Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Família quer participar de decisões em revista

Der Spiegel, a mais influente revista semanal alemã, é alvo de uma acirrada disputa de poder entre seus proprietários, noticia o New York Times [11/10/04]. Fundado em 1947 por Rudolf Augstein, o semanário se notabilizou por seu estilo controvertido e extensas reportagens investigativas. Em 2002, Augstein morreu e deixou uma fatia de 25% das ações da publicação para seus quatro filhos. No entanto, a editora Gruner + Jahr, braço da poderosa corporação Bertelsmann, que detinha outros 25% desde os anos 70, exerceu um direito contratual de compra de mais papéis, ficando com 25,5%. Como o restante das ações pertence a um grupo desunido de 800 funcionários, incapaz de assumir o controle, as principais decisões da empresa ficaram a cargo da Gruner + Jahr.

Agora os filhos brigam para recuperar algum poder decisório na revista. ‘Só porque seu pai foi uma grande figura, você não está habilitado a seguir seus passos. Mas a família Augstein deve ter um papel no Spiegel. Não sabemos mais qual é nosso papel’, lamenta-se Jakob Augstein, um dos herdeiros. Os irmãos tentaram argumentar com as autoridades antitruste alemãs que a Gruner não poderia controlar a Der Spiegel porque já publica sua principal concorrente, a revista Der Stern. Em setembro, a justiça decidiu que não via problema nisso. Ambas as publicações têm tiragem de cerca de um milhão de exemplares.

A Gruner não interfere diretamente no conteúdo do Spiegel, mas Jakob teme que, a longo prazo, ela tente mudar seu rumo para que pare de concorrer com a Der Stern. O poder da companhia ficou claro na renovação de contrato, por cinco anos, do editor-chefe Stefan Aust, que assumiu o cargo ainda por decisão de Rudolf Augstein. Para Jakob, teria sido melhor contratá-lo por apenas mais três anos, incluindo a condição de que treinasse um sucessor.