áudio. O equipamento vem com entradas e saídas em vários padrões analógicos e digitais e pode controlar o VTR.

Outra novidade apresentada pela empresa foi o Magics Storage Raid. Trata-se de um raid de discos para substituir o uso de fitas ou DVDs. Com capacidade de armazenamento para até 160 horas de vídeo DVCam ou 800 horas de vídeo MPEG-2 com qualidade DVD, o equipamento vem com um catalogador de imagens e conta com proteção continuar funcionando caso um dos discos falhe.

A Leitch mostrou no evento a nova versão do Velocity HD. Trata-se de um editor não-linear que trabalhar com vídeo em alta definição. Com performance para editar conteúdo HD em tempo real, o VelocityHD conta com o novo hardware Altitude, que permite executar, em resolução final, dois streams HD, com transições e efeitos em tempo real. A solução HD da Leitch permite ainda dar saída em um monitor HD enquanto realiza as transições e efeitos. O hardware Altitude suporta os formatos 1080i, 1080p e 720p em todos os frame rates, com gravação e reprodução com compressão e sem compressão.

Outro equipamento demonstrado foi o servidor Nexio (foto).

Brasil

Os fabricantes nacionais também marcaram presença na feira. A Floripa Tecnologia lançou a mesa de controle mestre digital Lumyon, inteiramente desenvolvida pela empresa catarinense (foto).

A Floripa também demonstrou na feira um sistema de cenário virtual que dispensa o uso de tracking na câmera, pois o movimento do apresentador é simulado por software. Na realidade, a câmera fica parada e o apresentador é inserido como um objeto 3D no cenário, que acompanha então o movimento (virtual) da câmera.

Outro destaque da empresa na feira foi o encoder MGW 2000, da Optibase, para MPEG-1 e MPEG-2. Foi apresentado acompanhado pelo decoder Animo, um set-top box pouco maior que um Palm. O set-top permite navegação pela web e vem com um teclado wireless. Como aceita sistemas de acesso condicional e apresenta vídeos de qualidade boa a taxas de transmissão não muito elevadas (3 a 4 Mbps), pode ser considerado uma solução para serviços de video-on-demand sobre redes de dados (como ADSL).

Já a também catarinense 4S mostrou seu sistema de produção tapeless X-edit. Trata-se de um pacote de ilhas em um ambiente de rede Gigabit Ethernet que permite fazer a ingestão de material quase simultaneamente à edição. São estações de edição não-linear integradas a um exibidor e a um servidor de armazenamento central baseado em sistema operacional Linux.

A edição é feita pelo X-Edit, que usa uma rede dupla gravando sempre em alta (MPEG-2, DV ou DV 25) e baixa definição (MPEG-4). Com ele é possível editar o material em baixa definição, gerando uma lista de edição que já edita também, automaticamente, o material em alta definição. É possível ainda usar ilhas off-line do X-Edit e salvar o timeline, para que o trabalho seja feito automaticamente quando o material for incluído na rede.

A Mattedi mostrou na feira seu mais novo lançamento, o teleprompter TP-LCD/M. O equipamento é formado por um monitor colorido de cristal líquido de 15’, coluna pneumática com dolly e chassi com adaptador para qualquer modelo de câmera. A fabricante nacional estava vendendo ainda, com desconto na feira, o tripé Mini SH II. Com um tripé em duralumínio anodizado, o equipamento conta com cabeça hidráulica, base em meia esfera, engate rápido, nível bolha e etrela de solo escamoteável. O equpamento é feito sob medida para câmeras Mini-DV e pode contar com ‘rodinhas’ dolly e estojo para transporte.’



Esther Hamburger

‘TVs não acompanham internet no Brasil’, copyright Folha de S. Paulo, 6/10/04

‘A internet desenvolve, no Brasil deste início de século, trajetória semelhante à da TV. Mas poucos estão atentos a formatos que relacionem tais mídias.

Desenhos animados, games-cards como ‘Yu-Gi-Oh’, estimulam a garotada a circular. Fora isso, poucas são as alternativas.

Números recentes sugerem não atentar para formatos que estimulem a interatividade, é correr o risco de ficar jurássico. Dados divulgados na semana passada pelo Ibope/NetRatings confirmam tendência que já vinha se desenhando. O Brasil se destaca no ranking internacional de uso da internet. O país é o oitavo mais conectado do mundo. Apesar de a base de usuários ainda ser relativamente pequena (12,2 milhões), em número de horas na internet os brasileiros já ocupam o segundo lugar no planeta, perdendo apenas para os japoneses.

No último ano o uso domiciliar da web cresceu 24,1%. O mercado está longe de se esgotar. Pouco se sabe sobre conteúdos que atenderiam aos milhões que podem vir a se conectar. Muito depende das maneiras como se fizer a integração entre a internet e a TV.

As emissoras em geral se mostram céticas quanto ao potencial da TV interativa, acomodadas que estão ao atual panorama em que não precisam investir em pesquisa de programação. Apesar de favorável a uma opção de TV digital que privilegia a melhoria da qualidade técnica da imagem em detrimento das possibilidades de conexão à internet, a Globo é a emissora mais sintonizada com as mudanças que se anunciam.

Editais públicos de pesquisa tecnológica e de conteúdo acenam com uma ênfase na articulação entre a televisão digital e a prestação de serviços públicos -como a marcação de consultas médicas- que pode promover a inclusão social.

Dependendo das opções que se tomem, a TV digital pode atender à demanda que se expressa via internet transformando o panorama das comunicações no país. (Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP’