Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Pesquisa correta

Está correta a pesquisa [de dois institutos independentes, ver remissão abaixo], e mais teríamos se aos dados observados se acrescentassem os do jornalismo diário das rádios de São Paulo, mais especificamente a Bandeirantes e a Jovem Pan, em seus comentários cotidianos. Mas, quanto às notícias políticas, tenho a acrescentar um fato que me parece óbvio, que acontece não só no período eleitoral, mas que neste se torna mais contundente: é que, quando se noticia algo de negativo sobre um político do PT, a notícia sempre vem acompanhada da respectiva identificação partidária ‘fulano de tal, do PT…’, mas, quando se trata de políticos de outros partidos temos dificuldade em identificar-lhes a filiação partidária.

Tenho exemplos recentes:

1) Foi noticiado, dia 4/10/2004, após as eleições, que um prefeito teria sido reeleito, já no primeiro turno, com uma porcentagem altíssima de votos, embora estando na condição de suspeito de, nada menos, que assassinato, com claras evidências de ter sido um dos mandantes da execução dos três fiscais do trabalho em sua cidade, e que a reeleição o deixaria imune ao processo criminal. Não foi dito de que partido era. Soube, pela internet, que era do PSDB.

2) Em Vargem Grande Paulista, houve protesto de eleitores com tumulto, quebradeira e roubo no comércio. Uma horda de vândalos teria feito isso. A notícia televisiva não dizia sequer o porquê. Soube depois, pelo Diário de São Paulo, que a multidão protestava porque se não tivesse havido boato de cassação de um dos candidatos, eles votariam em outro, capaz de derrotar o vencedor, do PSDB (que lucrou com isso).

3) Em Osasco, não ficou claro que foi tentada a cassação do candidato do PT, por denúncia do PSDB, simplesmente por ter usado uma praça de propriedade de uma das forças armadas da União em sua campanha. E que até sábado, um dia antes das eleições, a notícia era de que o candidato do PT fora cassado; no domingo, anunciou-se que não fora. Junte-se a isso que ninguém comentou os métodos ‘político-programáticos’ já utilizados outrora pelo PSDB, em eleições anteriores, para aniquilar a candidatura alheia, como fez com Roseana Sarney, que teve seu escritório truculentamente invadido pela PF, quando crescia na campanha para presidente, constituindo inquérito que apurou, no fim, não ter havido culpa alguma.

Este é um fato: não há igualdade na identificação partidária dos agentes na mídia. Não precisa ser hábil observador para notar que o jornalismo, principalmente o televisivo, de maior alcance portanto, não identifica, claramente, os agentes da ação negativa, a menos que sejam do PT. E, em São Paulo, é fácil observar a ausência de menção dos feitos positivos: de fato, a proposta educacional da prefeita, com os CEUs, é o único projeto de política de inclusão social e distribuição de renda digno de nota dos últimos tempos.

Apresentar serviços públicos de qualidade e tratar os pobres e miseráveis como gente é o único caminho para a solução do imenso problema nacional da violência, da criminalidade e de combate ao crime organizado que se incrustou em nossa sociedade a partir da década de 90. Desmoralizado tal projeto, que esperança temos? O que podem fazer nesse sentido políticos como Serra? O que fez para minorar estes problemas nosso governador? A ‘Operação Castelinho’, por exemplo? A questão do trato do objeto da política na mídia é mais complexa do que, simplesmente, contabilizar menções positivas e negativas, mas os estudos merecem parabéns, pelo menos observa-se que ainda existe intenção de produzir-se jornalismo sério, que respeite os fatos, os leitores, a inteligência destes e a história.

Nilce Marcondes, socióloga, São Paulo

Jornais ajudaram tucano e prejudicaram a prefeita – Luiz Antonio Magalhães

Mais patrulhamento e Luiz Antonio Magalhães responde – Canal do Leitor [rolar a página]



Comentário certeiro

O Sr. Eduardo Costa foi certeiro no seu comentário. A prefeita quer usufruir do cargo, mas não quer carregar o ônus. Quer continuar aparecendo na mídia pelas boas obras, mas não quer que a mesma mídia noticie as más obras. Será que estão querendo criar um novo jornalismo, sob medida para os atuais detentores do poder? Eu, por exemplo, quero um jornalismo honesto, sujeito a erros como tudo que é feito pelos humanos, mas acima de tudo honesto! Bom, resumindo: essas críticas mais me parecem uma tentativa de ressuscitar o famigerado Conselho Federal de Jornalismo, mas de uma maneira mais sutil, indolor, sem que ninguém perceba que a censura está sendo imposta, já que não pela lei agora pelo patrulhamento ideológico.

Jose Luis Sepúlveda, faturista, São Caetano do Sul, SP



Isenção política

O autor dessa matéria carece de isenção política, e portanto esse é mais um dos muitos artigos em defesa do PT e contra o PSDB. Uma breve pesquisa (a internet é uma maravilha não é?) nos artigos de Luiz Antonio Magalhães já nos dá o tom de seus próximos artigos. Sempre a favor do PT, mais precisamente do governo Lula, é de causar estranheza pertencer ao Observatorio, uma vez que a isenção deste parecia ser incontestável. Assim como o Zé Simão declara ojeriza ao PSDB, a bem da verdade, o jornalista deveria também se declarar. Basta vermos os muitos artigos do Sr. Luiz Antonio Magalhães que ele se especializou em meter o pau no PSDB, e inclusive em FHC, nem sempre primando pela educação. Quanto ao artigo em si, ele diz que a imprensa tem mais fatos negativos para Marta do que para Serra, como se não fosse uma coisa normal, uma vez que ela é candidata a reeleição e ele não ocupa nenhum cargo. Como prefeita fez coisas boas e também muita besteira.

Apenas para enumerar algumas: 1) Construiu CEUs e deixou centenas de crianças nas escolas de latinha. 2) Construiu túneis e deixou de fazer os piscinões, que ela mesma disse necessários, para acabar com as enchentes. 3) Deixou obras paradas, tais como o Fura-Fila e a canalização do córrego do Ipiranga, obras retomadas apenas agora, próximo às eleições. 4) Não fez nada para a saúde da população mais pobre, nem um leito de hospital. Alem de afugentar o Eduardo Jorge da Secretaria da Saúde e transformá-la em cabide de emprego para os partidos aliados, conforme denuncia do próprio Eduardo Jorge. 5) Está acumulando um déficit enorme na área de transportes urbanos com a implantação do bilhete único e a não-correção das tarifas, obviamente por motivos eleitorais. E mais ainda se eu tivesse tempo…

Então se as coisas não vão bem os jornais não devem noticiar? E se noticiarem devem também ‘equilibrar as coisas’ procurando notícias a favor da prefeita? E quanto a Serra, vão buscar revirar a vida do seu vice para falar contra ele, Serra. Ora, aprendi na vida é que devemos saber quem é a pessoa que escreve as matéria para avaliar sua isenção. E o Sr. Luiz Eduardo Magalhães é uma pessoa ligada ao PT, ao Sr. Plínio de Arruda Sampaio e outros integrantes do PT, é só visitar o site www.correiocidadania.com.br/, para se ter uma idéia.

Antonio Luiz R. Brito, comerciante, São Paulo



Luiz Antonio Magalhães responde

Caro leitor, a internet é realmente uma maravilha. Fico feliz que a sua busca tenha permitido saber quem eu sou. Se você tivesse pesquisado mais um pouco ou se dado ao trabalho de ler o que pesquisou, teria descoberto mais coisas e talvez tivesse ficado confuso. Melhor esclarecer logo tudo: além de trabalhar neste Observatório, colaboro para os jornais Brasil de Fato e Correio da Cidadania – neste último, que ajudei a fundar, ao lado do Plínio de Arruda Sampaio, fui editor e diretor-adjunto. Sou também editor de política do DCI (Diário do Comércio, Indústria e Serviços), de propriedade do ex-governador Orestes Quércia. Todos os meus cargos são públicos e notórios, constam dos expedientes de cada um desses veículos.

A internet é mesmo uma maravilha, mas nada substitui a leitura atenta. Se o leitor tivesse realmente lido os textos que publico no Correio da Cidadania, teria percebido que quase todos são muito críticos da administração Lula. De fato, uns poucos artigos elogiaram o presidente, nas raras vezes que ele acertou a mão até aqui. Se o leitor procurar os meus textos no DCI, também poderá comprovar as críticas que tenho feito ao governo federal. Da mesma maneira que sou crítico da condução do governo Lula, o fui em relação ao governo de Fernando Henrique Cardoso.

Neste Observatório o tema não é política, mas crítica de mídia. O leitor não gostou do meu artigo, mas a verdade é que não teve o cuidado de ler o que escrevi com atenção. Não se trata, em primeiro lugar, de uma análise sobre as campanhas de Serra e Marta, mas do comportamento dos jornais paulistas na cobertura dos dois candidatos. E tudo que fiz foi reportar os números de dois institutos de ilibada reputação sobre essa cobertura. O leitor gostaria de ler outros números, mas o bom jornalismo manda contar os fatos como eles são. Os números dos estudos estão lá, nos sites indicados, para eventual conferência. Houve alguma deturpação nesses números por parte deste observador? A matéria que escrevi não está correta?

Por fim, a minha ligação com Plínio, Quércia ou qualquer outro político dono de jornal nada tem a ver com a minha isenção para escrever e trabalhar em qualquer veículo de comunicação. A mim causa estranheza que um leitor venha a público para desqualificar a imagem de um profissional que sequer conhece. Este tipo de comportamento é, em sua essência, fascista e autoritário. Mas prefiro acreditar que, além de não ter lido direito o texto que comentou, o leitor também não prestou muita atenção no que escreveu. (L.A.M.)



Já têm donos

Acho interessante se discutir o CFJ, mas e o resto? Um jornal chamado Correio da Bahia publica matéria ‘Vitória de César começa a empolgar ruas de Salvador’, na qual descaradamente apóia determinado candidato. Chamem o ladrão! Ou o CFJ, ou sei lá o quê! Os jornalistas querem manter a liberdade que têm?? A liberdade de um jornalista do jornal Correio da Bahia de falar alguma coisa pretensamente pejorativa de algum parente em quarto grau dos proprietários é nula, pra não falar do medo de acontecer a ele alguma malvadeza. Os jornalistas têm toda a razão, eles não precisam do CFJ, eles já têm seus donos.

Celso Madureira, técnico de informática, Feira de Santana, BA



Interpretação simplista

Nada pessoal (fico preocupado em fazer críticas equivocadas). Achei um tanto simplista atribuir a uma corrente de internet a vitória do prefeito César Maia. Não sei como foi em São Paulo, não acompanhei, não votei no César Maia e muito menos gosto dele. No entanto, achar que o eleitor carioca votou nele para ‘termos mais um fim de semana prolongado’ beira a ingenuidade – ou a parcialidade proposital. Pelo que acompanho do processo eleitoral, que não é tanto quanto deveria, pois voto em outra cidade, notei que era gigantesco o medo do candidato Crivella, mais cotado para disputar um segundo turno com César Maia. Isso praticamente transformaria a cidade do Rio numa igreja, na visão da grande maioria das pessoas que conheço.

O próprio César Maia, se não me engano, declarou ter incitado o voto útil no debate. Foi o que ocorreu. Mas não para termos um feriado com cerveja, sexo e drogas. Pelo simples fato de o povo não subestimar o poder de fogo de bispos, pastores e similares, assim como a alienação da população cuja crença guia suas vidas, e do perigo que isso causaria para todos. Existia a possibilidade real de Crivella ser um adversário à altura de César Maia no segundo turno, e grande parte da população perdeu alguns bons minutos de sono pensando nisso. Posso estar errado, mas tão errado quanto o autor do artigo.

Andre Pecini, estudante, Rio de Janeiro