Algum erro gráfico deve ter sido responsável por um feito inédito realizado pelo Diário do Pará na sua edição dominical do dia 14/7: uma sobrecapa que era uma segunda capa. Ao invés, como de praxe, de apenas meia folha se superpondo à capa normal para alguma promoção especial, a sobrecapa veio com página inteira. Só que metade dela em branco. Essa metade devia ter sido cortada, para assegurar o efeito desse recurso de publicidade. Mas por alguma falha – não indicada e muito menos explicada – a folha adicional estava inteira.
O desperdício de papel se complementa pelo uso dado a essa sobrecapa: mais uma das “Receitas do Chef”, outra das promoções do jornal dos Barbalhos. Não deve ter havido perda alguma, mas, se o critério editorial fosse mais jornalístico do que comercial, o Diário devia aproveitar para presentear o leitor com um produto mais próximo do que é o seu objetivo do que se entregar ao marketing desvairado.
Os marqueteiros da grande imprensa local estão exagerando com seus penduricalhos extravagantes. Convenhamos: gastar uma sobrecapa completa para ensinar o distinto público como preparar um camarão com manga é iniciativa indigesta para um veículo de jornalismo. O comércio pelo comércio pode render num jornal, mas cobrará seu preço na devida ocasião. Convém arriscar a ser mais jornal e menos parede para pregar cartaz de venda.
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[Lúcio Flávio Pinto é jornalista e editor do Jornal Pessoal (Belém, PA)]