Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Acendendo espíritos e questionamentos

“Sabe-se do cuidado que tinha Napoleão em só se apresentar em condições suscetíveis de impressionar os espíritos.” Charles de Gaulle (1890-1970), general e estadista francês, com esta frase expressa a arte de seduzir que faz parte do jogo político.

No dia 27 de julho de 2012, uma imagem na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres surpreendeu o cenário político brasileiro e mostrou a relevância de uma de suas jogadoras no tabuleiro internacional. Entre as personalidades esportivas e políticas carregando a bandeira de cinco arcos coloridos representando os continentes do Comitê Olímpico Internacional estava a ex-senadora e ambientalista Marina Silva.

Marina ressurge após perder espaço no Partido Verde, o crescimento de vozes ruralistas no debate sobre o Código Florestal e os rodeios nas mesas de debates da Rio+20. A pedagoga alfabetizada tardiamente encantou os “espíritos” ao surgir em meio ao espetáculo londrino.

Também enviou uma mensagem: sua figura, assim como seu discurso, não estão mortos. Mostrou uma habilidade ensinada por Maquiavel, a ressurreição. Ao perder a disputa de 2010 e o poder no partido, suas aparições tiveram menos destaque do que esperado após sua participação e resultados no pleito. O combate à corrupção é uma das principais bandeiras da política brasileira contemporânea, um mal presente em suas raízes, porém a defesa do meio-ambiente se faz crescente em quase todo mundo. Marina, por sua vez, tem oponentes em ambos os fronts e sua imagem transmitida pelos telões de Londres e televisores pelo mundo deixou muitas perguntas.

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[Gabriel Leão é jornalista, São Paulo, SP]